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Águas do DF: confira resultados da captação na foz do Riacho Fundo

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

14/05/2024 por Redação

Quatro ribeirões ajudam a manter Lago Paranoá cheio; entre eles Riacho Fundo, primeiro analisado pela série especial Águas do DF. Conheça a história do Lago Paranoá que acompanha Brasília de norte a sul
Quando o assunto é água, o Lago Paranoá é um monumento único no Distrito Federal. São 48 km² de lago que acompanha os traços da cidade de norte a sul, com beleza e tamanho impressionantes. Dentro e fora das águas se encontra vida, lazer, tranquilidade e até um refúgio no centro da capital.
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Para ser o que os moradores do DF conhecem, as águas do lago foram represadas do Rio Paranoá. Além do rio, quatro ribeirões ajudam a manter o lago cheio: Torto, Bananal, Gama e Riacho Fundo.
Para a primeira análise da qualidade das águas da capital, a série especial Águas do DF escolheu a foz do Riacho Fundo, que percorre 17 km — passando pelo Núcleo Bandeirante e a Epia Sul — antes de desaguar em uma área atrás da Vila Telebrasília.
O pH, que mede a acidez da água, estava em 7,76, dentro do que é permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O nível de turbidez, que avalia o quanto a água está escura, apresentou índice de 7,32 — a medida permitida é de até 100;
O oxigênio dissolvido, que é essencial para a sobrevivência da maioria das espécies aquáticas, incluindo peixes e plantas, ficou em 8,67. Esse número é considerado bom, já que ele precisa estar acima dos 5 miligramas por litro;
Dois resultados chamaram atenção dos especialistas da Universidade de Brasília (UnB): O de zinco e o de ferro, que estavam em 0,275 e 1,47, respectivamente, acima do que é previsto para lagos como o Paranoá.
Qualquer valor acima podem colocar em risco e desenvolver doenças no corpo humano. Também colocam em risco a biodiversidade dos nossos ecossistemas aquáticos. Quando a gente lida com valores muito acima, sobretudo de metais, toda aquela vida no corpo hídrico esteja ameaçada, explica o professor José Francisco Gonçalves Júnior.
Criação do Lago Paranoá
Lago Paranoá, em Brasília
TV Globo/Reprodução
Quando ainda nem se sabia ao certo em que ponto do mapa o DF iria ficar, o espelho dágua já estava previsto nos estudos para a construção da nova capital. De acordo com o historiador do Arquivo Público do DF Elias Manoel da Silva, o lago existiu antes de Brasília.
Quando foi criado o concurso e foi colocado o edital público, dentro do edital já estava especificado a existência de um lago na Cota Mil. Mas eles já sabiam previamente da existência do lago e sabiam o nível em que a água iria estar, que era a Cota Mil, explica o historiador.
No projeto da cidade, Lúcio Costa cumpriu a exigência e apresentou uma proposta que previa a criação de um lago. As águas começaram a encher o vale em 1959. No dia da inauguração de Brasília, estava tudo pronto.
A intenção era embelezar a capital, servir de local de lazer e gerar energia elétrica por meio de uma usina. No entanto, a pressa em exibir a novidade não deixou tempo para limpar a área que foi inundada.
Lago sujo
A sujeira tomou conta e o Lago Paranoá foi considerado por anos a lixeira de Brasília. A sujeira era tanta que um jornal do fim da década de 70 trouxe a manchete Brasília fede e destacou que o mau cheiro do Paranoá ultrapassava as margens e atingia até mesmo quadras centrais do Plano Piloto.
A população cresceu e as estações de tratamento não davam conta de limpar tudo que chegava ao lago. Foi o início do processo de eutrofização, quando o lago ficou com níveis baixos de oxigênio e uma água muito turva.
O maior problema em relação ao lago foi o fato de que a previsão da cidade era para mais ou menos 500 mil habitantes. No final da década de 80 e início da década de 90, nós tínhamos mais de um milhão de pessoas aqui e não havia uma infraestrutura para responder os esgotos que eram produzidos por essa população, explica Elias Manoel.
Despoluição e assoreamento
O assoreamento e a sujeira colocavam em risco as águas do lago. Em 1976, a poluição também vinha dos córregos. O aposentado Robervaldo Pereira Arruda trabalhou na Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) por 40 anos — a maioria deles coletando água do Lago Paranoá para análise.
O Lago Paranoá, em 1978, passou por uma situação crítica. Muitos peixes morreram por falta de oxigênio. A gente chegava a fazer arrastão. Pegava barco, esticava a rede para fazer arrastão dos peixes, levar pra máquina para serem retirados de pá mecânica e serem enterrados, conta Robervaldo.
Em 1984, onde hoje é Pontão do Lago Sul, uma placa alertava: Evite utilizar essa área para banho. Risco de contaminação. Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Tezini Minoti, naquela época, o lago era totalmente comprometido.
As águas só começaram a ficar mais limpas na década de 90, quando as estações de tratamento da Caesb da Asa Sul e Norte foram ampliadas. O presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, explica que naquela ocasião houve uma necessidade de estudos mais profundos sobre o caso.
Começou uma fase de investimento que veio até os anos 90 com investimentos fortes do GDF, da Caesb, para que as duas estações de tratamento de esgoto se transformassem em estações terciárias com tratamento biológico para que o efluente fosse um efluente da melhor qualidade no tratamento de esgoto, afirma Reis.
Vista aérea do Lago Paranoá, em Brasília
TV Globo/Reprodução
De acordo com o professor Ricardo, em 1998, outra ação contribuiu para a limpeza do Lago: o rebaixamento das águas.
A gente tem uma retirada grande de água pelas turbinas. A CEB acaba abrindo todas as três turbinas e também pode chegar a abrir a comporta. Com mais retirada de água pelas turbinas, como da comporta da barragem, a gente tem uma grande quantidade de água saindo e essa foi a suspeita da melhoria em 1998, explica o professor.
Melhorou, mas ainda há riscos. O assoreamento de áreas, o despejo irregular de esgoto, a poluição em pontos específicos e o crescimento desordenado são desafios que as autoridades e a população ainda precisam enfrentar.
Apesar disso, atualmente, o Lago Paranoá é outro. O espelho dágua é usado para a prática de esporte, lazer e pesca, além de abastecer parte do Lago Norte, Varjão, Sobradinho e Plano Piloto. Segundo o presidente da Caesb, essas atividades nem eram cogitadas por causa da poluição.
A Caesb controla a água do Lago Paranoá todo dia em 11 pontos diferentes e na estação de tratamento. O estágio em que estamos hoje é um tratamento terciário com retirada de material biológico. O efluente que é lançado no Lago Paranoá é uma água bastante limpa e bastante controlada, garante o presidente da companhia.
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