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Centrão no comando

Com Ciro Nogueira na Casa Civil, Bolsonaro toma uma decisão sem volta de entregar o comando do governo ao PP

Rastro101
Com informações do site O Tempo

22/07/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoO presidente Jair Bolsonaro (sem partido) capitulou. Com a iminente nomeação do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, à Casa Civil de seu governo, decidiu entregar definitivamente o comando dos rumos de sua gestão e as medidas práticas do dia a dia a uma parcela do centrão. E é uma medida sem volta. Daqui até o fim do mandato, ou o centrão continua mandando ou o governo deixa de existir. Não há meio termo.

A nomeação de Ciro Nogueira não é apenas mais uma. Não é uma decisão qualquer. Trata-se do presidente do principal partido da base aliada, único 100% fechado com o governo, e no principal cargo do Executivo após o do próprio presidente da República. A Casa Civil coordena e gerencia funções dos demais ministérios, dá aval a nomeações e a repasses financeiros dentro da gestão. É um verdadeiro superministério e, nas mãos de Ciro Nogueira, tende a ficar cada vez maior.

Diferentemente do que acontecia com Luiz Eduardo Ramos, Onyx Lorenzoni ou Braga Netto, por exemplo, com Ciro Nogueira, Bolsonaro não terá um ministro que diz apenas ‘sim senhor’. Ciro Nogueira mandará de fato, sempre lembrando ao governo que é do PP o presidente da Câmara, Arthur Lira, o homem que numa canetada pode iniciar um processo que poderia derrubar o presidente. Uma vez posto na função também, Nogueira não poderá ser demitido. Só sai quando quiser.

Há ainda, claro, o efeito na imagem do presidente junto a seus apoiadores. Após fazer campanha prometendo o combate implacável à corrupção, entregar o principal cargo a uma figura central de escândalos, envolvida em pelo menos quatro processos no STF, inclusive com acusações relacionadas à Lava Jato, não tem como não fazer o governo sangrar mais um pouquinho. Ainda mais sendo esse escolhido alguém que já chamou o presidente de fascista e disse que nunca deixaria de votar em Lula que, segundo ele, “foi o maior presidente que o país já teve”. É realmente para o apoiador de Bolsonaro engolir seco e ter dificuldade de digerir.

Uma cartada tão alta e definitiva só pode ter sido tomada em meio a um desespero pleno do governo. Não apenas com a situação no Congresso, mas com a disputa eleitoral de 2022. A nomeação de Ciro Nogueira tem dois objetivos. Além de acalmar os ânimos entre os parlamentares, também buscar garantir uma legenda na disputa pela reeleição. No primeiro caso, serve para acalmar Arthur Lira e diminuir a temperatura alta também no Senado, onde o governo está encurralado pela CPI da Pandemia e sem força para aprovar a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF). No segundo, garante a presença do PP na chapa num momento em que os partidos de centro começam a definir outros rumos. Uns estão imbuídos na ideia de integrar uma terceira via e outros já conversam com os petistas para apoio a Lula. É bem provável, inclusive, que Bolsonaro acabe disputando a eleição filiado ao PP. Nesta quinta-feira, o presidente resumiu seu novo figuro. Disse sem rodeios em uma entrevista: Eu sou centrão.

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