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Anderson se divide em Talisca e Spark para falar de sucesso, Cristiano Ronaldo, Mourinho e rap

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Com informações do G1

12/06/2025 por Redação

Atacante do Fenerbahçe lembra aprendizado na dor com Jorge Jesus e comenta desejo de voltar à seleção brasileira, após período na China e no Mundo Árabe Talisca diz que aprendeu com Jorge Jesus na dor e exalta José Mourinho
A precisa batida na bola com o pé esquerdo fez de Anderson Talisca um hit de sucesso na Europa e no hoje badalado Mundo Arábe. Pelas mãos de Jorge Jesus, o ex-volante transformou-se em artilheiro no Benfica e manteve a rotina dos gols em Beskitas, Al-Hilal e agora no Fenerbahçe. Nas férias, entretanto, é a batida do rap que faz a cabeça do atacante. Aliás, o período de descanso dá lugar a outra metamorfose, e a plaquinha indica: sai o atleta Talisca, entra o rapper Spark, cheio de estilo e personalidade.
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O coração de Anderson Souza Conceição sempre bateu forte por música e futebol, e o baiano de Feira de Santana divide-se entre a arte e o esporte desde a época da escola. Ora nas aulas de percussão, ora com a bola nos pés, nunca viveu sem uma das paixões. Por isso, o ge também dividiu a entrevista em duas partes: uma com Talisca e outra com Spark. Curiosamente o papo durou aproximadamente um tempo de uma partida, 45 minutos, também o período que geralmente o rapper leva para completar um show.
Anderson Talisca em entrevista na redação do ge.globo no Rio de Janeiro
Bezzerra
Talisca: volta à Europa com gols e grandes sonhos
Antes de começar a curtir as férias no Brasil em junho, Anderson Talisca passou cinco meses em Istambul, onde voltou a morar a partir de janeiro. Ex-Besiktas, aceitou o desafio do Fenerbahçe de José Mourinho e começou muito bem. Em 23 jogos, marcou 12 gols e deu duas assistências. Na primeira metade da temporada, ainda no Al-Nassr de Cristiano Ronaldo, balançou a rede oito vezes em 19 partidas.
Com os números, Talisca chegou à quarta temporada consecutiva entregando 21 gols ou mais. Mas por que deixar uma liga como a da Arábia Saudita, hoje cheia dos holofotes voltadas para si, e voltar para a Turquia?
Anderson Talisca comemora um dos seus três gols pelo Fenerbahçe contra o Trabzonspor
Twitter/Fenerbahçe
A minha saída foi algo muito positivo, acho que saí pela porta da frente. Meu objetivo era voltar para a Europa e jogar pelo Fenerbahçe. Acho que o clube está em um processo muito importante, a reconstrução de uma equipe muito competitiva. Eu também queria trabalhar com o José Mourinho, que é um grande treinador. Pesou muito.
- Queria voltar para a Europa, queria ajudar o Fener, respirar novos ares e voltar para Istambul, que é uma cidade que eu gosto bastante. É um país onde me sinto muito bem, então foi bem tranquilo.
Os ares de Istambul fazem bem a Talisca. A última vez que vestiu a Amarelinha, um de seus grandes objetivos, aconteceu quando defendia o Beskitas. E o técnico da Seleção agora é europeu e pôde assistir de perto a partidas disputadas pelo baiano.
- Minha última convocação foi na Turquia, no Besiktas, em 2018. Voltei para um país onde fui convocado quando jogava lá. Acho que me dá mais tranquilidade, me motiva cada vez mais para eu trabalhar cada vez mais e me preparar bem. As oportunidades vão aparecer no momento certo e na hora certa. Todos os jogadores têm o desejo de representar o seu país, como eu tenho esse sonho. Todo mundo acompanha, o Ancelotti acompanha, a Europa toda acompanha, então acho que isso vai facilitar bastante.
Talisca fala das chances de voltar à Seleção com Ancelotti e da liga saudita
De Jorge Jesus a José Mourinho
Hoje Talisca é goleador, mas nem sempre foi assim. Era volante no Bahia, e um português hoje muito popular dentro do futebol brasileiro entrou em seu caminho para transformá-lo. Jorge Jesus, que o levou para o Benfica, identificou o faro de gol do ex-tricolor e cobrou uma mudança de comportamento dentro de campo. Muito grato ao ex-comandante, o atleta dá risada e diz ter aprendido com ele muito mais na dor do que no amor.
- A minha carreira mudou muito porque eu não era um jogador de fazer gol (risos). Começo no Bahia como um segundo volante. Chegava, mas não era de fazer tantos gols. Quando o Bahia me vende para o Benfica, o Jorge Jesus identifica essa qualidade em mim, porque eu tinha muita facilidade para fazer gols, só que eu jogava muito atrás. Ele conversou comigo e falou: Você vai ser um meia-atacante, um camisa 10, e vai jogar atrás do atacante, com mobilidade e liberdade para flutuar atrás do número 9. E fazer algumas dinâmicas que vou te pedir.
Talisca e Jorge Jesus juntos pelo Benfica em dezembro de 2014
NurPhoto/NurPhoto via Getty Images
Aprendeu, adaptou-se e gostou. Reconhece que o Mister, ídolo da torcida do Flamengo, mudou sua história como jogador de futebol para sempre.
- Quando eu mudo de posição no Benfica logo quando eu chego, o meu arranque no Benfica é muito estrondoso. Foi um processo de adaptação à posição porque era novo para mim. Quando mudo de posição e começo a ter esse faro de gol, a minha carreira muda totalmente, tanto que meus números ficam absurdos após a minha saída do Benfica.
- No Benfica, foi um processo de conhecer a posição. Foi bom, mas estava me ambientando, tomando muito videoaula tática de como se posicionar e como finalizar. Foi um processo muito bom para mim, aprendi muito, o Jorge me ensinou muito. Quando saio dali e vou para o Besiktas, tudo acontece de forma natural. De lá para cá, minhas temporadas são sempre com mais de 20 gols. Acho que posso ajudar muito a seleção brasileira de todas essas maneiras. Cada um fazendo o seu, a oportunidade chega no melhor momento.
José Mourinho e Anderson Talisca trabalham juntos no Fenerbahçe desde janeiro de 2025
Serhat Cagdas/Anadolu via Getty Images
Hoje o português com fama de durão que dirige Talisca é José Mourinho, supervitorioso dentro da Europa. Mais uma vez a embalagem não revelou o que é o produto. O baiano garante que trabalhar com treinador do Fenerbahçe é um grande prazer.
- Eu realmente me surpreendi ao trabalhar com ele. As pessoas falam muito sobre a personalidade dele, mas ele é uma pessoa espetacular. A personalidade é muito diferente. (Ama os brasileiros?) Demais, muito legal trabalhar com ele. É um treinador que é merecedor da carreira dele, do nome dele e do que ele representa para o futebol. É um cara muito diferente.
Talisca lembra da parceria com Cristiano Ronaldo: Jogar com o gajo é diferente
O ge ainda falou muito de Europa, Seleção e Cristiano Ronaldo com Talisca. Antes de entrar na vida do rapper Spark, confira abaixo um ping-pong de perguntas e respostas ainda sobre o atacante do Fenerbahçe.
Com a mudança de técnico na Seleção, ainda mais o Ancelotti, que deve conhecer seu futebol, acredita que voltar ao radar das convocações mesmo aos 31 anos?
- Sim, é o sonho de todo atleta representar seu país. Venho dando meu melhor no Fenerbahçe, assim como vinha dando no Al-Nassr. Quando a gente faz as coisas dentro de campo, fora de campo as oportunidades vão aparecendo naturalmente. Meu foco hoje é no Fenerbahçe e procurar ajudar o clube a conquistar seus objetivos. E de Seleção no momento certo a oportunidade vai chegar. Não é sobre idade, é sobre entrega. Acho que isso fala mais alto, e esse é o meu objetivo.
Hoje, depois de tudo que evoluiu, como você se define como em relação à posição em campo?
- Como joguei em várias posições na base do Bahia, criei uma confiança muito grande com os treinadores que trabalhei. Às vezes o treinador quer fazer uma formação para deixar o time mais ofensivo, e eu consigo jogar numa beirada, em uma das pontas, porque eu tenho essa facilidade. Estou sempre ajudando a equipe de todas as maneiras.
Jorge Jesus te ensinou muito no amor ou na dor?
- Como os jogadores do Flamengo já falaram, é na dor (risos). Ele começou comigo na dor, me ensinou muito. Me ensinou demais, foi um cara que puxou muito a minha orelha, que me mostrou o caminho que eu tinha que seguir e sigo até hoje, de evoluir cada vez mais.
- Mas foi um cara diferente porque me colocou na sala e me mostrou o que eu tinha que fazer para produzir, ajudar a equipe e crescer como atleta e ser humano. Ele é um cara espetacular, acho que foi primordial. Depois dele, trabalhei com outros grandes treinadores. Senol Günes, Luis Castro, agora o Mourinho também e outros que têm me ajudado bastante.
Ainda fala com JJ?
- Falo bastante com ele, volta e meia trocamos mensagens. Fomos rivais na Arábia Saudita, mas só dentro de campo. Ele é um cara fantástico, e todo mundo morava praticamente no mesmo local.
Trabalhou com outros treinadores que tiveram impacto parecido ao que o JJ teve na sua carreira?
- Teve o Jorginho, que me subiu da base do Bahia para o profissional, é um momento especial. Deixo marcado também, porque não é fácil você subir um jogador novo e já dar oportunidade. Sou muito grato a ele.
Estava com saudade da vida ocidental depois de muito tempo num país de religião e costumes muito diferentes, como a Arábia Saudita?
- Foi interessante porque eu já tinha quatro anos no Al-Nassr, na Arábia Saudita. E quando veio a proposta do Fenerbahçe, eu não pensei duas vezes porque é Europa. E também porque volto a ficar na vitrine. No ano que vem, o Fenerbahçe vai jogar a Champions (playoff) e campeonatos importantes. Acho que essa volta foi fundamental para mim e acho que para o crescimento do clube também, pelo projeto que o clube queria fazer com a minha vinda.
Como tem sido morar em Istambul? Conhecer a cidade ajudou na escolha?
- Teve um peso muito grande, mas também pelo projeto do clube de tentar ser campeão e em fazer com que o objetivo do clube fosse alcançado num período tão importante na metade da temporada, quando o Fenerbahçe ia muito bem. A gente conseguiu chegar e ajudar, infelizmente as coisas não aconteceram, mas na próxima temporada a gente vem muito forte e com o objetivo muito mais marcante para mudar a equipe.
Anderson Talisca em visita à redação do ge.globo no Rio de Janeiro
Rezzende
O que foi mais difícil de encarar nos anos de Arábia Saudita?
- Foi tranquilo, para mim foram quatro anos muito legais e muito marcantes. Tinha um pouco de medo da cultura deles, fiquei com um pouco de medo de ir para a Arábia Saudita porque não conhecia nada. Mas quando cheguei lá vi que era um país maravilhoso e aconselho as pessoas a conhecerem, porque é uma cultura muito bacana.
Você sentiu as questões física e tática quando trocou a Arábia Saudita pela Europa nesse retorno à Turquia?
- O futebol da Turquia eu conheço bastante. Há uma diferença grande de qualidade, dinâmica e intensidade, mas eu acho que tudo isso depende muito do atleta, de o profissional se cuidar. Acho que sou um profissional muito dedicado à minha carreira. Isso facilita. Depois, dentro de campo é o talento, é conhecer os atletas e a dinâmica da equipe. Para mim, foi bem tranquila essa volta, porque eu volto para um grande clube e que é referência na Europa, como o Fenerbahçe é. Por isso essa transição foi bem tranquila. Não senti porque a equipe é muito boa, como a do Al-Nassr, mas é um outro jogo, e isso facilita bastante.
Na Arábia, a dinâmica é diferente, com menos treinos e jogos?
- Não, cara, na Arábia é muito jogo. As pessoas devem achar que não é, mas tem muito jogo. O Al-Nassr está sempre chegando nas finais, então fazia em média de 60 jogos. O Brasil faz um pouco mais do que isso, mas a Arábia tem muito jogo.
Como é a rotina de treinos em termos de horário?
- Pela manhã, é muito quente. Riad não faz muito frio, o frio de Riad é de 20 graus. Tem dois ou três dias que faz bastante frio, num período muito curto, mas é muito mais calor do que frio. Então a gente treinava sempre pela manhã.
Talisca e Cristiano Ronaldo
Talisca e Cristiano Ronaldo se divertem durante gravação de vídeo do Al Nassr
Al Nassr
Como foi a relação com Cristiano Ronaldo: dividir vestiário, entrosamento em campo e o vínculo criado?
- É algo que dispensa comentários (risos). Jogar com o gajo é diferente, mas ele me ajudou muito. Trabalhar com ele foi algo muito importante para mim porque eu aprendi ser cada vez mais profissional, cuidar de mim mesmo e ter meus objetivos bem claros. Ele é cara bem objetivo.
- Foi incrível, um sonho trabalhar com ele, aprendi muito. Ser parceiro dele de ataque também é algo que vai ficar para o resto da minha vida. Foi bem legal, porque marcamos bastante gols.
Jogador diferencia Anderson, Spark e Talisca
Se ele fizer 1000 gols, vão ter algumas assistências suas, né?
- Tenho umas 10 assistências (risos).
O pessoal que jogou com ele diz que ficava olhando para a alimentação para não fugir muito...
- Ele se alimenta bem.
É um espelho para todos?
- Para os jogadores árabes, foi bastante. Os árabes não tinham essa cultura de se alimentar e se preparar bem. Quando ele chega, ele mostra uma visão totalmente diferente do que é ser atleta.
A resenha no vestiário como era?
- Tranquilão, ele gostava da resenha e da zoeira. Bom demais.
Anderson Talisca comemora com Cristiano Ronaldo um dos gols do Al-Nassr contra o Al-Fayha
Reuters
Você o chamava de gajo?
- Eu chamava de Cris.
Ele tinha o hábito de imitar brasileiro?
- Sim, sim (risos). Coé, mané. Ele gosta.
Vocês ainda têm resenha?
- Muito pouco, porque ele é um cara que tem a vida bastante agitada e fica pouco no telefone. A rotina do homem é bastante agitada.
Anderson Talisca ataca de rapper quando está de férias e assume a skin Spark
Divulgação/Spark
Até Cristiano Ronaldo conhece Spark
Talisca se transforma em Spark e conta como é a vida de rapper
Depois de muito papo sobre bola, Cristiano Ronaldo foi quem promoveu a virada de chave na entrevista. Pois é, até o astro português conhece as letras, o ritmo e a atitude do rapper Spark, alter ego de Talisca que entrou em cena em 2020. E é importante destacar: Anderson Talisca e Spark não têm nada a ver. A partir de agora o papo do ge é com o músico. Confira abaixo:
O Cristiano Ronaldo chegou a conhecer o Spark, não é?
- Ele já ouvia, na verdade os jogadores árabes gostam muito da minha música, mas eu sou um cara que não gosto de ficar me ouvindo. E aí os moleques chegaram um dia no vestiário, botaram a música, e ele ficou curtindo. Ele perguntou quem era. Quando ficou sabendo, ficou surpreso. Ele falou: É nada. Fui, mostrei a ele, e ele começou a curtir com os moleques. Foi bem natural.
Essa é a descrição do rapper Spark no Spotify
Reprodução
O vestiário ouvia rap e trap?
- Na verdade, eles curtem afrobeat. Quando escutaram meu álbum de R&B, começaram a gostar da músicas brasileiras. Comecei a botar Cabelinho, Orochi.
Como define o seu estilo?
- Faço um pouco de R&B e trap. Gosto muito dessas duas vibes.
Começou a cantar com quantos anos?
- Comecei a cantar com 12 anos, lá em Feira Santana, na Escola Paulo VI. Quando começo a morar com minha mãe, eu tinha que fazer música para ganhar bolsa da escola. Para eu ganhar a bolsa, tive que aprender percussão. É quando entro na música e me envolvo com a arte.
- Quando ganho a bolsa, começo a fazer aula de canto, a tocar bateria e percussão. Saí em várias escolas tocando na rua em 7 de setembro, já toquei em algumas bandas no Carnaval. Essa minha relação com a música é bem lá de trás (risos).
- E, num desses dias, estava jogando bola com amigos, passaram dois empresários falando que iam me levar para fazer um teste no Bahia. Era para ficar sete dias e fiquei sete anos (risos). Foi tudo mundo rápido.
Anderson Talisca em visita à redação do ge.globo, no Rio de Janeiro
Rezzende
O que ouvia na infância?
- Eu curtia mais axé, o axé estava estourado, pipocado.
Como surgiu o rap?
- O rap foi mais amadurecimento, como ser humano e pessoa. Quando chego no Bahia, os jogadores já estavam escutando hip hop, Racionais. Comecei a gostar das letras, da vibe das músicas e da batida. Então vi ali uma galera tocando um West Coast, uma parada meio assim. Então fui curtindo e falei: esse movimento urbano tem tudo a ver com a minha cara. Vim de baixo, da favela e da minha comunidade. É o que combina comigo, é o que gosto.
Anderson Talisca em visita à redação da Globo no Rio de Janeiro
Rezzende
Quais as suas referências nacionais e internacionais na música?
- Eu gosto muito de Matuê, Delacruz, Orochi, Cabelinho. Eu curto uma galera muito boa. E fora curto Chris Brown e outros artistas que gosto bastante.
No carro, não toca Spark então. Você não gosta de se escutar, não é?
- Não gosto muito, não. Me escuto às vezes. Eu gosto de escutar mais as minhas referências, os artistas nacionais e quais músicas estão sendo lançadas.
Quando você consegue trazer essa carreira paralela em relação à de atleta e investir nela?
- Quando saio do Bahia para o Benfica, eu tenho tempo para estudar, você não passa o dia todo treinando. Começo a estudar e a trazer aquele meu sonho lá de trás que estava um pouco congelado por causa do futebol. Então comecei a estudar gestão e várias coisas. Montei a minha gravadora, que é a Nine Four, um selo de rap em Salvador. Temos vários artistas: Ítalo Melo, MD, o Xirami. Ítalo Melo já veio para o Rio. Começo a estudar e a montar esses sonhos de ajudar seres humanos e transformar a vida dos meus amigos, das pessoas que gosto e dos artistas com quem queria trabalhar.
Você fará shows aqui no Rio. Como funciona a rotina?
- Tem uma parte bem pequena, parte da minhas férias tem uma agenda dedicada a alguns shows. São coisas potenciais.
Spark, o alter ego de Anderson Talisca dá show na quadra da Caprichosos de Pilares
Qual a diferença de cantar num palco e de fazer um golaço?
- Eu tenho o mesmo sentimento, acredite, porque foram duas coisas que caminharam muito juntas na minha vida, sacou? Eu ia para a escola, fazia a aula de música na escola e jogava futebol. Fazia as duas coisas todos os dias. A arte e o esporte estiveram sempre lado a lado na minha vida.
Anderson Talisca Spark rapper
Divulgação
Acompanha o Memphis, que também gosta e faz rap?
- Acompanho, (trocam ideia) mais no direct. Acho legal porque o Memphis expressa sua vida em forma de música. Isso é legal. Como ele já falou, é uma terapia para ele fazer música, é algo que o faz se sentir à vontade. Gosta e sabe fazer a vibe, isso é muito legal.
Quando você parar de jogar, pretende continuar na música?
- É o que estou construindo com a Nine Four, estávamos construindo para termos uma base cada vez mais sólida lá na frente.
Anderson Talisca em visita à redação do ge.globo no Rio de Janeiro
Rezzende
Anderson, o pai, o cartola e o amigo
Além das versões do atleta Talisca e do Spark artista, ainda há outro cara na jogada que merece ter a história contada. O Anderson, pai de Maria Laura e de Samuel, marido da Carolaine e um cara que sempre procurou ter os amigos por perto e ajudá-los. Antes de falar um pouco dele, perguntamos quem é quem, um por um: Anderson, Talisca e Spark.
- Acho que é a mesma persona. As três pessoas têm a personalidade diferente. Anderson é mais tranquilão, gosta de jogar videogame e de estar com a família e os filhos, bem tranquilo.
- O Spark é mais estúdio, mais música, não gosta de falar de futebol. Spark gosta de falar de música. Sou bem tranquilo (no palco), gosto de fazer a galera se divertir, cantar minhas músicas e curtir o show da melhor maneira possível. Gosto de agitar da melhor maneira. Toco com banda também, a gente tem uma equipe mais legal.
- Acho que o Talisca sua mais (em campo do que o Spark no placo). O Talisca deixa uns quilinhos (perdidos) no jogo. Na música, no nosso movimento, a gente vive por uma hora, 50 minutos de show. Futebol tem um pouco mais de intensidade (risos).
Anderson Talisca e os filhos Maria Laura e Samuel
Arquivo Pessoal
Esse descanso está sendo bom?
- Esse período está sendo importante para descansar com a família, Salvador está chovendo bastante, aqui no Rio está fazendo um pouco mais de sol (a entrevista foi gravada no último dia 7). Está dando para curtir um pouco a culinária do Brasil, a feijoada. Acho que são coisas que a gente sente falta lá fora.
Talisca fala da volta à Europa, dos costumes na Arábia e da saudade da feijoada
Do que mais sentia falta da culinária?
- Aquela feijoada com aquela pressão e intensidade é algo difícil de encontrar lá fora, são outras culturas. Sinto falta também da nossa farinha.
Paixão dos turcos e dos brasileiros: dá para ter comparação?
- A paixão turca e a brasileira são bem próximas. É algo que falo sempre com meus amigos. O calor das torcidas é muito próximo, na cobrança também. Não tem a conduta que tem aqui no Brasil, de quebrar carro, pegar jogador no CT, mas a cobrança é bem próxima.
Andar na rua é tranquilo ou é muito parado para fotos?
- A torcida lá é bem fanática de verdade. Jogador que eles gostam querem tirar foto a todo momento, querem estar sempre transmitindo carinho e admiração, mas sempre com respeito.
Sua veia artística não é só na música. Ficamos sabendo que você quase se vestiu de Super-Homem e virou o mascote do Bahia nos jogos da equipe...
- Bahia precisava de um mascote na época, e aí montaram toda a roupa do mascote. Me indicaram para ser o Super-Homem, mas quando vi a roupa, falei: Não, não dá não. Ia sentir falta de ar, roupa toda fechada e Salvador faz calor, né? Falei para o segurança colocar Boquinha (Railan). Fiquei sendo só gandula, ele (Boquinha) ficou de Super-Homem. Gandulei basicamente a Série B de 2010 toda, saí no filme do Bahia. Apareci pulando nas costas de Souza Caveirão. Foi algo bem marcante.
Tem possibilidade de jogar em outro clube no país ou só pensa no Bahia?
- Tem muitos clubes que eu gosto, vejo muito o Campeonato Brasileiro. Gosto de acompanhar quem está bem ou não. O Bahia marcou a minha história, é gratidão eterna, é o clube do meu coração, mas assisto muitos jogos de Corinthians, São Paulo, Flamengo. Tem vários clubes que eu gosto, mas agora só penso no Fenerbahçe.
O Campeonato Brasileiro subiu de nível?
- A competitividade do Brasileiro está muito grande. Há quatro ou três anos, a gente só via Flamengo e Palmeiras. Hoje você vê Atlético, São Paulo montando times mais equilibrados. Você vê o Bahia chegando, cresceu muito com a entrada da SAF há dois ou três anos. A gente vê Internacional fazendo grandes campanhas. Então o Brasileiro mudou muito e evoluiu muito.
O Anderson também já foi dirigente e esteve à frente do Esporte Clube Olímpia. O clube fechou as portas na pandemia, mas você pretende reativá-lo?
- Pretendo reativar no futuro, parei as atividades por causa da Covid-19, num momento muito importante, mas é um clube que, graças a Deus, foi para a final do Campeonato Baiano (da Série B) em seu segundo ano. Foi num momento na Bahia em que só subia um clube, hoje sobem dois.
- Foi um projeto que comecei para ajudar meus amigos e que se tornou o que foi. Pretendo voltar as atividades no futuro porque é algo muito valioso. Vai ajudar muito a garotada que está crescendo.
Que amigos que já conseguiu ajudar com os projetos que toca?
- Falando mais do Olímpia, que é algo bem engraçado e bem legal, a gente se junta nas férias para treinar junto. Metade dos meus amigos jogava comigo no Bahia na base, alguns foram para o Juazeiro, outros foram para a Série B e Série C, só que muitos ficaram desempregados.
- Fizemos dois amistosos no Estádio de Pituaçu, foi uma toqueira, e falei: Mano, não é possível que vocês estejam desempregados. Aí os moleques pediram ajuda, e eu montei o clube. Ajudei meus amigos, hoje vejo um moleque que gosto muito como o Iago, que estava jogando no Marília. O Flamengo estava de olho nele. Outros estão na Série B, outro joga no Retrô. Ajudei bastante porque a maioria era jogador.
Anderson Talisca com a camisa do Olímpia
Divulgação / Olímpia

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