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Denise Emmer lança disco que permanecia inédito e uma música nova

A filha de Janete Clair e Dias Gomes tornou-se conhecida em todo o Brasil com a música "Aloutte", tema do par central da novela "Pai Herói" que, vale dizer, desembarca agora na Globoplay

Rastro101
Com informações do site O Tempo

18/10/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoFoi uma coincidência. A notícia da reprise da novela Pai Herói veio no momento em que Denise Emmer já organizava o lançamento de um single junto ao de um CD inédito nas plataformas de astreaming. Quem hoje já passou dos 50 se lembra bem da relação estreita da cantora, compositora e instrumentista, filha de Janete Clair e Dias Gomes, com o sucesso da trama, que volta agora ao ar, em streaming, na Globoplay. É que era ela a voz por trás de Aloutte, música tema dos personagens centrais, Carina e André, vividos por Elizabeth Savala e Tony Ramos. Com letra em francês, como o próprio nome da composição sinaliza, Aloutte fez Denise Emmer estourar do Oiapoque ao Chuí. A compositora, claro, não poderia não ter ficado feliz ao saber da nova exibição da teledramaturgia - aliás, assinada por sua mãe, que, assim com seu pai, firmaram seus nomes na história da televisão brasileira. Época em que o Brasil parava para acompanhar os capítulos, temas de conversas nos mais variados ambientes. Resgatar importante obra do passado é uma atitude bem-vinda numa época em que o esquecimento prevalece, diz ela, ao Magazine, sobre o retorno da obra. 

Denise ressalta que a melhor lembrança será a de uma época em que ela tinha pai e mãe ainda vivos e bem atuantes. Porém, devo dizer que a pressão que sofria era intensa. Aos 20 anos, tornar-me famosa e requisitada da noite para o dia não foi fácil. Além do que, havia uma cobrança a mais por ser filha de um casal de escritores brilhantes, relembra. Não por outro motivo, ela confessa que, apesar do sucesso de Alouette, não poderia dizer que foi propriamente um período feliz de sua vida, mas, sim, de imensa instabilidade emocional, palavras escolhidas por ela. Uma vez que eu era extremamente tímida e sofria de pânico toda a vez que tinha de me apresentar em público. Eu já compunha e escrevia poemas desde os meus 10 anos de idade, no entanto, volto a dizer que a cobrança era algo difícil de lidar, salienta ela, que não se considero um fenômeno da época, mas, sim, uma jovem que tinha mais a mostrar além de um só sucesso.

Ela remememora que, apesar de os produtores musicais lhe cobrarem outras canções francesas com propostas de discos no mesmo estilo, se recusei a seguir esse caminho, que, claro, seria mais fácil e aparentemente natural. Não era esse o meu objetivo. A fama pela fama, aliás, nunca foi o meu sonho ou objetivo de vida.  Vale dizer que a razão de conhecer bem o idioma deve-se à avó paterna, que o falava fluentemente. Muito menina aprendi com ela o francês, aperfeiçoando-me, ao longo do tempo, em bons cursos, conta Denise, que, ao longo de sua  carreira, fez sete discos: Pelos caminhos da América, Toda cidade é um pássaro, Canto Lunar, Cantiga do Verso Avesso (inédito), Cinco movimentos & um soneto, Mapa das horas e Capote de pedras (EP).

Mas a verdade é que Denise confessa ter se dedicado mais à poesia do que às próprias músicas. E, hoje, ela vê uma explicação. Na poesia (literatura em geral), eu não me expunha como na música, ou seja, bastava-me um caderno, uma caneta, um quarto e a solidão do criador poeta. Ao entregar o livro concluído para a editora, o resto era com eles, exceto as noites de autógrafos que estavam muito longe de ser um palco. Por outro lado, no meio literário, o meu trabalho começava a ser reconhecido de forma incentivadora, com ótimas resenhas críticas, espaços nos cadernos especializados e, por conseguinte a conquista de prêmios. Como me dizia a saudosa e grande romancista Rachel de Queiróz, por quem muito me afeiçoei, se te dão corda, minha filha, siga em frente! Escreva!. E assim, eu prossegui cada vez mais confiante de que tinha algo a dizer e que possuía uma dicção própria, independente da minha carga genética, avalia. 

Sobre Cantiga do Verso Avesso, disco que emerge agora, ter ficado tanto tempo, guardado (considerando que é de 1992), ela credita justamente a razões já enumeradas. A timidez, o medo daquela cobrança voltar. Aquele turbilhão de fatos do passado me imobilizava. Então, eu fazia um disco e o deixava quieto. Compunha com a mesma alegria que escrevia um poema. Porém, a música me lançava em um universo outro em que eu não conseguia penetrar. Por outro lado, Cantiga do Verso Avesso não estava vinculado a nenhuma marca de gravadora ou distribuidora. Era totalmente independente e, por isso, hoje posso lançá-lo como um trabalho autoral inédito

Entre as faixas, ela cita, por exemplo, Aquestas manhãnas frias, cuja letra foi escrita no português antigo, do sec. XV. Possui todo o estilo renascentista que sempre me foi caro e sublime. Já Cantiga da Estrela Barca é um poema do seu livro Canções de Acender a Noite (editora Civilização Brasileira 1982, enquanto O Pescador, uma canção nos moldes pop renascença com leve toque oriental. Na verdade, todas as músicas desse álbum muito me agradam e, junto com o Alain Pierre Magalhaes – que destaco como excelente músico, instrumentista e arranjador de todas as minhas músicas –, redescobrimos a pérola e, como os outros álbuns, resolvemos colocá-lo nas plataformas digitais. 

Por último, mas não menos importante, ela destaca que o estudo do violoncelo a liberou dos fantasmas dos palcos. Fiz a faculdade de música ( com 30 anos de idade) no Conservatório Brasileiro de Música, em instrumento, na classe do celista Paulo Santoro. Tocar violoncelo nas orquestras e conjuntos de câmera me é extremamente prazeroso, constata. 

Confira, a seguir, outros trechos da entrevista

O material enviado à imprensa tem falas suas sobre a música nova, Setembro Antigo, mas, mesmo assim, queria que ouvir diretamente de ti como foi o processo que a fez emergir...
Setembro Antigo representa a minha volta à composição depois de alguns anos. O poeta Álvaro Alves Faria dedicou-me o poema, como já é fato, e a mágica da ideia musical ocorreu de imediato. Ao ler os versos, chegou-me a melodia que logo escrevi e harmonizei no piano. A questão é que há muito tempo não sinto essa alegria do criar musical como sentia na criação poética. Então, a importância dessa canção para mim é especial. Uma vez que ela representa uma volta à composição e ao canto. Mas Setembro Antigo tem algo a mais, é uma balada pop. O poema do Álvaro é de uma imensa beleza, mas igualmente de forte comunicação. A música seguiu o texto e a prova de sua popularidade é de que hoje está com mais de 25 mil visualizações no meu canal do Youtube, espontaneamente. 

Como a pandemia influenciou seu trabalho e quais são os seus planos profissionais para quando tudo isso efetivamente acabar?
Durante a pandemia, no início, fiz algumas lives ao violoncelo e gravações do tipo, cada um em sua casa. Mas o que me salvou, de fato, foi o convite do poeta Álvaro Alves de Faria para escrevermos um livro de poemas em parceria. O que resultou no Secreto Silêncio do Amor (editora Penalux, 2021) cuja temática do amor surgiu já no terceiro poema. Logo após a conclusão, dei continuidade a um romance que havia iniciado antes e o terminei. Então, apesar de atravessarmos um dos piores períodos de nossa história, coletiva e individualmente, credito a esse tempo de reclusão uma intensa fase de trabalho e criatividade. Eu não enlouqueci a exemplo de muitos, as depressões foram rasantes, enquanto estive mergulhada, graças a Deus, nessas atividades. Sobre os planos: meu romance finalizado durante a pandemia será publicado pela Editora Record em março de 2023, com o título O barulho do fim do mundo. Em 2022, junto com Alain Pierre, pretendo fazer um show com as minhas músicas. Uma seleção de 12 a 15 canções.  No mais, continuar a tocar violoncelo na orquestra do Conservatório Brasileiro de Música e com o trio do qual componho, no Projeto Música no Museu. O futuro, quem o saberá...


Que lições esse período já te trouxe, o que mudou em você?
O que trazer de positivo em um período de tantas sombras e incertezas... A solidariedade e a sensatez são pontos cruciais para que nós, enquanto pessoas de bem, possamos combater uma guerra, qualquer que seja, a radioativa ou a que vivemos, a da doença transmissível. Mas, sobretudo, perceber que somos mais vulneráveis a qualquer batalha quando o inimigo é o próprio ser humano, que detém o poder e o utiliza de forma predatória. E perceber com tristeza que o seu vizinho ou o seu irmão faz parte do bloco dos egoístas, dos embrutecidos e cegos de espírito e compaixão.  

Para lembrar de Aloutte em Pai Herói



 

Confira, a seguir, a música nova de Denise Emmer, Setembro Antigo

 

 

 

 



 

Ouvir o disco inédito “Cantiga do Verso Avesso” - https://open.spotify.com/album/4fkufMHrxcYsR2YeB6xkh0

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