
Cruzeiro foi primeiro time gaúcho a fazer excursões na Europa e teve cantor no elenco em 2005. Arena é negociada com 50% de desconto, e pregão online coloca futuro em xeque Reportagem do Esporte Espetacular de 2011 contou história de Diogo Oliveira no Cruzeiro
O estádio do Cruzeiro, de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, irá a leilão no dia 25 de junho por R$ 15,8 milhões por determinação da Justiça – este valor já está anunciado que cairá pela metade na segunda rodada –, o que pode causar a extinção do clube, conforme dirigentes.
O Esporte Clube Cruzeiro foi fundado em 1913 e se autointitula Pioneiro na Europa. É o primeiro time gaúcho a desbravar o Velho Continente em jogos na década de 1950 contra Real Madrid, Lazio e os três grandes da Turquia (Besiktas, Fenerbahçe e Galatasaray).
Além disso, o cantor Diogo Nogueira atuou por lá como atacante em 2005, mas uma grave lesão de joelho abreviou a tentativa (veja mais no vídeo acima).
Hoje, a situação é bem menos glamorosa, na terceira divisão do futebol gaúcho e num imbróglio judicial no qual pleiteia a suspensão para não ficar sem a Arena Cruzeiro, com capacidade para 16 mil pessoas, penhorada pela 2ª Vara Cível do Foro Regional do 4º Distrito da Comarca de Porto Alegre.
Estádio Dirceu Castro passou a ser chamado de Arena Cruzeiro
Divulgação
Segundo a leiloeira responsável pelo pregão online, o Estádio Dirceu Castro possui 11 penhoras e 15 indisponibilidades de bens devido a ações movidas por ex-jogadores e pela Fazenda Nacional. Contudo, o clube rebate que estas questões estão atreladas a outros dois terrenos que não fazem parte do processo de penhora da arena.
A situação do estádio é mais complicada e diz respeito a uma ação de 2013, quando um corretor de imóveis alegou ter dívida a receber do clube pela relação de exclusividade inicial na venda da antiga casa do Cruzeiro, o Estrelão, na zona leste de Porto Alegre.
Os advogados do clube à época negavam a dívida citando erro judicial histórico por desconsideração de um pagamento de custas do processo, efetivamente realizado.
Ocorre que outra pessoa entrou na jogada como terceira parte interessada, porque busca um crédito devido pelo autor da primeira ação, e a dívida a receber do Cruzeiro lhe garantiria acesso ao dinheiro.
Estádio tem capacidade para 16 mil pessoas
Divulgação / EC Cruzeiro
Este fato suscitou a sentença de penhora do estádio, na qual o Cruzeiro alega algumas inconsistências, como a intimação pessoal irregular do clube, com o CNPJ de outro Cruzeiro, da cidade de Dom Pedrito, e a subavaliação do terreno, que custaria mais que o dobro do que foi avaliado pela perícia – ou seja, acima de R$ 30 milhões.
O presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Paulo Doering, situa que as inconsistências detectadas ainda não foram devidamente analisadas pela Justiça conforme o clube solicita.
Por isso, enquanto o leilão se aproxima, a nova tentativa é pela sua suspensão até que as alegações passem pelo crivo do Judiciário.
O juiz responsável deu o prazo legal de 15 dias úteis para a outra parte se manifestar. Contudo, o tempo irá ultrapassar as duas rodadas do leilão, em 25 de junho e 3 de julho.
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Ou seja, todas as partes serão prejudicadas se as questões levantadas não forem resolvidas antes. Mesmo que haja a aquisição do estádio, ela estará sujeita a muitos recursos posteriores, e o terreno, intocável.
– Se o Cruzeiro perder o estádio, será a extinção do clube. Embora tenha muita fé nas razões para permanecer com o patrimônio – decreta o dirigente.
Em campo, o Cruzeiro foi rebaixado na primeira divisão do Campeonato Gaúcho em 2018. Quatro anos depois, caiu para a terceira. Voltou para a Série A2 em 2023. Porém, no ano passado, teve nova queda.
De acordo com o calendário divulgado pela Federação Gaúcha de Futebol, o Gauchão Série B (terceira divisão) será disputado entre setembro e novembro de 2025. Até lá, o Cruzeiro não sabe nem se estará de pé.