Seis dos nove feridos permanecem internados. Homem abriu fogo e matou pai, irmão e um soldado da Brigada Militar. Suspeito morreu em troca de tiros com a polícia. PMs seguem internados após ataque a tiros em Novo Hamburgo
Dois policiais militares, a mãe e a cunhada do homem que abriu fogo em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), conforme boletins médicos divulgados na manhã desta quinta-feira (24).
Eles foram baleados pelo atirador que manteve a própria família em cárcere privado, matou o pai e o irmão e feriu outras nove pessoas.
Veja o que se sabe e o que falta saber sobre o caso
Fotos mostram dezenas de marcas de tiros na casa
Ao todo, seis pessoas permanecem hospitalizadas – há ainda um guarda municipal e uma policial militar. Os outros três feridos receberam atendimento médico e já tiveram alta.
O atirador, identificado como Edson Fernando Crippa, de 45 anos, morreu durante a troca de tiros com a Brigada Militar (BM).
Os feridos:
Cleris Crippa, 70 anos (mãe do atirador): Passou por cirurgia. Está na UTI do Hospital Centenário de São Leopoldo. Quadro de saúde inspira cuidados.
Priscilla Martins, 41 anos (cunhada do atirador): Passou por cirurgia. Está na UTI do Hospital Centenário de São Leopoldo. Quadro de saúde inspira cuidados.
Rodrigo Weber Voltz, 31 anos (policial militar): Em estado gravíssimo na UTI do Hospital Municipal de Novo Hamburgo.
João Paulo Farias Oliveira, 26 anos (policial militar): Em estado grave, também na UTI do Hospital Municipal de Novo Hamburgo.
Joseane Muller, 38 anos (policial militar): Em estado estável no Hospital da Brigada Militar, em Porto Alegre, conforme boletim de quarta (23).
Volmir de Souza, 54 anos (guarda municipal): Deu entrada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e foi transferido para o Hospital da Unimed. Sem atualizações sobre o estado de saúde.
Eduardo de Brida Geiger, 32 anos (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Leonardo Valadão Alves, 26 anos (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Felipe Costa Santos Rocha (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Cápsula de munição encontrada nas proximidades de local onde homem matou pai, irmão e PM
Reprodução/RBS TV
Quem são os mortos
Além do assassino, outras três pessoas morreram:
Eugênio Crippa, 74 anos (pai do suspeito): De acordo com a BM, foi morto na garagem da residência por disparos de arma de fogo.
Everton Luciano Crippa, 49 anos (irmão do suspeito): Foi resgatado e encaminhado ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Recebeu atendimento médico, mas morreu após uma parada cardíaca, por volta de 8h de quarta.
Everton Raniere Kirsch Junior, 31 anos (policial militar): Estava na Corporação desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
Velório de soldado
O corpo do policial militar Everton Raniere Kirsch Junior, 31 anos, está sendo velado, nesta quinta-feira (24), no Cemitério Jardim da Memória, em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O PM é uma das vítimas do homem que manteve a própria família em cárcere privado, matou o pai e o irmão e feriu outras nove pessoas.
Amigos, familiares e colegas de Brigada Militar (BM) acompanham a despedida. Segundo relatos de pessoas ouvidas pela RBS TV, o soldado era muito bem quisto por todos dentro da Corporação.
Everton estava na BM desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Eduardo Leite (PSDB) manifestaram pesar pela morte das vítimas, citando o PM baleado.
Amigos, familiares e colegas de BM acompanham velório de policial morto
Jefferson Botega/Agência RBS
O caso
O crime aconteceu em uma casa na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco. Conforme a BM, o homem manteve os pais em cárcere privado. O próprio pai teria ligado para a polícia denunciando maus-tratos, segundo o Bom Dia Brasil. Logo que viu os agentes, na parte da frente do imóvel, o homem atirou contra eles.
De acordo com o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, houve tentativa de negociação e conversa com o atirador, incluindo contato telefônico. O homem, no entanto, só respondia com disparos, segundo o comandante.
O comandante Alexandro Famoso informou que o homem atirou de forma inesperada [...] em todas as pessoas que se encontravam naquele local, na frente da residência.
O cerco começou na noite de terça-feira (22) e durou cerca de nove horas. O suspeito foi morto na troca de tiros com a polícia.
Perito recolhe grande quantidade de munição após ataque em Novo Hamburgo
Armas e munição encontradas
A Brigada Militar (BM) encontrou quatro armas e farta munição na casa. O suspeito tinha registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC).
Foram localizadas duas pistolas, uma de calibre 9 mm e outra .380, e duas espingardas. O chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré, classificou a situação como um cenário de guerra.
O atirador também abateu dois drones da Brigada Militar. As armas estariam legalizadas, segundo os investigadores.
Ele era a CAC, e tinha uma arma registrada no SIGMA, no Exército, e uma arma registrada no SINARM, no Registro Normal. E todas as armas dele apresentavam legalidade, todas estavam de acordo com a legislação, diz Sodré.
Homem mata pai, irmão e policial militar em Novo Hamburgo
RBS TV/Reprodução
O secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, afirmou que o assassino tinha histórico de esquizofrenia.
Ele tinha um histórico de pelo menos quatro internações por esquizofrenia, então é óbvio que qualquer um de nós sabe que no momento em que se der acesso a arma de fogo e afarta munição a uma pessoa com esquizofrenia, uma tragédia vai ocorrer, afirma Caron.
Ao g1, o Exército informou que havia uma pistola .380 registrada no nome do suspeito. A arma foi adquirida em 2007, e a revalidação estava prevista para 2026. O laudo psicológico de 2020, feito por um profissional credenciado, não apontou problemas, informou o porta-voz do Exército.
Já a Polícia Federal (PF) afirmou que, das quatro armas apreendidas, há registrado no sistema SINARM apenas um armamento, com certificado de registro válido, conforme legislação vigente na época.
O pedido de aquisição da referida arma de fogo foi realizado nesta Superintendência da Polícia Federal, quando foi anexada a documentação exigida pela legislação, inclusive o laudo psicológico de APTO para a aquisição de armas, emitido por psicóloga devidamente credenciada, disse a PF.
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