
Considerando apenas a cidade de São Paulo, o aumento foi 15%. No estado, foi de 13%. 76% do total de casos registrados no estado são de vítimas consideradas vulneráveis
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Os estupros na Grande São Paulo, composta por 39 cidades, incluindo a capital, cresceram 28% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período no ano passado. Considerando apenas a cidade de São Paulo, o aumento foi 15%. No estado, foi de 13%.
Segundo o relatório de boletins de ocorrência trimestral da Secretaria de Segurança Pública, os casos na Região Metropolitana saltaram de 641 no primeiros três meses de 2024 para 822 até março deste ano.
No estado, foram 3.862 estupros entre janeiro e março de 2025. Na cidade de São Paulo, foram registrados 815.
Os registros são diferenciados como casos de estupro e estupro de vulneráveis. A divulgação dos dados também é feita pela junção de ambos os casos.
👉 Ao todo, foram registrados 2.593 casos de estupro de vítimas consideradas vulneráveis em todo o estado. Ou seja, eles representam 76% do total de casos registrados no período.
O analista criminal Guaracy Mingardi, que é membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica o aumento.
Houve um aumento significativo no número de denúncias, mas não significa necessariamente que aumentou o número de casos. Porque esse tipo de crime não é como o homicídio, por exemplo, que aparece um corpo e você sabe que morreu alguém. Esse é um crime que precisa que a vítima fale. Se a vítima ou alguém próximo a ela não denunciar, ninguém vai ficar sabendo. Logo, não vai ter registro.
Ele ressalta que o melhor jeito de lidar com esse tipo crime é facilitar que as pessoas denunciem. É necessário facilitar a queixa, tornar a denúncia cada vez mais viável. O estado precisa publicizar mais os meios disponíveis para denunciar, diz.
Segundo Mingardi, muitas vezes, a vítima fica sem jeito para denunciar ou confirmar o crime. Ainda mais, porque o agressor pode ser um parente ou porque a família não quer que faça a denúncia por medo.
Para evitar esse constrangimento da vítima, você tem que facilitar a vida dela, levar a gente que saiba ouvir e saiba convencer ela, afirma.
Em relação a solução desses crimes, Mingardi explica o caminho para ser seguido na segurança pública e defende a criação de um setor especializado na investigação desse tipo de crime.
É necessário que se crie um órgão dentro da estrutura da Polícia Civil que se especialize na investigação do crime de estupro, assim como há os especializados em investigação de homicídio, roubo, tráfico de drogas. Para qualquer um desses crimes, há um órgão ou todo um departamento da polícia especializado. Já para o estupro, não há. Para tratar desses tipos de casos, tem que ter agentes especializados, pondera.
Além disso, ele defende a atuação de uma polícia comunitária, na qual as pessoas tenham confiança. A vítima tem que saber que aquele policial é da área e que ele vai levar aquele trabalho adiante, afirma.
O que diz a SSP
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que tem o objetivo de reduzir a subnotificação dos casos e que está trabalhando na ampliação da rede de atendimento especializado.
A secretaria reforçou que o estado de São Paulo possui 141 unidades de Delegacias de Defesa da Mulher e 162 salas em delegacias com equipes preparadas para lidar com situações de violência de gênero.
E que, há um ano, foi criada a Cabine Lilás, espaço reservado para acolhimento exclusivo das vítimas, e também o aplicativo SP Mulher Segura, que disponibiliza um botão para pedidos de socorro imediato. Além disso, também há possibilidade de registrar boletins de ocorrência de forma digital.
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