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Companhia das Letras recolhe livro 'Abecedê da Liberdade' após críticas

Obra é considerada racista por trazer de forma irônica e romantizada a vivência de crianças escravizadas trazidas ao Brasil

Rastro101
Com informações do site O Tempo

17/09/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoA Companhia das Letrinhas, departamento da editora Companhia das Letras dedicada à publicação de livros infantis, informou que solicitou a devolução dos exemplares que se encontram nas livrarias físicas e on-line do livro “Abecedê da Liberdade”, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, que, nos últimos dias, recebeu críticas por seu conteúdo considerado racista. Além disso, a editora disse que, desde o último dia 3 a venda para o mercado está bloqueada.

O comunicado, publicado nesta sexta-feira (17), afirma que o título está fora de catálogo e não será mais comercializado pela editora, mas pode ser que sebos e marketplaces ainda comercializam o livro. A editora pediu aos seguidores para avisar aos livreiros, quando encontrar algum exemplar, que entrem em contato com o SAC da Companhia das Letras. 

Como justificativa para a venda do exemplar, a editora disse que o livro foi originalmente publicado pelo selo Alfaguara e automaticamente incorporado ao catálogo da Companhia das Letrinhas quando a editora Objetiva foi comprada pelo grupo, em 2015.

“Quando nosso sistema detecta falta no estoque, as reimpressões são feitas de forma automática. Não tínhamos processos sistemáticos para releitura de títulos antigos, que pudessem impedir que livros incompatíveis com nossos valores fossem relançados automaticamente. A obra em questão não passou por revisão e voltou a ser comercializada em 2020. É uma falha processual grave, que já começou a ser corrigida. Essas falhas não minimizam o erro. Nós erramos”, destacou a editora em um post.

Por que a obra é considerada racista?

A obra, publicada em 2015, foi criticada por trazer de forma irônica e romantizada a vivência de crianças escravizadas trazidas ao Brasil durante o período escravocrata. Embora a intenção da obra tenha sido lançar luz sobre a vida do ativista abolicionista Luis Gama, a escrita provocou nos leitores desconforto devido à abordagem do tema.




 


 

 



 




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Um trecho da obra que ganhou destaque aponta a uma visão divertida sobre crianças nos navios negreiros. A viagem pelo mar foi tranquila. Não houve nenhuma tempestade, e o navio quase não balançou. Eu, a Getulinha e as outras crianças estávamos tristes no começo, mas depois fomos conversando, daí passamos a brincar de pega-pega, esconde-esconde, escravos de Jó (o que é bem engraçado, porque nós éramos escravos de verdade), e até pulamos corda, ou melhor, corrente. Em outra passagem, que pode ser subentendida por adultos, poderia causar confução na criança que lê.Nem parecia que íamos ser comprados por pessoas brancas e trabalhar de graça para elas até a morte. Mas podia ser a nossa última chance de brincar. Então nós brincamos, continua a obra. Por meio de nota, a editora informou que concorda que a obra “tem vários erros históricos e morais.” “Sentimos muito pelo ocorrido e lamentamos profundamente. Quando percebemos o nosso erro grave, imediatamente disparamos o processo de recolhimento dos livros do mercado”, pontua.  

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Venda Bloqueada

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