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Após pedido de SP, polícia do PR investiga farmacêutica que teria vendido curso online de peeling de fenol a influencer

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

11/06/2024 por Redação

Daniele Stuart é suspeita de exercício ilegal da medicina. Ela mora em Curitiba e, Natália - investigada por morte de paciente, teria comprado o curso com Daniele. Farmacêutica Daniele Stuart oferece cursos de estética pela internet
Reprodução/Instagram
A polícia do Paraná afirmou ao g1 nesta terça--feira (11) que vai investigar a farmacêutica Daniele Stuart, que teria vendido um curso online de aplicação de peeling de fenol à influencer Natalia Becker. Um paciente morreu após passar pelo procedimento na clínica de Natalia em São Paulo.
A investigação vai apurar se Daniele Stuart cometeu exercício ilegal da medicina.
Segundo Eduardo Luis Ferreira, delegado titular do 27º Distrito Policial (DP), Campo Belo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que somente médicos dermatologistas podem realizar esse tipo de peeling, por ser considerado invasivo.
A gente vai extrair cópia do inquérito policial e enviar para a polícia do Paraná investigar a suspeita de que Daniele possa ter cometido exercício ilegal da medicina por ensinar como fazer peeling de fenol. Esse curso online extrapola a questão do ato médico. Está bem definido que esse tipo de procedimento é um ato médico, afirmou o delegado ao g1.
Apesar de a influencer Natalia se apresentar nas redes sociais como esteticista, ela não tem registro na Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos (Anesco) para atuar na área.
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Natalia é influencer e dona da clínica que aplicou o peeling de fenol no empresário Henrique Chagas, que morreu em 3 de junho, cerca de duas horas após o procedimento. Ela foi indiciada por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e responde ao crime em liberdade.
Natalia Becker e Henrique Silva Chagas
Reprodução
O Studio Natalia Becker foi fechado pela prefeitura após a morte do paciente por suspeita de irregularidades.
A Polícia Civil de São Paulo ainda aguarda o resultado do laudo que apontará a causa da morte do paciente. Mas a principal hipótese é a de que ele morreu em razão do fenol. Segundo peritos, Henrique teria inalado o produto, se asfixiado e tido uma parada cardiorrespiratória. Em entrevista exibida neste domingo pelo Fantástico, Natalia disse que a morte de Henrique foi uma fatalidade.
Em seu interrogatório à polícia paulista, Natalia contou que aprendeu a aplicar o fenol após comprar no ano passado, por aproximadamente R$ 500, um curso virtual com Daniele Stuart, farmacêutica que atua em Curitiba, no Paraná.
Daniele é proprietária da Clínica Neo Stuart. Nas suas redes sociais, diz ser formada em biomedicina e se apresenta como doutora. Quem tem formação apenas em biomedicina, no entanto, não é médico.
Imagem da câmera da clínica em SP onde empresário morreu após realizar procedimento estético.
Fantástico
Além de pedir que a polícia em Curitiba investigue Daniele, o delegado tenta ouvi-la no inquérito da delegacia de São Paulo, que apura as causas e eventuais responsabilidades pela morte de Henrique. Ainda não ficou definido se a farmacêutica dará depoimento na capital paulista ou no Paraná.
Não temos essa informação. A polícia ainda não nos procurou, falou o advogado Jeffrey Chiquini, que defende os interesses de Daniele.
Informações sobre uso de fenol que estão em apostila que Natalia Becker afirma ter obtido com Daniele Stuart
Reprodução
A farmacêutica foi procurada pelo g1, mas não quis comentar o assunto e pediu que sua defesa falasse.
Tentar envolver a doutora Daniele nesse caso e relacioná-la à morte da vítima é de todo injusto e irresponsável e precipitado. Doutora Daniele é uma profissional respeitada, especialista na área, gabaritada. Que forneceu um curso de acesso livre conceitual, que já foi acessado por mais de 3 mil alunos, sem haver qualquer reclamação, afirmou o advogado.
E completou: Acontece que a doutora Daniele não tem controle de quem acessa esse curso online. Mas afirmamos que em momento algum a doutora Daniele teve contato com essa pessoa que é acusada de autoria de homicídio. A doutora Daniele em momento algum ensinou essa senhora a realizar procedimentos invasivos. Não a instruiu a agir como fez. Inclusive os procedimentos que aquela senhora adotou não condizem com aquilo que a doutora Daniele ensina.
Segundo a defesa, sua cliente não teve contato com a vítima. E aquela que aplicou de forma errada tecnicamente o procedimento não era habilitada para tal, falou Jeffrey sobre Natalia. A doutora Daniele é habilitada para atuar nessa área, habilitada para ensinar. Mas aquilo que a doutora Daniele ensina não foi aplicado como deveria.
Cerca de dez pessoas já foram ouvidas pelo 27º DP no inquérito que apura o caso do paciente morto após o peeling de fenol. Henrique tinha 27 anos e era dono de um pet shop em Pirassununga, interior de São Paulo, onde foi enterrado.
Imagens mostram paciente que fez peeling de fenol momentos antes de passar mal em SP
Há três anos, namorava o administrador Marcelo Camargo, de 49 anos, que mora em Campinas, também no interior do estado. Foi ele quem acompanhou o empresário ao procedimento na clínica em São Paulo e filmou com o celular o preparo para aplicação do fenol. O vídeo mostra o rosto do paciente cortado e sangrando após uma funcionária usar uma caneta com uma agulha na ponta.
Veja imagens do circuito interno da clínica de SP onde jovem morreu após peeling de fenol
Além desses vídeos, o Fantástico teve acesso à filmagem feita pelas câmeras de segurança do Studio Natalia Becker. Nas cenas, é possível ver quando Henrique passa mal.
Marcelo contou que o namorado teve uma reação súbita após se queixar das dores que estava sentindo assim que acabou o procedimento. Ele apertou meu braço, arregalou o olho e... sufocado, disso ele já foi... e dali não tinha mais nada.
Henrique pagou R$ 5 mil pelo tratamento. O empresário se queixava de marcas de acne que adquiriu na adolescência.
Marcelo Camargo exibe na camiseta a foto do namorado de Henrique Chagas, morto após peeling de fenol
Kleber Tomaz/g1
Segundo os advogados que defendem os interesses do namorado de Henrique e da mãe do paciente morto, o procedimento de cortar o rosto para aplicar o produto não é adotado pelos especialistas que eles consultaram.
Conversando com profissional da área, já verificamos que aqueles cortes no rosto não poderiam ter sido feitos para se aplicar um ácido fortíssimo como é o fenol, falou a advogada Elaine de Cassia Colicigno.
Henrique Chagas ficou com ferimentos no rosto após peeling de fenol. Essas fotos foram feitas pelo namorado dele
Reprodução/Divulgação/ Marcelo Camargo
Procurada pela TV Globo, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não seria possível analisar o procedimento feito pela clínica de Natalia somente se baseando nos vídeos e nas fotos divulgados pela reportagem.
Natalia Becker é o nome fantasia de Natalia Fabiana de Freitas Antonio. Ela tem 29 anos e diz ainda possuir três clínicas com o nome Studio Natalia Becker: em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Goiânia. Tem mais de 230 mil seguidores no Instagram.
Advogados citam asfixia
Namorado de empresário morto após peeling de fenol filmou procedimento em clínica
Nossa convicção é que ele foi asfixiado de forma tóxica pelo uso do fenol. Esse produto, ao ser aplicado, veio a correr toda a via respiratória do Henrique. Além do cheiro, foi o fato, provavelmente, de como ela aplicou antes: riscou toda a face dele e passou esse produto, falou o advogado Adrian Piranga. Tivemos essa informação através de uma fonte do IML [Instituto Médico Legal]. Porém, nós precisamos aguardar o laudo.
O fenol é um composto orgânico ácido que provoca uma reação inflamatória na pele. A inflamação causa descamação da superfície do tecido. O objetivo é reduzir manchas, rugas e cicatrizes, devolvendo a elasticidade da face.
Mas não foi isso o que ocorreu. Por esse motivo, a advogada Elaine falou que o escritório de advocacia que representa a mãe de Henrique irá entrar na Justiça com uma ação contra Natalia cobrando dela o pagamento de indenização por dano moral.
A mãe do Henrique é uma pessoa extremamente simples, que dependia dele financeiramente, e a Natalia, ao fazer esse procedimento, assumiu o risco do resultado. Ela tem uma responsabilidade civil em cima disso, falou a advogada.

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