Edgar Silva Primo é acusado de mandar matar e Henrique Pacheco é réu por atirar na vítima. Defesa de Edgar entrou com recurso contra a decisão e Henrique confessou ter atirado em Brunno Baylão Lobo. Empresário Bruno Bailão Lobo, de 40 anos, assassinado em Goiânia
Reprodução/PC-GO e Redes Sociais
A Justiça de Goiás decidiu que os dois acusados da morte do empresário Brunno Baylão Lobo, que foi assassinado ao sair de casa, em Goiânia, vão a júri popular. São réus pelo crime o dono de um laticínio, Edgar Silva Primo, acusado de mandar matar a vítima por uma suposta dívida de R$ 250 mil que não conseguia pagar, e Henrique Pacheco de Almeida, acusado de ser o atirador.
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O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro e foi investigado pelo delegado João Paulo Mendes. Segundo a investigação, a emboscada contou até mesmo com uma simulação de pedido de socorro por parte do suspeito (entenda a cronologia abaixo).
Em nota, a defesa de Edgar Primo, representada pelo advogado Adenilson Pessoni, disse que entrou com recurso contra a decisão para que o acusado não seja julgado pelo Tribunal do Júri como mandante ou interessado na morte do empresário e para revogar a prisão dele (leia a nota completa ao fim da reportagem).
“Não foi provado que Edgar estivesse devendo para a vítima. Nem que tenha emprestado a arma de fogo utilizada pelo outro denunciado que efetuou os disparos e muito menos que tenha feito qualquer pagamento para tal.
O g1 entrou em contato por mensagem com a defesa de Henrique Pacheco na manhã desta quinta-feira (26), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A decisão da pronúncia (documento que determina que os acusados passarão por júri popular) foi emitida na sexta-feira (20) pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara. No documento, o magistrado narrou que Henrique confessou a autoria do crime e que Edgar negou ter mandado matar o empresário, além de dizer que não tinha nenhuma desavença com a vítima.
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Investigação
Empresário Bruno Bailão Lobo, de 40 anos, assassinado em Goiânia
Reprodução/Redes Sociais
Segundo o delegado João Paulo Mendes, o crime contra o empresário e foi motivado por uma dívida de R$ 250 mil que o suposto mandante teria com a vítima. Ele explicou que Edgar e Brunno tinham uma relação comercial há cerca de 10 anos:
Edgar, dono de um laticínio em Inhumas, fabricava mussarela. Brunno comprava o queijo e revendia para supermercados em Goiânia. Os negócios geravam em torno de R$ 230 mensais.
De forma paralela, os dois ainda tinham um negócio de “desconto de cheques”.
Segundo a polícia, o crime começou a ser planejado dias antes de oficialmente acontecer. Para botar o plano em prática, Edgar teria oferecido cerca de R$ 15 mil a Henrique. A investigação mostrou que inicialmente o atirador negou, mas depois acabou aceitando. O delegado explicou que, para facilitar a execução, Edgar teria pedido que, em algumas ocasiões, Henrique fizesse o mapeamento da área para entender como seria a dinâmica da casa e o comportamento da vítima.
O delegado João Paulo Mendes lembrou que Edgar esteve presente na cena do crime durante a execução e que foi ele o responsável em ligar para a Polícia Militar, simulando um pedido de socorro. Na ocasião, Edgar teria comunicado um suposto latrocínio, que seria um roubo seguido de morte. No entanto, a Polícia Civil descartou essa possibilidade logo que chegou no local em que Brunno foi assassinado. Além de acionar o socorro, Edgar ainda teria fingido uma tentativa de impedir a fuga do atirador.
Cronologia do crime
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12 de fevereiro: primeira tentativa falha
Conforme a investigação, Edgar e Henrique já vinham planejando a morte do empresário há alguns dias antes do dia em que Brunno morreu. A primeira tentativa, segundo a polícia, foi no dia 12 de fevereiro. Na ocasião, Bruno fazia uma entrega no interior.
No entanto, o delegado explicou que apesar dos suspeitos terem planejado, não viram um cenário favorável para o crime nesta data, devido a quantidade de testemunhas no local.
14 de fevereiro: segunda tentativa falha
Em uma segunda tentativa de cometer o assassinato, no dia anterior ao crime, Henrique foi visto à procura da vítima. Assim como no dia do crime, no dia 14 foi feita a simulação de uma entrega. Segundo a polícia, na ocasião, os funcionários de Brunno desconfiaram e disseram que ele não estava no local.
No mesmo dia, Henrique trocou de camiseta e, em seguida, ele e Edgar foram vistos na casa de Brunno. Ele iria matar se ele tivesse encontrado o Bruno. Como ele não veio, o funcionário desconfiou, ele só morreu no dia 15, acrescentou o delegado.
15 de fevereiro: dia do crime
Crime aconteceu no Residencial Junqueira, em Goiânia
Reprodução/Câmeras de segurança
No dia em que Brunno foi morto, Edgar combinou de entregar uma carga de muçarela para ele. A polícia explicou que, segundo o planejamento dos suspeitos, durante a entrega Henrique deveria ficar à espreita, esperando a oportunidade para cometer o crime.
Quando Brunno retirou seu veículo da garagem para que Edgar entrasse com a camionete e descarregasse os produtos, Henrique se aproximou e realizou oito disparos contra o ofendido, que morreu no local.
Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que Bruno foi surpreendido pelo atirador (assista acima). Ele não resistiu e morreu no local. Durante cumprimento de mandados de buscas e apreensões, foram apreendidos:
a arma do crime;
vestimentas do executor;
motocicletas utilizadas;
Nota da defesa de Edgar Silva Primo na íntegra:
A defesa do empresário Edgar Silva Primo já protocolou Recurso em Sentido Estrito, destinado ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás com objetivo de reformar a Decisão de Pronúncia, proferida pelo MM. Juiz de Primeira Instância, bem como revogar a prisão do acusado, que se encontra injustamente preso, desde 6/3/2024. Esclarece que não será julgado pelo Tribunal do Júri como mandante ou interessado na morte do empresário Bruno Bailão Lobo, enquanto não for apreciado e julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o Recurso em Sentido Estrito protocolado pela defesa. E, muito embora a Decisão de Pronúncia tenha entendido que Edgar deva ser submetido a julgamento por sete jurados com incumbência de analisar se o mesmo concorreu ou não para o assassinato a tiros de Bruno, que em verdade o crime foi praticado unicamente por Henrique dos Reis Alves, conforme imagens claras captadas por câmera de segurança. Ademais, não foi demonstrado pela Promotoria de Justiça, quaisquer elementos de prova que pudessem evidenciar que Edgar Silva Primo tenha concorrido para a prática do crime. Não foi provado que Edgar estivesse devendo para a vítima. Nem que tenha emprestado a arma de fogo utilizada pelo outro denunciado que efetuou os disparos e muito menos que tenha feito qualquer pagamento para tal.
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