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Prado: Há mais de 30 anos, a família do agricultor Sebastião José Soares, 68 anos, portador de doenças crônicas graves, enfrenta a invasão de suas terras por grandes empresas do setor de celulose. Tudo começou com a Fibria, que após fusão, transferiu o conflito para a Suzano Papel e Celulose. Documentos de posse (anexos) comprovam que a área de 327 hectares em Alcobaça (BA) pertence à família Soares desde 1989, mas a Suzano insiste em plantar e explorar eucalipto no local — sem qualquer contrato ou autorização.
Invasão, omissão e humilhação:
Em entrevista emocionada, o Senhor Sebastião relatou que a ocupação começou na base da força: Mandaram polícia militar e CAEMA. Não pudemos fazer nada. Apesar de audiências marcadas, a Suzano nunca compareceu. Ficamos horas esperando, sem resposta da Justiça, denunciou a Jaqueline, assistente do Dr. Anderson Magalhães Lima, que representa a família.
O ápice do conflito ocorreu em 12/04/2024, quando dois trabalhadores contratados por Sebastião — Marcos Pedro Ribeiro da Mota e Darlan Amaral Ribeiro — foram presos pela Polícia Civil de Caravelas em ação conjunta com a segurança privada da Suzano. Acusados de furto de madeira, os homens foram constrangidos publicamente, mesmo apresentando contrato de compra assinado por Sebastião. A madeira é minha, plantada pela Fibria há anos. Eles só estavam colhendo o que já nem serve mais para celulose, explicou Sebastião, que no dia da prisão estava em sessão de hemodiálise, tratamento vital para sua saúde.
Documentos x poder econômico:
A defesa destacou a falha da polícia em apresentar provas: O delegado não mostrou o mapa que alegou ter, e a área da Suzano fica a mais de 1 km da propriedade do Sr. Sebastião, afirmou Dr. Anderson. A assistente Jaqueline adiantou que ações por danos morais e patrimoniais contra a Suzano estão em preparação.
Enquanto isso, Sebastião, debilitado pela hipertensão e osteodistrofia renal, segue lutando: É minha terra, documentada. Eles não têm um palmo de papel. A reportagem tentou contato com a Suzano, mas não obteve resposta.
Contexto histórico:
- 1989: Terra registrada em nome da família Soares.- Década de 1990: Fibria inicia plantio irregular.- 2024: Suzano herda o conflito e intensifica pressão.
Isso é o Lampião do século XXI, resumiu Sebastião, referindo-se à violência simbólica e econômica que vitima pequenos proprietários. A comunidade aguarda respostas do Ministério Público e da Justiça baiana.
O que vivemos foi irreparável, desabafou Darlan, um dos trabalhadores presos. Enquanto a Suzano silencia, a pergunta ecoa: até quando a Justiça permitirá que o poder econômico prevaleça sobre direitos constitucionais?
Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews
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