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Mayra Aguiar se aposenta: ouro olímpico não define tamanho de um atleta

globoesporte.com - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

27/12/2024 por Redação

Judoca deixa o tatame com cinco Olimpíadas disputadas e três medalhas conquistadas. Era uma atleta à altura do ouro Medalhista em três olimpíadas, Mayra Aguiar anuncia aposentadoria
Nesta quinta-feira, enquanto estávamos distraídos entre a passagem do Natal e a expectativa pelo novo ano, Mayra Aguiar, com a discrição habitual, anunciou aposentadoria. Aos 33 anos, retira-se dos tatames uma das maiores atletas que o judô deu ao Brasil – uma tricampeã mundial e dona de três medalhas olímpicas.
– Fui até onde meu corpo permitiu e, mesmo quando ele não permitia mais, forcei ainda mais alguns anos, porque sou teimosa – escreveu a agora ex-atleta em uma postagem.
Em 2008, fui à Sogipa, tradicional clube de Porto Alegre, fazer uma reportagem com João Derly, outro grande judoca. Lembro do momento em que o assessor de imprensa da instituição, Fabrício Falkowski, apontou para uma adolescente se exercitando na pista atlética e disse: “Daqui a alguns anos, é sobre ela que tu vai escrever”.
Ele tinha razão. Nos anos seguintes, o talento esportivo de Mayra Aguiar se tornou evidente. Ainda em 2008, ela disputou a primeira de suas cinco Olimpíadas. Tinha apenas 16 anos. Foi eliminada na primeira luta. Quatro anos depois, conquistou a medalha de bronze em Londres – após ser eliminada nas semifinais pela norte-americana Kayla Harrison, um fenômeno do judô, que se tornaria sua maior rival (e bicampeã olímpica).
Mayra Aguiar é tricampeã mundial de judô
Kirill KUDRYAVTSEV / AFP
Mayra voltaria a conquistar o bronze nas duas Olimpíadas seguintes, no Rio de Janeiro e em Tóquio. E se despediria dos Jogos Olímpicos este ano, em Paris, já abatida por dores persistentes – que anunciavam a proximidade da aposentadoria.
No meio do caminho, Mayra foi campeã mundial três vezes (em 2014, 2017 e 2022). Mas não conseguiu o ouro olímpico. E por uma série de razões: porque sofreu com lesões (foram oito cirurgias), porque foi da mesma geração de Kayla Harrison, talvez porque a pressão a tenha levado a cometer erros nas Olimpíadas do Rio. Era uma atleta à altura do ouro. Só que ele não veio.
A carreira de Mayra não deve ser diminuída por isso. Ela teve uma trajetória mais consistente do que a de atletas que conquistaram a medalha de ouro – como, para citar um exemplo do mesmo esporte, o judoca Rogério Sampaio, campeão em Barcelona-1992. Durante quase duas décadas, competiu em altíssimo nível, entre as melhores do planeta. Não é para qualquer um.
Por causa de nossa excelência no futebol e pela dominação que ele tem sobre outros esportes, somos pouco pacientes com resultados que não sejam o primeiro lugar. A cada quatro anos, quando desperta o interesse brasileiro por esportes olímpicos, a medalha de ouro vira uma obsessão coletiva – conquistá-la é o suprassumo, perdê-la é frustração.
Mayra Aguiar, agora aposentada, nos lembra que o ouro vale muito, mas não o suficiente para determinar a grandeza de um atleta.

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