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Taxa de natalidade atinge a pior média de janeiro durante a pandemia

Em Minas Gerais, Estado teve queda de 10,7% no total de nascimentos no primeiro mês do ano em relação a 2020

Rastro101
Com informações do site O Tempo

22/02/2021 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoNão foi só a pandemia que chegou e mudou completamente a vida de milhares de mulheres Brasil afora. Junto com o temor e as incertezas trazidas pelo novo vírus, elas engravidaram em abril, primeiro mês após a chegada da Covid ao país. Gestar um bebê foi desafiador para pelo menos 207.901 brasileiras, que deram à luz em janeiro deste ano – queda de 15% em relação a 2020 e 15 pontos abaixo da média histórica nacional do primeiro mês do ano desde 2002.

Vanessa Annucaro, 29, foi uma dessas mães de janeiro. A pequena Alice chegou no sexto dia deste ano. A alegria e o alívio são recompensas, já que Vanessa, na 40ª semana de gestação, e todos da família contraíram a Covid. 

“Não ficamos tão desesperados quando soubemos da gravidez porque a pandemia estava no início e ninguém sabia o que seria ainda. Mas, conforme o tempo foi passando, tivemos medo, sim, e eu acabei ficando muito em casa, porque dava medo de sair e contrair o vírus. E mesmo com todos os cuidados, acabei pegando”, conta. “Consegui fazer o pré-Natal, há protocolos, como não entrar com acompanhante. É chato, mas me deixou mais tranquila. O apoio da família em todo momento é fundamental”, completa.

Em Minas Gerais, 19.457 bebês vieram ao mundo no último janeiro – em 61 cidades nasceu apenas uma criança. O Estado registrou redução de 10,7% ante os 21.781 nascimentos no mesmo período em 2020. Em Belo Horizonte, foram menos 342 bebês no mês passado em comparação com igual período do ano anterior.



Diante da queda, especialista alerta que adiar os planos da gravidez na espera da “normalidade” pode ser um problema para algumas mulheres. “Esse tempo adiado pode ser determinante, sobretudo depois dos 35 anos, e cada caso tem que ser analisado individualmente. Mas os protocolos para atendimento em consultórios e hospitais estão seguros neste momento”, afirma o ginecologista e obstetra Renilton Aires Lima, da Fundação São Francisco Xavier.

Ciente das recomendações e em meio a uma gravidez “fora dos planos”, Deborah Ribeiro, com 23 semanas de gestação, além de Helena, espera a chegada da vacina anti-Covid. “A pílula do dia seguinte não funcionou. Me senti mal e achei ser Covid, mas, quando fui investigar, era a Helena. A gente toma todos os cuidados na hora de ir fazer o pré-natal, agenda, vai em horários espaçados. Os laboratórios estão cheios, e não pode descuidar do uso de máscaras, álcool em gel, ficar mais distante das pessoas. Chá de fralda, só se for drive-thru”, conta a empresária.

Telemedicina e novos protocolos

A transmissão do coronavírus maternofetal ainda é uma incerteza na comunidade médica. Um estudo publicado em janeiro na revista “Jama Pediatrics” aponta que grávidas diagnosticadas com o vírus podem passar anticorpos aos seus bebês. Porém, não há registros que confirmem quanto tempo dura essa imunidade, segundo médicos. 

Além disso, algumas pesquisas apontam que gestantes, pelas alterações imunológicas e fisiológicas do corpo, estão mais propensas a infecções e possuem mais chances de desenvolver complicações com a Covid do que as não grávidas. Por isso, manter o pré-natal é essencial. 

“Em uma gestação normal a paciente precisa ir ao menos uma vez por mês ao consultório, no início da gravidez, e ao fim até uma vez por semana. Durante a pandemia, conseguimos, para algumas dúvidas, praticar a telemedicina. Os hospitais conseguiram adaptar seus fluxos internos para torná-los seguros ”, afirma a ginecologista, obstetra e mastologista Anna Dias Salvador, da Rede Mater Dei.

“Criamos formas de preservar a paciente, com fluxos diferenciados em hospitais, horários mais espaçados. E o número de grávidas com complicações pela Covid ainda é pequeno”, completa o ginecologista e obstetra Renilton Aires Lima.

Outros Estados

Segundo levamento da Arpen-Brasil, 26 das 27 unidades federativas registraram redução no número de nascimentos em janeiro de 2021, na mesma comparação com 2020. No topo da lista estão MA (-26%), AM (-23,9%), RR (-23,1%), PI (-21,3%) e MS (-20,8%). Só Rondônia registrou alta de 3%. “No Registro Civil, que compreende os atos principais de cidadania, já eram nítidos os impactos nos óbitos e nos casamentos, mas agora, passados nove meses desde o mês de abril, verificou-se o primeiro impacto na natalidade da população brasileira”, disse o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli, em nota.

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