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CPI da Covid: CFM e CRMs serão investigados no caso Prevent Senior

Operadora de plano de saúde teria ocultado mortes em um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina contra a doença e prescrever o chamado kit covid a pacientes

Rastro101
Com informações do site O Tempo

28/09/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoOs senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 aprovaram requerimento de Rogério Carvalho (PT-SE) que pede à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para investigar a atuação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e dos Conselhos Regionais de Medicina (CRM) de São Paulo e do Distrito Federal nas denúncias de irregularidades envolvendo a Prevent Senior. 

A Prevent Senior teria ocultado mortes em um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina contra a doença e  prescrever o chamado kit covid a pacientes. A suspeita é de que nove pessoas tenham morrido durante o experimento, mas apenas dois óbitos foram mencionadas pela operadora de saúde.

O diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Junior, foi interrogado na quarta-feira (22). Ele negou que tenha havido testagem em massa de medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid-19 em pacientes internados no hospital da operadora de saúde. Apenas admitiu a realização de um estudo observacional. 

Segundo ele, nenhum médico foi incitado a receitar hidroxicloroquina cada um teve autonomia junto ao paciente.

Operadora tem 24 horas para entregar documentos

Já nesta terça-feira (28), a CPI da Covid-19 aprovou requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE) para que a Prevent Senior apresente os termos de livre consentimento do chamado kit covid no prazo de 24 horas, a contar da tarde desta terça-feira (28). 

Costa lembrou que Pedro Benedito Batista Jr., durante o depoimento na semana passada, mostrou uma pilha de papéis que seriam consentimentos de pacientes e familiares para os tratamentos experimentais oferecidos pela Prevent Senior, mas não os entregou à comissão.

O senador petistas afirmou ainda que no dia da demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que havia feito críticas ao hospital comandado pela Prevent Senior em São Paulo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou a utilização do kit de tratamento precoce contra a covid-19. 

No entendimento do parlamentar, o governo federal e o gabinete paralelo que agia junto ao Ministério da Saúde atuaram em conjunto com o CFM e a Prevent Senior, num “planejamento criminoso”. 

Prevent escondeu riscos de kit a pacientes e familiares

Ainda nesta terça, em depoimento à CPI, a advogada Bruna Morato contou que um dos diretores da Prevent Senior, identificado como Felipe Cavalca, encaminhou mensagens em que orientava médicos do plano de saúde a não informar a pacientes e familiares sobre os riscos do tratamento com o kit covid.

Ainda segundo a advogada, os usuários foram ludibriados para assinar termos de consentimento para a realização de estudos sobre os medicamentos ineficazes. 

“O paciente idoso é extremamente vulnerável. Eles não sabiam que seriam feitos de cobaia. Eles sabiam que iriam receber medicamentos. Isso são coisas diferentes. Quando chegava para retirar o medicamento, era passada a seguinte informação: ‘para retirar essa medicação, o senhor precisa assinar aqui’. Eles não tinham ciência de que esse “assina aqui” era o termo de consentimento”, disse Bruna.

Ela representa um grupo de 12 médicos que apresentou à comissão um dossiê com denúncias de irregularidades no tratamento de pacientes com Covid pela operadora de saúde Prevent Senior. 

Hospitais da rede tiveram um boom de mortes no íncio da pandemia

Em março do ano passado, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo pediu intervenção imediata em três hospitais da rede Sancta Maggiore, do grupo Prevent Senior, que então concentrava 65 das 113 mortes por Covid-19 do estado.

Na capital paulista há oito unidades com nome Sancta Maggiore e o pedido se refere a três delas, no Paraíso, Pinheiros e Santa Cecília.

Essa rede foi alvo de ações de fiscalização de equipes da Saúde municipal após a confirmação das primeiras mortes em decorrência da contaminação pelo novo coronavírus. Segundo o município, a equipe médica do hospital da unidade Paraíso não comunicou esses casos de contaminação, o que fere a legislação de combate à infecção de doenças contagiosas.

Após a fiscalização, o município também afirmou haver problemas estruturais, do ponto de vista sanitário, nas unidades de saúde. Essa fiscalização pesou para o pedido do município, segundo nota da Secretaria Municipal da Saúde.

O Ministério Público paulista também instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar se as equipes médicas realmente deixaram de informar os órgãos de vigilância sanitária, omissão que pode ser punida com pena que vai de seis meses a dois anos de detenção.

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