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Do erudito ao popular: a trajetória de Sebastião Tapajós desde um armazém da família até os palcos pelo mundo afora

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

19/01/2024 por Redação

Consagrado como um dos maiores artistas do mundo, Sebastião Tapajós nasceu em Alenquer e morreu após sofrer um infarto em 2021, em Santarém. O futuro e a carreira de muitos jovens muitas vezes é definido no ensino médio, em cursinhos, com testes vocacionais, geralmente a partir de afinidades desenvolvidas desde a infância ou em um caso muito, muito raro: dentro de um armazém de secos e molhados.
Este último foi o caso de Sebastião Tapajós, um dos artistas mais completos do mundo. O violonista e compositor é o personagem da quarta reportagem especial da editoria “Por dentro da história” do g1 Santarém e região. As informações contidas nesta reportagem foram fornecidas pelo Instituto Sebastião Tapajós.
Nesta reportagem você vai ver:
Vida e Obra de Sebastião Tapajós
O Instituto Sebastião Tapajós
O Festival e a Orquestra de Violões
Museu Virtual
Centro de Convenções
O acervo do artista
O ‘adeus’ às margens do Rio Tapajós
Sebastião Tapajós deixou importante legado na música
Divulgação
Vida e Obra de Sebastião Tapajós
Violonista Sebastião Tapajós
Reprodução/Redes sociais
Nascido em 1943, o violonista e compositor Sebastião Pena Marcião é natural de Alenquer, no oeste do Pará, mas se considerava santareno.
A trajetória de Sebastião Tapajós começou no armazém dos pais, em Santarém, onde começou a dedilhar, aos 8 anos, o primeiro violão – presenteado pelo pai, também violonista. Depois disso, o conhecimento de Sebastião sobre o mundo da música só cresceu.
Ainda na infância, em Santarém, o artista começou a se apresentar em programas de rádio e de auditório e passou de “Sebastião Marcião do Violão” para “Sebastião Tapajós”. Já na adolescência, aos 14 anos, o artista se mudou para Belém, onde ganhou do Governo do Pará uma bolsa para estudar no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, em Portugal.
Na década de 60, já com residência fixa no Rio de Janeiro, Sebastião Tapajós passou a marcar seu nome na história da música mundial. Confira fatos marcantes da carreira do artista:
Participação na série “Concertos para a Juventude”, produzido pela TV Globo;
Primeira turnê internacional: 1971 (Europa: Alemanha, Holanda, Dinamarca e Noruega);
Contrato de 22 anos com a gravadora alemã RCA;
Mais de 50 títulos gravados;
O diretor do Instituto Sebatião Tapajós, Jackson Rego Matos, também destacou outros feitos importantes da trajetória do violonista.
“Ele é um dos músicos brasileiros com maior feito internacional. Turnês e viagens por diversos países, Rússia, Japão, EUA, Finlândia e, principalmente, Alemanha onde foi mais de 80 vezes. Também de ser um dos que mais gravou LPs, CDs, participações em programas de TVs, trilhas sonoras de filmes e documentários”, completou Jackson.
Instituto Sebastião Tapajós
Show de Fundação do Instituto Sebastião Tapajós
Jackson Rego Matos/Instituto Sebastião Tapajós
Sediado, oficialmente, às margens do rio Tapajós, como Sebastião sempre quis, o Instituto Sebastião Tapajós foi lançado oficialmente em 16 de abril de 2017, data que o artista completou 75 anos.
O lançamento do Instituto foi marcado pelo encontro de familiares e amigos de Sebastião, além de um almoço regado a peixe e, claro, muita música. Na ocasião, Sebastião falou em entrevistas sobre o sentimento de receber a homenagem.
“Sou um ser humano com muita sensibilidade, então eu fico muito grato pela homenagem, um presentão”, disse, Sebastião Tapajós.
O objetivo do instituto é celebrar, difundir e conservar a extensa obra de Sebastião Tapajós, além de produção de projetos e ações para fomento do segmento musical, dando novas oportunidades de qualificação e valorização para artistas locais. Esse último, inclusive, era um desejo pessoal do artista ainda em vida.
A presidente do Instituto é Cristina Caetano e o vice-presidente é o Podalyro Neto. Jackson Rego, colaborador desta reportagem, é um dos curadores do acervo e diretor do Instituto.
Festival e Orquestra
Anfiteatro da Selva será palco da abertura do Festival de Violão Sebastião Tapajós
Reprodução / Redes sociais
Além do Instituto Sebastião Tapajós, outros projetos mantêm em evidência não só o nome do artista e a paixão pela música, mas também o legado deixado que inspira desde os violonistas mais jovens até os mais experientes não só em Santarém como em todo mundo.
É o caso do 1º Festival de Violão Sebastião Tapajós e a Orquestra de Violões, ambos lançados em março de 2023 no Anfiteatro da Selva, na Casa do Saulo, localizada na comunidade Caraparani, em Santarém.
Em sua primeira edição, o festival recebeu 165 inscrições. Os candidatos enviaram vídeos executando duas músicas de autoria de Sebastião Tapajós e dos mais de 100 candidatos, saíram 12 finalistas. Na etapa final venceram:
Categoria Jovem Violonista: Natanael Carvalho e Leonardo Araújo, ambos residentes em Minas Gerais;
Categoria Sênior: os violonistas Paulo Renato de Araçatuba (SP) e Fernando Santos, de Niterói (RJ).
Museu Virtual
Obra de Sebastião Tapajós poderá ser conhecida por todos em museu virtual
Divulgação
Apesar de ter nascido em uma geração onde o mundo virtual parecia algo muito distante, Sebastião Tapajós sempre foi considerado um artista à frente do seu tempo. Mesmo após ter partido fisicamente, as obras permanecem vivas e presentes, mesmo que virtualmente, para quem desejar acessar de qualquer lugar do mundo.
No Museu Virtual é possível conhecer detalhes enriquecedores da história de amor e paixão de Sebastião não só com a música, mas pelas paisagens da região em especial o Rio Tapajós, que se tornou mais que o nome de um rio, mas o seu nome artístico.
Você sabia?
Sebastião Tapajós nasceu em uma viagem de barco. Os pais do artista faziam o trajeto entre Alenquer e Santarém quando dona Maria Pena Marcião entrou em trabalho de parto e teve Sebastião ali mesmo.
O pai de Sebastião também era músico, mas a mãe do artista no início não queria que o filho seguisse a carreira musical. Dona Maria Pena só aceitou melhor a ideia após alguns trabalhos de Sebastião.
Sebastião Tapajós foi aluno do professor, violonista e artista plástico João Fona;
“Os Mocorongos”: os primeiros “cachês” do artista foi no grupo que se apresentava em casas noturnas de Santarém;
Sebastião Tapajós também estudou contabilidade;
Sebastião não tinha o “Tapajós” como sobrenome, mas após um episódio inusitado em uma das viagens internacionais, resolveu ir até um cartório registrar e reconhecer o nome artístico ao nome de batismo, passando a ser chamado: Sebastião Tapajós Pena Marcião.
Essas e outras curiosidades sobre a história pessoal e a carreira na música você encontra no Museu Virtual Sebastião Tapajós.
Centro de convenções
Centro de Convenções Sebastião Tapajós
Wellyngton Coelho/Agência Pará
Em novembro de 2023 Sebastião Tapajós foi homenageado e teve o nome marcado mais uma vez na história de Santarém quando a cidade recebeu o Centro de Convenções Sebastião Tapajós.
O complexo entregue pelo Governo do Pará é considerado o maior espaço cultural e turístico da região. No local há uma sala memorial, onde devem ser expostos materiais sobre a vida e obra de Sebastião Tapajós.
Acervo do artista
Acervo de Sebastião Tapajós
Divulgação/MPPA
Em setembro de 2022 todo o acervo físico do artista foi catalogado e restaurado. O processo foi realizado por restauradores, museólogos e outros profissionais por meio do Projeto “Sebastião Tapajós - Vida e obra em plataforma digital” do Instituto Sebastião Tapajós em parceria com Universidade Federal Oeste do Pará (Ufopa), UFPA, e apoio do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac) do MPPA.
Parte do material está disponível no Museu Virtual. Dona Tanya, viúva de Sebastião, é responsável direta pela guarda do acervo, além de ser a responsável pela sala memorial no Centro de Convenções.
O ‘adeus’ às margens do Rio Tapajós
A vida de Sebastião Tapajós teve uma relação muito intensa com o próprio Rio Tapajós e ele sempre dizia à familiares e conhecidos que tinha o desejo de morrer às margens do rio que virou o seu sobrenome e nome artístico.
“Debilitado pela doença de Parkinson nos últimos anos – o que desafiava sua destreza no violão, dizia que queria partir dessa vida às margens do rio Tapajós”, Instituto Sebastião Tapajós.
No dia 2 de outubro de 2021 morreu aos 79 anos Sebastião Tapajós, após sofrer um infarto. O artista morreu em um hospital particular de Santarém que coincidência (ou não) fica às margens do Rio Tapajós, como era o seu desejo partir.
Sebastião Tapajós era casado com D. Tanya Marcião. São filhos do casal: Maitê, Dessirrè, Emmanuele e Sebastião Junior.
Sebastião Tapajós com a família
Arquivo Pessoal
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