
Semifinal da Champions League de 2009/10 terminou com italianos classificados em jogo dramático, com expulsão no primeiro tempo. Equipes se enfrentam em nova decisão nesta terça Messi, Xavi, Ibra, Piqué, Guardiola... Era um Barcelona com tantos grandes nomes que nem mesmo um parágrafo conseguiria aguentar o peso. Para José Mourinho, os nomes ainda buscavam a consagração. Com uma vitória por 3 a 1 na ida e uma retranca total na derrota por 1 a 0 na volta, o português liderou a Inter de Milão à final da Champions League da temporada 2009/10. Nesta terça-feira, Inter e Barça enfrentam-se às 16h na disputa por uma vaga na decisão.
O ge conta como foi o duelo entre Mourinho e Guardiola há 15 anos, em um jogo que marcou a história das duas equipes, que se reencontram em uma nova semifinal de Champions nesta temporada. A Inter recebe o Barça nesta terça-feira, às 16h (de Brasília), após um empate em 3 a 3 na ida.
+ ✅Clique aqui para seguir o novo canal ge Futebol Internacional no WhatsApp
Mourinho Inter de Milão Barcelona Liga dos Campeões 2010
Getty Images
Inter de Milão x Barcelona de 2010 é daqueles jogos que ficaram para a história. É a partida mais lembrada daquela Champions League, até mais que a final. O Barça, então campeão, via seu treinador, Pep Guardiola, ser cada vez mais elevado ao papel de gênio. Mourinho, o Special One, tinha a missão de ser o vilão dessa história como comandante da Inter.
Não era a missão do português vencer sendo o bonzinho, o herói. Não era um final de Star Wars com a Aliança Rebelde comemorando, mas um fim surpreendente com Darth Vader aniquilando a galáxia. Era a vitória do Coringa contra o Batman, da Cruella de Vil em 101 Dálmatas, da Carminha em Avenida Brasil.
Lautaro Martínez é símbolo de uma Inter de Milão valente, diz Gringolândia
Blazer e calça preta, camisa social azul, gravata preta com listras azuis, cabelo grisalho e uma língua afiada. Era um José Mourinho sem medo de ninguém. Um português que falava o necessário para entrar em campo já com 1 a 0 na mente do oponente. Falar e provocar eram partes fundamentais do processo para vencer. Esse era o adversário daquele Barcelona.
+ Veja a tabela da Champions League
José Mourinho Inter de Milão x Barcelona 2010
Claudio Villa/Getty Images
Mas o que é um treinador brilhante sem um time cheio de estrelas? A Internazionale tinha seus guerreiros bem postados. Júlio César no gol, Maicon e Zanetti nas laterais, Lúcio e Samuel na zaga. Os volantes eram Cambiasso e Thiago Motta. Pandev jogava na esquerda e Sneijder era o 10 com Etoo e Diego Milito no ataque.
O Barcelona era brilhante, com um elenco que já tinha um troféu de Champions na galeria. Valdés era o goleiro, Daniel Alves e Maxwell os laterais e a dupla Piqué e Puyol fazia a zaga. Busquets abria o meio como volante, e tinha Xavi na frente com Keita, que substituia Iniesta. Pedro, Messi e Ibrahimović formavam o ataque. Todos eles comandados por um jovem Guardiola que já reagia à orquestra como um maestro experiente.
Virada no jogo de ida
A estratégia de Mourinho era toda baseada em Messi. Zanetti, na lateral-esquerda, foi essencial junto dos volantes Cambiasso e Thiago Motta para impedir o argentino de brilhar. Até o Sneijder, o camisa 10, era deslocado se o craque do Barcelona tentasse jogar pela esquerda do time catalão.
+ Veja como está a briga por vagas na Champions no top-5 europeu a poucos dias do fim da temporada
Cambiasso e Messi - Inter de Milão x Barcelona 2010
Julian Finney/Getty Images
-- Tudo era baseado em não deixar Messi jogar. Não marcamos homem a homem, mas todo mundo era responsável por qualquer posição que Messi fosse. Nossa postura defensiva era baseada nesse problema defensivo. Era o único problema defensivo. Fora isso, tínhamos que ser compactos. Eles teriam a bola muito mais que nós. Tínhamos que ser fortes mentalmente para lidar com isso. Deixá-los ter a bola, mas não criar muitas chances contra nós -- disse Mourinho em entrevista ao The Coaches Voice.
Mesmo com toda essa estratégia defensiva, quem saiu na frente foi o Barcelona. Aos 18 minutos, Maxwell avançou pela esquerda e encontrou Pedro, que abriu o placar. Em pleno San Siro, a Inter precisava reagir.
-- A segunda parte do plano era como machucá-los. Para ganhar a partida, tínhamos que marcar gols. Maicon foi absolutamente fenomenal naquela noite atacando os espaços. Sabíamos que eles eram muito fortes na transição defensiva no campo do oponente. Mas sabíamos que eles, por não estarem acostumados com isso no Campeonato Espanhol, não eram tão bons lidando com os espaços. Saímos de um bloco baixo defensivo indo forte com quatro, cinco jogadores em posições de ataque. Funcionou.
+ Atacante da Inter de Milão descarta Yamal melhor do mundo: Primeiro e segundo são franceses
Yamal é o grande protagonista do Barcelona? Gringolândia debate
A Inter reagiu aos 29 minutos. Maicon passou para Etoo, que cruzou rasteiro na área. Samuel se preparava para chutar, mas Milito chegou antes, protegeu e encontrou Sneijder com espaço para marcar o gol de empate.
No início do segundo tempo, a virada da Internazionale. Em um contra-ataque, Samuel passou para Milito, que avançou no meio de uma defesa perdida do Barcelona (Mourinho acertou ao falar dos espaços) e encontrou Maicon. O brasileiro fez o segundo do time italiano.
Ainda deu tempo de fazer mais um. Aos 15 minutos, Thiago Motta surpreendeu Xavi ao roubar a bola do meia espanhol e abriu na direita com Maicon. Realmente era uma noite espetacular do lateral, que cruzou na área para Sneijder. O holandês cabeceou para o chão, e a bola parou em Diego Milito (em posição irregular), que marcou o 3 a 1 em um tempo sem VAR.
+ Raphinha quase jogou Eurocopa pela Itália: Por sorte, meu passaporte não chegou
Maicon comemora gol em Inter de Milão 3x1 Barcelona na Champions League de 2009/10
Julian Finney/Getty Images
Drama e classificação
Esses foram apenas os primeiros 90 minutos daquela semifinal. A volta, em Barcelona, guardava mais um capítulo épico. O Camp Nou recebeu 98 mil torcedores confiantes em uma virada do Barça. Passar para a final seria incrível: o jogo do título seria disputado no Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid.
Mourinho, rei nos jogos mentais das coletivas de imprensa, jogou toda a pressão para os adversários. Tratou a final e o título com um sonho, e falou que o caso do Barcelona era uma obsessão. Eles tinham que ganhar da Inter e vencer a final na casa do Real Madrid. Era uma questão de honra, como dizia o português.
Uma das estratégias para abalar ainda mais o emocional e incendiar o ambiente catalão foi levar um compatriota odiado pela torcida do Barcelona. Luís Figo, tratado como Judas na Catalunha por trocar o Barça pelo Real Madrid em 2000, havia se aposentado na Inter no ano anterior e ainda trabalhava no clube. A brilhante ideia de Mourinho foi levar o colega português ao banco de reservas do Camp Nou com ele. Bingo! Era guerra na Espanha.
+ Fora há quatro jogos, Lewandowski é relacionado pelo Barcelona para enfrentar a Inter de Milão
Figo e Mourinho em Barcelona x Inter de Milão pela Champions League de 2009/10
Michael Regan/Getty Images
Para o jogo de volta, o Barcelona tinha uma mudança: em vez de Maxwell, Keita ficaria na esquerda, e Yaya Touré ia para o meio. A Inter também fez uma troca: Chivu entrou no lugar de Pandev. A postura do time italiano, porém, seria o grande diferencial. Esse era o momento de se defender e segurar a vantagem de dois gols. Nada de arriscar.
O time de Mourinho teve um baque aos 28 minutos do primeiro tempo. Thiago Motta, na disputa pela posse, acertou a mão no rosto de Busquets e foi expulso. Guardiola passou imediatamente a planejar o jogo com um mais, mas o português foi no pé de seu ouvido e voltou a provocar.
-- Quando o Busquets caiu atordoado ao chão, eu estava entre o meu banco, o do Barcelona e o lugar onde o Thiago Motta foi expulso. Pelo canto do olho vi o banco do Barcelona celebrar aquilo como se tivessem ganho. O Guardiola chamou o Ibrahimović para falar sobre táticas de 11 contra 10… Simplesmente disse: Não façam festa porque ainda não acabou. Essa derrota foi a mais saborosa da minha carreira -- disse Mourinho à Gazzetta dello Sport.
+ Ancelotti projeta clássico decisivo na briga pelo título: Está nas mãos do Barcelona
Mourinho fala no pé do ouvido de Guardiola em Barcelona x Inter de Milão na Champions League 2009/10
Reprodução
A tática foi uma só: estacionar o ônibus: ou, em outros idiomas, park the bus, aparcar el autobús, parcheggiare lautobus. Era retranca, time fechado. Ninguém sai, ninguém entra. Mas Piqué estava disposto a destruir o ônibus da Inter.
Em mais um gol que seria anulado pelo VAR hoje em dia, Piqué recebeu de Xavi na grande área e teve um momento de Messi. Parou a bola, girou para deslocar Júlio César e Córdoba e finalizou para buscar a reação do Barcelona. Não foi o suficiente. Com 3 a 2 no agregado, a Inter de Milão avançou.
A Inter de Milão foi campeã com um 2 a 0 na final sobre o Bayern de Munique. Mourinho foi para a Espanha treinar o Real Madrid, onde a rivalidade com o Barcelona e Guardiola só cresceu. Agora, Barça e Inter enfrentam-se às 16h desta terça-feira novamente pelas semifinais da Champions League. Na ida, os times empataram em 3 a 3. O ge acompanha o confronto em tempo real.