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PGR aponta que Bolsonaro iniciou convocação para atos contra STF

Presidente iniciou convocação em 15 de agosto, pelo WhatsApp, com mensagem defendendo um “contragolpe”. Informação consta em inquérito, segundo jornal

Rastro101
Com informações do site O Tempo

01/10/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoA Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou que a organização dos atos de 7 de setembro a favor do governo federal e contra instituições democráticas começou após uma convocação feita pelo próprio presidente Jair Bolsonaro semanas antes. 

A revelação foi feita pelo jornal O Globo, nesta sexta-feira (1) e, segundo o jornal, conta no inquérito que investiga as manifestações do Dia da Independência. A reportagem afirma que uma equipe do jornal teve acesso a detalhes inéditos do inquérito, que tramita em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

É a primeira vez que a PGR cita nominalmente Bolsonaro no inquérito, em um documento sigiloso enviado ao STF em 4 de setembro, destacou o jornal. O procedimento ainda não deixa claro, entretanto, se o presidente é investigado neste caso, nem descreve quais seriam os eventuais crimes cometidos por ele em função de seu vínculo com os atos. Os ataques dele à Corte já também já lhe renderam a inclusão como investigado no inquérito das fake news.

Ainda de acordo com o O Globo, a partir das provas colhidas, a PGR também tenta rastrear a participação de ministros do governo na organização desses atos. Com isso, a investigação avança para as digitais do Palácio do Planalto nas manifestações antidemocráticas. 

Para a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, responsável pelo caso, a convocação para ataques às instituições democráticas teve início em 15 de agosto, quando Bolsonaro teria divulgado uma mensagem para seus contatos no WhatsApp defendendo a organização de um “contragolpe” às manifestações contrárias à sua gestão.

No documento, a PGR cita essa divulgação como sendo uma “entrevista” dada por Bolsonaro. “A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria ‘contragolpe’ aos atos entendidos como contrários à sua gestão, em 15 de agosto do presente ano”, escreveu Lindôra.

Por isso, a PGR estabeleceu o 15 de agosto como “marco temporal em que iniciadas as convocações para os atos antidemocráticos previstos para o dia 7.9.2021”. Com base nessa data, a investigação busca rastrear o fluxo financeiro dos alvos para descobrir os financiadores.

Nos depoimentos já colhidos pela Polícia Federal, investigadores fizeram questionamentos sobre a relação dos alvos com ministros do governo e com parlamentares bolsonaristas. Investigados no inquérito por organizar os atos publicaram, por exemplo, fotos nas redes sociais com o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), indicando que se encontraram com ele em Brasília.

Léo Índio e Zé Trovão também são investigados

Um dos principais investigados é o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, atualmente foragido no México. Ele incentivou paralisações de caminhoneiros para o dia 7 de setembro com o objetivo de pressionar o Senado pela destituição dos ministros do STF.

No depoimento de Zé Trovão, prestado em 20 de agosto, antes da ordem de prisão, os investigadores o questionaram sobre encontros que os organizadores dos atos antidemocráticos tiveram com os ministros Augusto Heleno e Gilson Machado (Turismo) em Brasília em agosto. Também perguntaram sobre as reuniões do grupo com os deputados federais Nelson Barbudo (PSL-MT) e Hélio Lopes (PSL-RJ), aliados de Bolsonaro. “Tais encontros foram casuais”, respondeu Zé Trovão.

O grupo do caminhoneiro participou de reunião no Palácio do Planalto em 11 de agosto com a secretária Especial de Articulação Social, Gabriele Araújo. Registrada na agenda oficial, o encontro tinha como pauta o tema “caminhoneiros autônomos”. Questionado pela PF, ele afirmou que não falou sobre o ato do 7 de setembro na reunião. Outro participante, o empresário Turíbio Torres, disse à PF que não se reuniu com os ministros. “O declarante não se reuniu com autoridades, mas, quando as via, pediu para tirar fotos com elas”.

O inquérito ainda mira uma pessoa próxima da família Bolsonaro — Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, primo dos filhos do presidente. A PGR identificou que ele também fez convocações para atos antidemocráticos, inclusive divulgando dados para a arrecadação de recursos.A PF ainda vai tomar o depoimento dele.

 

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7 De Setembro

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