Mobilidade reduzida, doença crônica, diversas fraturas e operação recente não impediram moradores de exercerem a cidadania neste domingo (6) de eleições. Moradores do litoral de SP enfrentam desafios físicos para exercerem seu direito ao voto
Vanessa Rodrigues/Daniel Gois/Nicole Vasques
Alguns moradores da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, não deixaram de comparecer aos locais de votação apesar das suas dificuldades físicas. Esse é o caso da administradora Ethel Schad, de 48 anos, que tem mobilidade reduzida, do motoboy Daniel de Freitas Prazeres, de 43 anos, que sofreu um acidente de trabalho há três semanas e o aposentado por invalidez, Pedro Umbelino Dantas, de 69 anos, que tem a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e foi votar com um cilindro de oxigênio.
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Por determinação do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o voto deve ser acessível para que todos possam exercer um dos direitos garantidos na Constituição Federal de 1988, que impõe o voto direto e secreto, com valor igual para todos, independentemente da deficiência ou mobilidade reduzida.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
O aposentado por invalidez Pedro Umbelino Dantas, de 69 anos, é portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
O aposentado por invalidez Pedro Umbelino Dantas, de 69 anos, é portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) [condição respiratória que obstrui as vias aéreas, dificultando a respiração]. Ele foi ao local de votação levando um cilindro de oxigênio.
“Esse (cilindro) eu aluguei, R$ 210 por mês. Tive que pagar pra vir votar. Caso contrário, a Prefeitura não dispõe pra gente andar na rua. Dentro de casa eu tenho uma máquina que a prefeitura dá pra gente ligar na tomada. E essa máquina fica ligada 24 horas por dia. Fora isso, tem dois cilindros grandes, de quatro quilos, que se faltar energia ou acabar a eletricidade, eu ligo no oxigênio”.
Mobilidade reduzida
A administradora Ethel Schad, 48 anos, mora no Parque Estuário, em Guarujá(SP), e nasceu com Síndrome de Talidomida
Daniel Gois/A Tribuna Online
A administradora Ethel Schad, 48 anos, mora no Parque Estuário, em Guarujá(SP), e nasceu com Síndrome de Talidomida, doença que provocou uma má formação nas mãos. Também é cadeirante há 13 anos, depois de sofrer uma queda na rua, que provocou uma lesão no cóccix.
Estou há 13 anos na cadeira de rodas, devido a uma lesão no cóccix. Quando eu caí, meu cóccix virou. Perdi equilíbrio. Fico em pé, mas não consigo andar. Graças a Deus não chegou a quebrar”, conta.
Ela votou na Escola Municipal Presidente Franklin Delano Roosevelt, no Jardim Boa Esperança. Ethel contou detalhes sobre a ‘batalha’ para chegar à escola onde votou. “Fui a primeira pessoa a votar [na escola]. Tem que exercer o papel de cidadã. A escola em si é toda acessível, e a seção também, mas o acesso à escola é muito ruim. A cadeira atolou no meio do caminho”, desabafou.
Diversas fraturas
O motoboy Daniel de Freitas Prazeres, de 43 anos, sofreu um acidente de trabalho há três semanas em Santos
Nicole Vasques/g1
O motoboy Daniel de Freitas Prazeres, de 43 anos, sofreu um acidente de trabalho há três semanas em Santos (SP), no litoral de São Paulo. Mesmo com a clavícula esquerda e o maxilar fraturados em função da colisão no trânsito, ele decidiu exercer seu direito como cidadão na manhã deste domingo (6).
Segundo Daniel, o acidente aconteceu na altura do canal 3, próximo ao bairro Vila Mathias. Ele fazia um trajeto de moto quando, de repente, outra motocicleta bateu frontalmente com a dele.
O motoboy tem uma consulta médica marcada para a semana que vem, na qual descobrirá se precisa de cirurgia no ombro. Apesar das dificuldades, rejeitou a opção de justificar o voto e foi pessoalmente à zona eleitoral dele para ajudar a escolher quem ocupará os cargos de prefeito e vereadores.
Recém operado
O gestor ambiental Fábio Ungaretti, 62 anos, passou por uma cirurgia no quadril há 32 dias.
Nicole Vasques/g1
O gestor ambiental Fábio Ungaretti, 62 anos, passou por uma cirurgia no quadril há 32 dias. Isso não foi um empecilho para ele ir até a Universidade Santa Cecília, no bairro Boqueirão, em Santos (SP), e exercer o direito dele ao voto. Já estou me recuperando, garantiu.
Segundo Fábio, votar antes das 9h é muito mais calmo. Desta vez, às 8h30, ele já saía do local de votação. É sempre bem mais calmo, o pessoal não quer acordar cedo. Então, a gente acorda cedo, já vem e faz a nossa obrigação, disse ele, que afirmou estar se recuperando da operação.
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