
Eduardo Machado conta que decisão visa recuperar a capacidade de investimento e operacional do clube. Advogado reforça que processo protege patrimônio da instituição Presidente do ABC e advogados participam de entrevista coletiva
Thiago César/Inter TV Cabugi
O presidente do ABC, Eduardo Machado, falou pela primeira vez sobre o pedido de recuperação judicial do clube, deferido pela Justiça na última segunda-feira. Em entrevista coletiva, ele afirmou que era uma medida necessária e que já estava no radar, até mesmo durante o processo eleitoral. O dirigente também citou que trata-se de um remédio amargo, mas que alguém tinha que tomar.
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- Nós decidimos tomar esse remédio amargo não só em nome da nossa gestão, não só em nome do que a gente acredita, mas em nome do ABC Futebol Clube. Seria muito mais cômodo para mim não tomar essa medida, passar aqui três anos do jeito que vinha ao longo dos últimos anos, empurrando conta para debaixo do tapete e o clube nas cordas, recebendo porrada de manhã, de tarde, de noite, com 243 credores batendo à nossa porta e a gente sem ter a mínima tranquilidade para trabalhar o clube, sem a menor capacidade de investimento, sem a menor capacidade operacional devido a essas dívidas e devido a esses bloqueios - falou.
- A partir de agora, falando um português claro, o ABC Futebol Clube sai das cordas, certo? E ele vai conversar de igual para igual com os seus credores. A gente não está dizendo com isso que a gente não vai pagar a conta. Muito pelo contrário. Agora é que a gente vai estabelecer o nosso plano de pagamento de contas, referendado pela justiça. E a gente vai ter um nível de transparência, inclusive, aqui no clube, muito maior. Talvez um nível de transparência que não se tinha e nunca se teve aqui no ABC Futebol Clube, com a recuperação judicial. E, de fato, que nós estamos muito tranquilos e, acima de tudo, muito seguros da decisão que nós tomamos - ressaltou.
A dívida ultrapassa R$ 40 milhões, e entre os credores estão Receita Federal, Justiça do Trabalho, pessoas físicas que aportaram recursos no clube e fornecedores.
O advogado Gustavo Matos, contratado pelo clube para auxiliar na condução deste processo, contou que o plano de pagamento será apresentado aos credores em até 150 dias.
- É uma realidade hoje no futebol brasileiro encontrarmos clubes tradicionais, como o ABC, com um acúmulo de dívidas que, ao longo da sua história, ficaram sem solução. O processo de recuperação judicial vem para regular uma forma de resolver esse passivo, em equilíbrio com os credores, suspendendo a exigibilidade desse passivo, permitindo que o ABC negocie de forma coletiva, negocie de forma equilibrada com o seu conjunto de credores, uma solução que seja factível para os seus credores, mas que também permita o clube honrar dentro da sua capacidade de pagamento - comentou.
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Gustavo também enfatizou que não existe risco de penhora do patrimônio do clube.
- A recuperação judicial tem com o seu processamento um primeiro efeito relevante, que é a suspensão das ações e execuções. É legítimo que o credor, na satisfação do seu crédito, busque a penhora de ativos para fazer a venda e honrar aquela dívida que o clube tem com ele. Com a recuperação judicial, a gente consegue a suspensão do processo de execução, ou seja, o patrimônio fica protegido, fica a salvo da alienação de juízos individuais, de processos individuais, para que a solução se dê de forma, com muito diálogo, com uma dialética permitida pela lei de recuperação judicial e de forma coletiva, numa Assembleia Geral de Credores, o pagamento seja definido num plano de recuperação judicial - concluiu.
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