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Fundão de R$ 5,7 bi é vergonhoso

Deputados e senadores erram na forma e no conteúdo em um momento em que o país passa por penúria financeira

Rastro101
Com informações do site O Tempo

16/07/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoA decisão de deputados e senadores de ampliar os recursos disponíveis para ao Fundo Eleitoral é vergonhosa e mostra uma total desconexão com a realidade brasileira. Errados na forma (sem colocas as digitais claramente) e no conteúdo, os parlamentares acabaram ampliando a sensação crescente na sociedade de que os políticos só pensam neles próprios, o que tem levado raiva e ódio às urnas, em prejuízo à democracia. Se R$ 1,7 bilhão (R$ 2 bilhões) só para a campanha já soava a exagerado, R$ 5,7 bilhões é um escárnio.

Enquanto muitos brasileiros passam fome e o governo faz um esforço para pagar um auxílio emergencial muito aquém do necessário para que a vida do cidadão transcorra com dignidade, triplicar o valor do fundão de campanha (não confundir com o fundo partidário, que é outra montanha de dinheiro e que de certa forma se soma a esse) é um contrassenso. Na semana em que vimos uma dona de casa chorar no mercado por não conseguir comprar itens de primeira necessidade, seria razoável cogitar que esse dinheiro no Orçamento de 2022 poderia ser melhor empregado com auxílio direto às famílias. Um mês de auxílio emergencial custa R$ 9 bilhões. Os R$ 4 bilhões de acréscimo no fundo, então, dariam para 50% de um auxílio para gente que está passando fome.

O dinheiro também poderia contribuir para diminuir a penúria das universidades públicas. No Orçamento de 2021 a Educação sofreu um bloqueio de R$ 2,7 bilhões por falta de recursos. Se esses R$ 4 bilhões fossem destinados a universidades, sustentando pesquisas, como as de vacinas brasileiras, por exemplo, seu emprego certamente seria mais digno do que o que se prevê: o gasto em três meses de uma campanha eleitoral. Vergonhoso é a palavra mais branda que dá para utilizar.

Além do conteúdo em si, a aprovação do auxílio ainda é reprovável quanto à forma. Deputados e senadores votaram a LDO já com o fundão ampliado por meio de um percentual que só percebe-se que é o triplo de 2018 por meio de cálculos. Depois, rejeitaram um destaque do Novo para derrubar essa parte por maioria, sem votação nominal. Assim, ninguém ficou com a digital de votar exclusivamente o aumento do fundão. Atitude covarde em um ano pré-eleitoral.

A forma utilizada para aprovar esse descalabro gerou desgaste mesmo foi para a base aliada. Como parlamentares como os filhos do presidente e deputados bem próximos do bolsonarismo, como Carla Zambelli, Bia Kicis e Marco Feliciano votaram a favor da LDO (para não deixar o governo sem Orçamento), votaram junto pelo fundão, que está incluído na proposta. E, como não houve votação nominal no destaque, acabou que seus nomes ficaram vinculados ao aumento do dinheiro de campanha. Por causa disso estão apanhando duramente nas redes.  Enquanto isso, a oposição, que votou contra a LDO, saiu por cima. Mais por estratégia do que efetivamente por ser contra o aumento do fundo.

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