Esporte

O dia especial da mãe de um jogador de futebol na quinta divisão do Rio de Janeiro

globoesporte.com - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

12/05/2024 por Redação

Camila vai a Bangu para acompanhar a volta do filho Mamed aos gramados depois de três anos em recuperação de uma lesão no joelho Domingo, dia 12 de maio, Dia das Mães. No estádio de Moça Bonita, em Bangu, debaixo de um sol quente, com uma temperatura de 37 graus, Uni Souza e Niteroiense jogaram a abertura da Série C do Rio de Janeiro, equivalente à quinta divisão do estado. O Niteroiense venceu por 1 a 0, gol de Bruno Gallo, em cobrança de pênalti.
+ Niteroiense FC: a volta do time centenário de Niterói ao Campeonato Carioca
Camila, mãe de Mamed, jogador do Niteroiense, dá depoimento
Na arquibancada vazia, uma hora antes de a bola rolar, Camila Silveira, de 44 anos, procurou seu lugar para assistir ao jogo. Sua missão: assistir ao filho Filipe Mamed, que completa 26 anos de idade no dia 22, com a camisa do Niteroiense.
- Eu me sinto privilegiado. Nem todos tem sua mãe para prestigiar em campo. Grato a Deus por tudo que ela fez por mim desde novo, mesmo com poucas condições. Ela sempre correu atrás para eu realizar meus sonhos. Sempre me deu força e estou muito feliz por ela estar aqui me vendo jogar - contou Mamed, que teve passagens por Duque de Caxias, Barcelona do Rio, Vasco, Portuguesa, Santarritense e pelo futebol da Noruega.
Poderia ser apenas mais um dia qualquer para uma mãe de um jogador em busca do sonho de viver do futebol. Moradora de Itaboraí, foi para a casa do filho em Duque de Caxias na noite de sábado. De lá, chegaram a Bangu no carro de Mamed.
Mamed fala sobre a emoção de ter a mãe ao seu lado na sua volta ao futebol
- Está sendo emocionante ver tudo que ele passou antes e agora estar conseguindo fazer aquilo que ele mais ama na vida. Tenho mais duas filhas gêmeas (Thamires e Kamile, de 27 anos). Tive que explicar que o Dia das Mães seria diferente. Normalmente, nos reunimos, mas elas me apoiaram, sabem o que ele passou. É um dia muito especial vendo ele voltar a estar no campo correndo atrás de uma bola em um calor desses. Mas é o que ele gosta - disse Camila.
O dia especial para Camila também foi marcante para o filho, que voltou a jogar futebol depois de três anos parado se recuperando de uma grave lesão no joelho esquerdo (menisco e rompimento do ligamento cruzado anterior) sofrida em 2021, quando defendia o Barcelona do Rio. O sorriso de Mamed ao ver a mãe, a esposa Raquel e filhas Isabella, de 10 anos, e Liz, de dois anos, antes de entrar em campo dava o tom do significado da tarde em Bangu.
Camila, Mamed, Isabella, Raquel e Liz no jogo entre Uni Souza e Niteroiense
Thales Soares
- A gente pensou que depois de machucar o joelho não teria mais condições de jogar. Ele chegou a dizer que estava tudo acabado. Foi quando a esposa dele engravidou. Achou um fôlego de vida novamente - comentou Camila.
Durante o período de recuperação, Mamed precisou correr atrás. Trabalhou em posto de gasolina, abriu um food truck na Taquara, em Duque de Caxias, e seguiu com sua vida. Ainda estudou para aprender a melhor maneira de tratar sua lesão depois de esperar um ano pela vaga para operar na rede pública. Nada novo para quem por conta corria atrás de peneiras para realizar o sonho de jogar futebol.
- Quando ele era criança, fugia da escola. Morávamos em Silva Jardim. Ele começou nessas escolinhas muito pequeno, gostou muito de bola. A vida dele sempre foi correndo atrás, chegou a ir para a Noruega.
Mamed, zagueiro do Niteroiense
Clever Felix / Niteroiense FC
- O primeiro passo foi na Portuguesa. Antes, ele jogava em outro time em São Gonçalo. Eu apoiava no que eu podia. Quando ele era menor, eu tinha um trabalho informal, não tinha carteira assinada, não tinha nada. Depois, passei a ter o passe de ônibus, foi quando comecei a ajudar. Mas sempre foi muita dificuldade para comprar uma chuteira. Ele sempre foi muito determinado - contou Camila.
Mamed venceu independentemente do resultado no campo. Mas a história de determinação vem desde quando aprendeu a ver as horas em relógio de parede para dar remédio aos avós. Hoje, no campo, certamente poderá voltar a sorrir mais vezes.
- Eu moro em uma comunidade, vejo que tem muitos meninos que têm o sonho dele e acabam não tendo a perseverança, não sendo resilientes. Mesmo que não consiga a fama, mas que continue tendo disciplina, amando o futebol, como é o caso do meu filho. Vejo muito meninos se perdendo na droga, no tráfico, na vida errada. Tenho muita sorte de ter um filho que teve uma base boa, mas o futebol na vida dele fez toda diferença para ser o homem, o pai, o filho e o profissional que é hoje. Ele ainda vai conseguir o que quer - afirmou Camila.
Mamed finaliza e a bola sai em escanteio para o Niteroiense
A Série C conta com 10 clubes. Neste domingo, na abertura da competição, esse foi o único jogo realizado. Dois foram adiados para quinta-feira. Outros dois foram suspensos por problemas de inscrição de Santa Cruz e Riostrense.
Os 10 clubes jogam entre si em turno único. Os quatro melhores se classificam para a semifinal da competição. Campeão e vice-campeão garantem o acesso para a Série B2, equivalente à quarta divisão do Rio de Janeiro.

Link curto:

TÓPICOS:
G1

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE

MAIS NOTÍCIAS DO RASTRO101
menu