Wagner diz que alguém do seu governo negociou com Odebrecht

(Foto: divulgação)


O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse em entrevista a uma rádio baiana que "alguém" do seu governo tentou negociar propina com Odebrecht na construção da Via Expressa, maior obra realizada em sua administração que acabou sendo feita pela OAS.

De acordo com Wagner, ele soube por Cláudio Melo, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira, que "alguém [do seu governo] tentou dar uma acertada" e "ia receber uma bola [propina]" pela obra. Mas que teria desautorizado a negociação.

"Pergunta à Odebrecht e a Cláudio Melo por que ele não pegou a obra da Via Expressa. Ele não pegou porque alguém do meu governo, que não me interessa falar, parece que já tinha vendido a ele a obra na contrapartida de alguma grana. E eu digo [disse]: se você pagou adiantado, pagou mal pago, porque aqui vai ter licitação", afirmou Wagner.

Orçada em R$ 480 milhões e custeada com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Via Expressa é uma avenida que liga o porto de Salvador com a BR-324, principal saída rodoviária de Salvador.

A obra foi iniciada em 2008 após a licitação ter sido vencida pela empreiteira OAS, com deságio de 18%, e inaugurada em novembro de 2013.

Questionado sobre quem seria a pessoa que havia negociado propina com a Odebrecht, ex-ministro não quis dar o nome e se limitou a afirmar que a pessoa não faz parte da atual gestão do governo da Bahia, comandado por seu aliado Rui Costa (PT).

Perguntado se havia o demitido ou punido, Wagner afirmou que "não teve nenhuma corrupção feita" porque o funcionário "não recebeu" propina da Odebrecht.

"Ele não aprontou porque eu não deixava. Eu sempre cortei as asas", afirmou Wagner, que atualmente ocupa o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia.