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Imunidade após ter Covid-19 não protege como a vacinação

Casos de reinfecção pelo coronavírus existem e podem ser provocados por variantes diferentes

Rastro101
Com informações do site O Tempo

12/10/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoDepois de um ano e meio de pandemia da Covid-19, a população brasileira ainda se depara com pessoas que se recusam a tomar a vacina e acreditam que estão imunes ao vírus porque já tiveram a doença. 

No final de setembro, os empresários bolsonaristas Luciano Hang, dono da rede das lojas Havan, e Otávio Fakhoury, vice-presidente do Instituto Força Brasil, alegaram, durante seus depoimentos na CPI da Covid, que não se vacinaram por conta da alta contagem de anticorpos, após terem sido diagnosticados com a doença. 

Porém, essa prática não é recomendada pelos médicos, já que os cientistas ainda não sabem dizer por quanto tempo dura a imunidade “natural”, que diminui com o passar do tempo. Mas concordam que a maneira mais segura de se proteger contra a doença não é ser infectado pelo vírus, mas tomando a vacina. 

Segundo o infectologista e professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geraldo Cunha Cury, as pessoas que pegam Covid e se recuperam desenvolvem anticorpos contra o coronavírus, como acontece em qualquer doença viral, mas a durabilidade dessa proteção ainda é incerta. 

“O que nós temos certeza é que elas desenvolvem anticorpos. Agora, por quanto tempo a ciência ainda está estudando efetivamente. Entretanto, isso não determina que elas não precisem se vacinar. Pelo contrário, o que a ciência mostra é que as pessoas que tiveram Covid, um mês depois do fim dos sintomas, devem ser vacinadas porque aí os anticorpos persistem por um tempo muito maior do que aqueles (anticorpos) que aparecem após a doença. Esses (da infecção) desaparecem mais rapidamente”, afirma. 

O infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia concorda. “Não se sabe exatamente o tempo de duração dos anticorpos. Isso é muito variável, conforme as pessoas. Mas, possivelmente, quem tem casos mais severos tem anticorpos por mais tempo do que aqueles que tiveram quadro leves. Então, mesmo as pessoas que já tiveram a doença, é de bom tom que se vacinem”, completa.

Reinfecção. Outro fato que deve ser levado em consideração por aqueles que ainda não acreditam na eficácia e proteção das vacinas é que os casos de reinfecção por Covid existem e podem ser provocados por variantes diferentes. Em Minas Gerais, dos 523 casos notificados de reinfecção associada à Covid-19 até o momento, 214 (40,91%) foram registrados em Belo Horizonte, segundo dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). 

“A infecção (pelo coronavírus) garante algum tipo de anticorpo, que são proteínas de imunidade. Mas não é suficiente para garantir que a pessoa vai estar imune, protegida e livre de se contaminar. Tanto é que há pessoas que se contaminam mais de uma vez com cepas diferentes do Covid”, alerta o infectologista Leandro Curi.

Por isso, segundo ele, a imunidade por Covid não garante uma proteção igual a da vacina. “Se você se infectar, por exemplo, pelo Sarscov da cepa alfa, seu corpo vai ficar protegido e criar anticorpos contra esta variante. Mas depois vem a cepa beta, gama e agora a delta, e seu corpo não está protegido para elas. É como se a gente esperasse um inimigo de um jeito, e ele viesse de outro, e a gente não o reconhecesse como inimigo”, explica Curi.

Não é recomendado medir a dosagem de anticorpos

Medir a dosagem de anticorpos após a infecção por Covid-19, como fizeram os empresários Luciano Hang e Otávio Fakhoury, não é uma medida recomendada nem confiável, segundo os especialistas. De acordo com o infectologista Leandro Curi, as principais entidades médicas não recomendam essa prática, que dá uma falsa sensação de proteção. 

“A Sociedade Brasileira de Imunização e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomendam a medição nem dos anticorpos normais do Covid nem dos anticorpos neutralizantes como confiáveis para falar que a pessoa está protegida. Primeiro, porque a taxa de anticorpos cai segundo, porque as vacinas protegem contra várias cepas e a infecção garante a imunidade de uma cepa específica. Então, é uma falsa sensação de que a pessoa está protegida”, diz. 

Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, não se sabe por quanto tempo o indivíduo mantém os anticorpos protetores após a doença, por isso se recomenda a vacinação. 

“Essa imunidade não é muito bem dosada por exames de sangue. As pessoas acham que, só de terem a doença e dosarem anticorpos no seu sangue, significa que elas estejam protegidas. Isso não está padronizado. Não se sabe exatamente se existe um teste seguro, seja pós-vacina ou pós-doença, para garantir que uma pessoa está ou não protegida e por quanto tempo. Na dúvida, e por falta de explicações dessa natureza, é que se manda aplicar a dose de vacina mesmo para quem já teve a doença”, ressalta.

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