Geral

Fora do sistema nacional, Roraima tem ao menos 24% da energia produzida por biocombustível

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

13/05/2024 por Redação

Em todo o estado são 21 usinas termelétricas. Dessas, 7 produzem biocombustível. O g1 visitou uma usina de produção de óleo de palma para combustível no Sul do estado e mostra como a energia é extraída. Usina extrai óleo de palma para produção de energia e biocombustível no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Ao menos 24% da energia produzida em Roraima é fornecida por meio de biocombustível gerado por termelétricas localizadas em cinco municípios do estado. Fora do Sistema Integrado Nacional (SIN), o estado tem, predominantemente, o fornecimento nos 15 municípios feito por termelétricas da empresa Roraima Energia.
Capaz de alimentar a casa de 40,6 mil dos 166 mil consumidores atendidos pela Roraima Energia, a bioenergia gerada no estado vem de sete usinas que produzem biocombustível a partir de resíduos de madeira, o chamado cavaco, óleos vegetais e resíduos do óleo de palma, extraído da planta do dendê.
É neste contexto que atua a empresa Brasil BioFuels, do grupo BBF. Localizada em São João da Baliza, no Sul de Roraima, a usina atua há 15 anos com a extração do óleo da palma.
O g1 esteve na companhia para entender o ciclo completo da palma que envolve a operação: plantar, colher, esmagar o fruto, produzir biocombustível e gerar energia elétrica limpa aos consumidores de Roraima.
Além dos 24% de energia via biocombustível, Roraima tem o restante do fornecimento gerado por óleo diesel de 14 termelétricas, considerada cara e poluente ao meio ambiente. Os dados são da Roraima Energia, responsável por toda geração elétrica do estado, incluindo a de biocombustível.
Como é a energia da BBF
Ao todo, o grupo BBF tem mais de 15 mil hectares da plantação da palma no estado. De acordo com o diretor industrial do grupo, Cláudio Cavalcante, o grupo envia para a Roraima Energia 14 megawatts de energia por dia - é a partir daí que ocorre o fornecimento aos consumidores.
Por dia, a empresa extrai o óleo de mais de 300 toneladas de materiais do dendê.
Para produzir essa energia, utilizamos uma variedade de materiais do dendê, como fibras, cascas, nozes e palhas, totalizando cerca de 300 toneladas por dia, disse o diretor.
Oléo de palma extraído do dendê no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
A energia produzida pelas usinas, de forma geral, é injetada no sistema elétrico de Roraima, sem ser direcionada a clientes ou grupos específicos, conforme a Roraima Energia.
No total, a Roraima Energia atende todo o estado, um total de 207.891 consumidores.
Energia do óleo da palma
Plantação de dendê para a extração de biocombustível no Sul de Roraima ocupa mais de 15 hectares
Oseias Martins/Rede Amazônica
O Grupo BBF é responsável por plantar, extrair e produzir a energia em um processo que envolve quase mil funcionários, entre eles, mulheres migrantes que atuam diretamente na plantação. Desde o plantio até a colheita, tudo é dividido em etapas.
A semente do dendê é adquirida de outros países. Em Roraima, ela é plantada em um local de 5 mil hectares chamado de pré-viveiro, protegido para a semente germinar. Depois, na fase de muda, é transportada para o viveiro em um lugar que ocupa 45 hectares.
Viveiro onde os dendês são plantados antes de irem para um ponto fixo
Caíque Rodrigues/g1 RR
Após isso, a planta é colocada em uma área de 15 mil hectares onde deve produzir frutos por mais de 30 anos. Todos esse processo é comandado pelo gerente agrícola da empresa, Bruno Barcelos, de 37 anos. Ele trabalha com dendê há 13 anos, sendo três deles em Roraima.
Bruno Barcelos, de 37 anos, é gerente agrícola que comanda a plantação e a colheita do dendê no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Atualmente, temos 2 milhões e 350 mil mudas no projeto. Elas ficam em um ambiente protegido por cerca de 3 a 4 meses, antes de serem transferidas para o viveiro. Após 8 a 10 meses no viveiro, as mudas são plantadas no campo, onde permanecem por 25 a 30 anos, explicou.
Todo o cultivo do dendê, de acordo com Bruno, é manual e possui uma média de cinco a seis toneladas de óleo por hectare.
Fruto do dendê maduro colhido na plantação da empresa BBF, no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
O solo é descompactado para permitir um crescimento adequado das raízes. Também realizamos a nutrição das covas onde as mudas serão plantadas. A colheita é feita manualmente ao longo do ano. Cortamos apenas os cachos maduros, que são identificados visualmente, em ciclos contínuos de 12 dias.
Cláudio Cavalcante, é diretor industrial do grupo BBF
Caíque Rodrigues/g1 RR
Após a colheita de todo o material, tem início a parte industrial, comandada por Claudio. De acordo com ele, os frutos são debulhados, macerados e, em seguida, prensados para extrair o óleo de palma. Antes disso, ocorre a esterilização que dura uma hora e meia, enquanto as etapas seguintes levam cerca de 30 minutos, totalizando duas horas para extrair o óleo.
Após a extração, o óleo passa por um processo de clarificação e é classificado antes de ser utilizado como combustível.
O uso desse óleo como fonte de energia é vantajoso devido à sua capacidade de ser utilizado imediatamente após a extração, contribuindo para a produção de energia limpa, explica ao diretor.
Material da palma é jogado em tanque para produzir o óleo
Caíque Rodrigues/g1 RR
Além disso, todos os produtos derivados do dendê, incluindo o óleo, são aproveitados. A polpa é utilizada como ração animal, a fibra é queimada na caldeira para produção de energia elétrica, e os resíduos são usados como biomassa.
Desde 2018 a indústria de óleo está em operação, com a geração de energia iniciada em 2023.
Árvore do dendê na plantação do grupo BBF, no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Envio de energia para Roraima
Cacho de dendê para a produção de biocombustível em Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Há um acordo firmado entre as usinas de produção de biocombustível e a Roraima Energia. Conforme Claudio, o óleo produzido pela BBF é entregue à Roraima Energia, que distribui para os consumidores em um contrato firmado com o Governo Federal.
O valor pago pela energia é determinado por um contrato estabelecido em leilões, e a tarifa oferecida é aceita pela empresa, garantindo a geração e o pagamento da energia produzida.
A energia a fornecida pelos geradores na Roraima Energia que utilizam como fonte de geração o biocombustível/biomassa por sua vez, é distribuída ao subsistema no qual estão conectados, ou seja, o subsistema Boa Vista, que possui um total de 199.410 unidades consumidoras.
A bioenergia de Roraima é fornecida pelas seguintes usinas termelétricas:
Usina Bonfim, que produz biomassa por resíduos florestais (cavaco), localizada no município de Bonfim, Norte de Roraima;
Usina Pau Rainha, que produz biomassa por resíduos florestais (cavaco), localizada em Boa Vista;
Usina Santa Luz, que produz biomassa por resíduos florestais (cavaco), localizada em Boa Vista;
Usina Cantá, que produz biomassa por resíduos florestais (cavaco), localizada no município de Cantá, Norte de Roraima
Usina BBF Baliza, que produz biocombustível por resíduos de óleos de palma, localizada no município de São João da Baliza, Sul de Roraima;
Usina BBF Forte São Joaquim, que produz biocombustível por meio de óleos vegetais, localizada em Boa Vista
Usina Palmaplan, que produz biocombustível por meio de óleos vegetais, localizada em Rorainópolis, Sul de Roraima.
🌳 Amazônia Que Eu Quero
Phelippe Daou Jr, CEO da Rede Amazônica, visita usina de óleo de palma no Sul de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Projeto da Fundação Rede Amazônica, o Amazônia Que eu Quero chegou a mais uma temporada e tem como tema a bioeconomia. Na última semana, o CEO do Grupo Rede Amazônica Phelippe Daou Jr visitou a usina da BBF no Sul de Roraima, na expectativa de fechar parcerias..
Há um grande potencial de crescimento na região de Roraima, que antes era pouco aproveitada, e estamos comprometidos em promover parcerias para impulsionar o desenvolvimento do estado, garantindo segurança jurídica em operações como esta, disse o CEO, enquanto conhecia as operações da empresa.
Isolamento energético
Estrada que dá acesso a reserva indígena Waimiri-Atroari
Valéria Oliveira/G1 RR/Arquivo
Roraima é o único estado do país que não é ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, durante anos, dependeu da energia fornecida pela Venezuela. No entanto, o país parou de enviar energia ao estado em março de 2019 e, desde então, o trabalho é feito por quatro termelétricas da Roraima Energia.
O parque térmico do estado é formado pelas usinas termelétricas de Monte Cristo, na zona Rural de Boa Vista, Jardim Floresta e Distrito, ambas na zona Oeste, e Novo Paraíso, em Caracaraí, região Sul do estado.
Atualmente, duas turbinas da Usina Termoelétrica Jaguatirica II já estão em operação e ajudam a reduzir o consumo da usina termelétrica do Monte Cristo, que funciona a óleo diesel.
Os 715 km do Linhão de Tucuruí são apontados como o fim do isolamento elétrico e dos constantes blecautes. O início da obra foi foco de um impasse por 11 anos, já que 122 km de torres vão atravessar a reserva Waimiri Atroari.
Sem a energia importada, o custo para fornecimento elétrico estado é de R$ 8 bilhões por ano -- conta que é dividida entre todos os consumidores de energia elétrica do país. E, para reverter esta situação, a solução é construção do Linhão de Tucuruí.
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

Link curto:

TÓPICOS:
G1

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE

MAIS NOTÍCIAS DO RASTRO101
menu