O Nagoya Grampus faz um início de temporada de extremos. Começou com três derrotas seguidas, um futebol medonho e afundado na lanterna, depois se recuperou conquistando 16 de 18 pontos possíveis e chegou a subir para quinto lugar, mas a impressão de que estava tudo bem já se dissipou depois de mais uma atuação insípida em casa e derrota para um Gamba Osaka que, esse sim, é um time que tem mostrado evolução.
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Ao sair do Toyotão, ouvi torcedores comentando: Como é que a gente ganha do Hiroshima e perde para o Gamba? De fato, o Nagoya conseguiu algumas vitórias surpreendentes e dramáticas contra candidatos ao título como Yokohama F-Marinos, Cerezo Osaka e Sanfrecce Hiroshima. Em especial o triunfo contra o Sanfrecce na rodada anterior com o gol decisivo saindo no minuto 84 foi marcante, pois derrubou o último invicto do campeonato e foi a primeira derrota oficial do Três Flechas no seu novo estádio, o Edion Peace Wing.
Panorama do Toyota Stadium no jogo entre Nagoya Grampus e Gamba Osaka
Tiago Bontempo
A verdade é que o Grampus joga um futebol de resultado, reativo, que tem dificuldade quando precisa se impor e construir jogadas. Das seis vitórias até agora, só duas foram em casa, justamente em jogos em que precisou ser mais reativo e teve espaço para contra-atacar, contra F-Marinos e Cerezo. O Nagoya é o time com menos finalizações (102, média de 7,9 por jogo) e o segundo com menos chutes na direção do gol (37, média de 2,85 por jogo). Contra o Gamba foi ainda pior, com apenas quatro finalizações e nenhuma no alvo.
Até ano passado o Gamba também era esse tipo de time que tentava dominar a posse de bola e ficava vulnerável na defesa, mas este ano o técnico Dani Poyatos encontrou um equilíbrio maior e uma boa atuação defensiva foi crucial para anular as investidas do Nagoya, além de ter levado mais perigo com o ataque focado em Takashi Usami, que tem atuado como um camisa 10. Usami vinha jogando também como centroavante, posição que agora é de Isa Sakamoto, um atacante de mais mobilidade que se encaixou bem na equipe, tem idade olímpica e certamente está sendo observado por Go Oiwa. A jogada do gol solitário que decidiu a partida passou pelos pés dos dois. De Usami para Sakamoto e o ponta-direita Takeru Kishimoto aproveitou o rebote para marcar.
Apoio da torcida não faltou: o Nagoya Grampus tem a terceira maior média de público da J.League (31.034) e nesse dia também o número de presentes passou dos 30 mil
Tiago Bontempo
A torcida do Grampus, aliás, pegou bastante no pé do zagueiro Shinnosuke Nakatani, que este ano se transferiu do próprio Nagoya, onde estava desde 2018, para o Gamba. Toda vez que Nakatani pegava na bola, a torcida atrás do gol mandava uma vaia para ele. O normal no Japão é o torcedor ter carinho pelo jogador mesmo depois que ele sai do clube e muitas vezes aplaudem quando ele retorna para enfrentar o ex-time. Mas no caso de Nakatani foi diferente porque a torcida julgou que não havia mérito em se transferir para o Gamba e por isso ficou ressentida com ele. Nakatani, porém, não se incomodou com a recepção nada amigável e teve uma atuação impecável.
Aliás, foi nesse jogo também que pela primeira vez ouvi um xingamento no Japão. Após o apito final, duas crianças com a camisa do Nagoya que passaram perto de mim estavam falando Gamba kusotare, que seria algo como Gamba, seus bostas.
Eu estava muito sozinho na frente, ficou difícil fazer as jogadas sozinho, lamentou o centroavante brasileiro Patric após a partida. Kasper Junker, que entrou no lugar dele, também não teve uma oportunidade de marcar. Nessa montanha-russa que tem sido a temporada do Nagoya, o jogo desta rodada foi mais um ponto baixo do que eu vi um torcedor do Grampus classificar o estilo do time: um futebol de resultado que não dá resultado.
Continua a bagunça na disputa pela liderança. O Machida Zelvia ficou só no 0x0 em Hiratsuka contra o Shonan Bellmare e o novo líder agora é o o Vissel Kobe, que goleou o Cerezo Osaka em pleno Yodoko no Dérbi de Kansai por 4x1. O Vissel Kobe é o quinto líder diferente em 13 rodadas. Também já ficaram no topo da tabela Kashima Antlers (duas rodadas), Sanfrecce Hiroshima (uma rodada), Machida Zelvia (sete rodadas) e Cerezo Osaka (duas rodadas).
Jogos do Verdy, garantia de emoção até o final. No clássico que remete à primeira final da história da J.League e teve até presença dos ídolos Zico e Ruy Ramos, o Kashima Antlers, que vinha em um bom momento com três vitórias seguidas, fez dois gols em menos de 10 minutos e no início do segundo tempo anotou o terceiro. Jogo decidido? Não para o Verdy, que já está acostumado a ter drama até o final em praticamente todos os seus jogos. Incrivelmente, o time da capital buscou o empate, com o terceiro gol nos acréscimos do segundo tempo e comemorou no Kashima Soccer Stadium como se fosse uma vitória. Além disso, o Verdy chegou a 10 jogos de invencibilidade. Algo incrível para um time que a princípio luta apenas pela sobrevivência.
Jogos em que o Tokyo Verdy fez gol no final:
R4: 2x2 Niigata 90
R5: 2x2 Kyoto 80, 93
R6: 2x1 Shonan 75, 86
R11: 2x0 Tosu 97
R12: 3x2 Iwata 94
R13: 3x3 Kashima 81, 93
Jogos em que o Tokyo Verdy sofreu gol no final:
R1: 1x2 Yokohama FM 89, 93
R2: 1x1 Urawa 89
R3: 1x2 C-Osaka 93
R8: 2x2 FC-Tokyo 94
Ruy Ramos e Zico, ídolos de Tokyo Verdy e Kashima Antlers, se reencontraram antes do clássico que reeditou a primeira final da história da J.League, em 1993
NHK
Resultados da 13ª rodada da J1:
(16º) Albirex Niigata 2x4 Urawa Reds (6º) (24.652)
(15º) Júbilo Iwata 0x3 Sagan Tosu (18º) (9.162)
(19º) Kyoto Sanga 2x3 Avispa Fukuoka (9º) (9.498)
(12º) Kawasaki Frontale 3x0 Hokkaido Consadole Sapporo (20º) (20.611)
(17º) Shonan Bellmare 0x0 Machida Zelvia (2º) (11.519)
(10º) Nagoya Grampus 0x1 Gamba Osaka (5º) (30.613)
(7º) Cerezo Osaka 1x4 Vissel Kobe (1º) (21.148)
(4º) FC Tokyo 3x3 Kashiwa Reysol (14º) (22.325)
(3º) Kashima Antlers 3x3 Tokyo Verdy (11º) (18.803)
Adiado por causa da final da ACL:
(13º) Yokohama F-Marinos x Sanfrecce Hiroshima (8º)
