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Empreendedora mantém mini indústria de cocada com equipe só de mulheres como diferencial no mercado em Roraima

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

02/06/2024 por Redação

Mini indústria funciona na casa da empreendedora, localizada no Cantá, interior de Roraima, e chega a produzir 1,6 mil cocadas por semana. Além de Roraima, ela já conquistou clientes no Amazonas, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na França. A gente tem a força e a garra de trabalhar da mesma maneira que os homens
A frase inspiradora é de uma das mais de 20 mil mulheres de Roraima que escolheram empreender. Diany Lopes, de 30 anos, divide a profissão de recepcionista com a liderança de uma mini indústria de cocadas roraimenses. Ela viu no empreendedorismo uma chance de realizar sonhos. Há mais de um ano em funcionamento, a empresa tem um diferencial: apenas mulheres integram a equipe.
O time, ou família, como Diany descreve, é formado pela mãe dela, Gladis Lopes Martins, de 63 anos, uma amiga da mãe e mais uma funcionária. A mini indústria da Docinho de coco funciona na casa dela, localizada no Cantá, interior de Roraima e chega a produzir 1,6 mil cocadas por semana.
Empreendedora mantém mini indústria de cocada com equipe só de mulheres em Roraima
Diany apostou na cocada com leite condensado como item chave para conquistar o mercado de doces - o que tem dado certo: Uma das melhores cocadas é o elogio mais comum que clientes deixam no perfil oficial da empresa no Instagram. A versão tradicional do doce leva apenas coco fresco, açúcar e água.
Atualmente, a produção é distribuída para mercados em Boa Vista e em algumas cidades do interior. Porém, com o resultado do sucesso da cocada, considerado um dos doces mais populares do Brasil, o produto saiu do extremo Norte e chegou a clientes no Amazonas, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na França, segundo Diany.
Cocadas já chegaram até na França
Samantha Rufino/g1 RR
Tudo começou quando Diany decidiu realizar um sonho: o casamento. Ela viu no doce — inspirada em uma cocada feita por uma amiga da mãe, em Iracema, interior de Roraima, uma maneira de custear a festa. Por isso investiu na produção. Mas, o que era para ser um caminho para realizar um sonho, hoje impulsiona a vida dela e de outras mulheres.
O financeiro de algumas pessoas dependem de eu acordar todos os dias disposta a trabalhar, fazer acontecer, a vender, a mostrar o produto para outras pessoas [...] Empreguei outras pessoas também e elas precisam sustentar suas famílias. Se eu não trabalhar e não correr atrás, não vai dar certo, afirmou, com orgulho.
Produção acontece em uma mini fábrica
Samantha Rufino/g1 RR
🫂 Me deu a oportunidade
Este é o caso da migrante venezuelana Glorimar Rosas, uma das funcionárias da mini indústria. Com a renda fixa, ela consegue ajudar a família que ainda permanece no país vizinho e paga as contas no Brasil, como aluguel da casa.
Desde que cheguei aqui no Brasil não trabalhei, só de diária. Conheci a Diany e ela me deu a oportunidade para vir [trabalhar na empresa] e hoje sou muito grata com ela por isso. Hoje posso ajudar minha família, conta.
Cocada é produzida em uma empresa só de mulheres
Samantha Rufino/g1 RR
E a empreendedora explicou ainda que a escolha em ter somente mulheres mulheres na equipe não é apenas porque elas melhoram os resultados, conforme comprovado até em pesquisas sobre negócios corporativos, mas também por segurança.
É questão de segurança trabalhar com outra mulher. Elas são meus apoios, resume.
Empresa é composta apenas por mulheres
Samantha Rufino/g1 RR
✊👑 Mulheres na liderança
Diany faz parte dos 28,3% do grupo de mulheres donas do próprio negócio no estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e analisados pelo setor de inteligência de dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Diany Lopes, de 30 anos, apostou na cocada como empreendimento e hoje lidera microempresa
Arquivo pessoal
A porcentagem representa as 22.130 mil empreendedoras mulheres. Neste mesmo contexto, os homens que lideram o próprio negócio são cerca de 56.100 - ou seja, 71,7% do total de empreenderes do estado, o que faz com que o mercado seja ainda mais desafiador para elas.
O panorama do empreendedorismo feminino em Roraima mostra avanços significativos, mas também desafios persistentes em termos de igualdade de gênero e inclusão econômica. É crucial implementar políticas e programas que apoiem e fortaleçam as mulheres empreendedoras, promovendo um ambiente de negócios mais inclusivo e equitativo em todo o estado, cita o estudo do Sebrae.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua do IBGE, referente ao 4º trimestre de 2023.
Mesmo liderando uma das 33.504 microempresas ativas em Roraima, Diany ainda enfrenta desafios relacionados ao gênero. Apesar dos avanços, ela afirma que já enfrentou situações de machismo com fornecedores da matéria-prima do doce.
Às vezes a gente encontra pessoas que não querem lidar com a gente pelo fato de ser mulher [...] A gente já quebrou muitas barreiras, mas ainda tem alguns desafios. Por exemplo, os fornecedores de coco. Eles não querem tratar comigo porque eles são pessoas que tratam sempre com o homem [...] Alguns já estão mais tranquilos, disse.
Mini indústria funciona na casa de Diany Lopes
Samantha Rufino/g1 RR
Outro desafio é equilibrar a rotina de dona de casa, empreendedora e recepcionista. A rotina da Diany, assim como das demais colaboradoras, inicia pela manhã e finaliza ao fim da tarde, de segunda a sexta-feira. Por enquanto, ela não consegue se dedicar apenas à empresa, mas consegue levar a intensa rotina com a parceria do esposo.
Ainda segundo o panorama do Sebrae, 39,4% das donas dos negócios em Roraima dedicam de 40 a 45 horas semanais nos empreendimentos. Outras 34,2% dedicam de 14 a 40 horas. Já 12,9% trabalham até 14 horas, enquanto que 8,5% dedicam 49 horas ou mais e 4,9% trabalham de 45 até 49 horas.
A gente procura equilibrar da maneira que dá, quando termina aqui a gente vai para casa, limpa, coloca roupa para lavar, faz o almoço do outro dia e a gente vai levando do jeito que dá. Meu marido é muito parceiro.
Vida de mulher, de empreendedora, trabalhadora e a gente vai levado do jeitinho que Deus dá.
🥥 Mini indústria em casa
Toda a produção das cocadas ocorre em um pequeno cômodo na casa de Diany. A reportagem acompanhou o processo e, ao entrar no local, precisou se equipar com louvas e toucas.
Produção é feita em panela industrial
Samantha Rufino/g1 RR
Isto porque, para a empresa, a biossegurança é muito importante, tanto é que a empreendedora buscou a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) e outros órgãos de fiscalização para regularizar o produto.
Diany contou com apoio do esposo e familiares no início do empreendimento
Arquivo pessoal
Açúcar, leite condensado e coco fresco são os itens que compõem a receita. Tudo começa com os fornecedores de coco. A matéria-prima vem de pequenos agricultores do próprio estado, principalmente de São Luiz, ao Sul de Roraima.
Na casa, a família descasca e rala o coco. Depois, a fruta segue para a panela industrial, onde é misturada com o açúcar e leite condensado. Em seguida, o doce é enformado em um molde, endurece, é pesado e embalado.
Mãe e filha produzem as cocadas juntas
Samantha Rufino/g1 RR
Gladis Lopes Martins, de 63 anos, é a responsável por fazer a pesagem da cocada. Além disso, é a principal incentivadora do negócio da filha caçula. Acompanhando do início, ela sente orgulho em participar da trajetória da empresa que começou em uma pequena cozinha na casa de Diany.
Eu vou te levantar e você vai embora. Assim eu fiz com ela. Aonde ela vai, eu estou com ela, se vai em uma feira nós estamos lá, apoiando [...] Ela vai se dar bem porque é sabia, uma ótima administradora e vai vencer, disse a mãe, com orgulho.
Com o sonho do casamento realizado, agora Diany tem outros planos: aumentar a família de funcionários e fazer com que a produção de um doces mais populares do Brasil cresça ainda mais.
Diany Lopes é dona da Docinho de coco, uma mini indústria de cocada em Roraima
Samantha Rufino/g1
*Com colaboração de Lucas Willame, da Rede Amazônica
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