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Médica que aplicou nebulização de cloroquina em paciente que morreu é demitida

Ginecologista Michelle Chechter é investigada por adotar tratamento sem eficácia comprovada em pacientes

Rastro101
Com informações do site O Tempo

15/04/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoA Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas demitiu e investiga a médica ginecologista Michelle Chechter, que trabalhava na maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus, por aplicar nebulização de hidroxicloroquina como tratamento para Covid-19. Pelo menos uma paciente morreu após o procedimento, conforme a secretaria.

A mulher morta depois da nebulização havia acabado de dar à luz. A pasta informou que o tratamento não faz parte dos protocolos terapêuticos do Instituto Dona Lindu nem de outra unidade da rede estadual de saúde, ainda que com o consentimento de pacientes ou de seus familiares, diz nota da secretaria. O bebê passa bem.

Conforme a pasta, o procedimento tratou-se de um ato médico, de livre iniciativa da profissional, que não faz mais parte do quadro da maternidade, onde atuou por cinco dias. O comunicado diz também que tão logo tomou conhecimento do ato, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas determinou abertura de sindicância e o afastamento da profissional.

A morte da paciente ocorreu em fevereiro, mas somente agora foi tornada pública. A secretaria diz que a médica passou a fazer parte da equipe em 3 de fevereiro após contratação em regime temporário pela secretaria junto com outros 2,3 mil profissionais de saúde, via banco de recursos humanos disponibilizados ao Estado pelo Ministério da Saúde.

A secretaria afirma que uma outra paciente sobreviveu à nebulização de hidroxicloroquina. Conforme o instituto informou à secretaria, duas pacientes foram submetidas ao tratamento de nebulização de hidroxicloroquina. Ambas assinaram termo de consentimento, como relatado em prontuário. Uma das pacientes veio a óbito e a outra teve alta. Todas as informações sobre o atendimento estão registradas em prontuário, afirma a pasta.

O texto diz ainda que a secretaria e o instituto não compactuam com a prática de qualquer terapêutica experimental de teor relatado e não reconhecida e entendem que tais práticas não podem ser atribuídas à unidade de saúde, que tem como premissa o cumprimento da lei e dos procedimentos regulares, conforme os órgãos de saúde pública e os conselhos profissionais.

A paciente de Manaus não é a primeira a morrer depois de passar por nebulização de hidroxicloroquina. Em março, três pacientes que passaram pelo procedimento morreram durante o tratamento em Camaquã, no Rio Grande do Sul. A nebulização foi aplicada no Hospital Nossa Senhora Aparecida, que, assim como a maternidade de Manaus, informou que o procedimento não faz parte de seus protocolos.

Selo de tratamento precoce

A ginecologista Michelle Chechter respondeu da seguinte maneira a pedido de contato feito pela reportagem: nesse momento não estou conseguindo dar entrevistas. Futuramente entro em contato Em suas redes sociais a médica mantém um selo com os dizeres Covid-19. Eu apoio o tratamento precoce. O chamado tratamento precoce é o uso de medicamentos sem comprovação de eficácia contra Covid-19, como cloroquina e ivermectina.

Pelo menos uma publicação sobre eficácia da cloroquina da médica na rede social Facebook foi marcada como informação falsa. Michelle Chechter é ainda apoiadora do presidente da República, Jair Bolsonaro, que também defende o uso de medicamentos sem eficácia contra a doença. Em publicação recente a médica publicou fotos da visita de Bolsonaro a Chapecó, em Santa Catarina, município que teria supostamente conseguido reduzir internações por Covid-19 com uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.

A cidade, no entanto, à época da visita do presidente, no início do mês de abril, tinha 100% dos leitos de unidade de terapia intensiva ocupados, além de ter mais mortes por Covid-19 por 100 mil habitantes que Santa Catarina e o Brasil. Segundo Bolsonaro, Chapecó tinha feito um trabalho excepcional na pandemia e deu liberdade a médicos para prescreverem o tratamento precoce.

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