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Dois partidos de extrema-direita podem ter deputados na Catalunha

Cinco partidos assinaram esta semana em Barcelona, em plena campanha para as eleições catalãs de 12 ...

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Com informações do Notícias ao Minuto

09/05/2024 por Redação

Divulgação/Notícias ao MinutoDivulgação/Notícias ao MinutoNo parlamento catalão há já um partido de extrema-direita, do designado "nacionalismo espanhol", o Vox, que tem 11 deputados e é a quarta maior força nesta assembleia.

Se se confirmarem a maioria das sondagens, o Vox vai manter estes deputados e entrará no parlamento autonómico um partido novo, a Aliança Catalã, também de extrema-direita, mas independentista, do "nacionalismo catalão", que poderá eleger até cinco deputados.
Se este cenário se confirmar, será um caso inédito em Espanha, por num mesmo parlamento passar a haver dois partidos de extrema-direita.
Com as sondagens a darem a vitória aos socialistas, mas sem maioria absoluta, e a deixarem em aberto diversas possibilidades de acordos e 'geringonças', com contas que também passam pelo Vox e pela Aliança Catalã, cinco partidos comprometeram-se na quarta-feira que não vão negociar ou sequer aceitar os votos dos deputados da extrema-direita para chegar ao poder.
O acordo escrito - também ele inédito na política espanhola - foi assinado pelo Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura do Partido Socialista espanhol), pelos independentistas Juntos pela Catalunha (JxCat, centro-direita), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda) e pela plataforma de esquerda Comuns-Somar.
"Não aceitaremos, nem por ação nem por omissão, os votos de nenhuma formação de extrema-direita para formar uma eventual maioria de investidura nem, evidentemente, de Governo", lê-se no texto, que tem como título "Unidade contra a extrema-direita: acordo de forças parlamentares democráticas" e resultou de uma iniciativa da plataforma Unidade Contra o Fascismo e o Racismo (UCFR).
Os cinco partidos comprometeram-se também a impedir a extrema-direita de ter lugares na mesa do parlamento catalão, assim como a não subscrever as suas iniciativas.
Além do parlamento nacional, há 17 assembleias autonómicas em Espanha e o Vox só não está representado numa, a da Galiza. Está também nos governos de cinco regiões coligado com o Partido Popular (PP, direita).
Na Catalunha, o Vox é o quarto maior partido no parlamento e tem até atualmente um grupo de deputados maior do que o do PP, que só tem três lugares na assembleia regional.
A Aliança Catalã nasceu em 2020 na localidade de Ripoll, nos Pirenéus, onde preside à autarquia desde o ano passado e é sobretudo nessas províncias do interior que espera eleger deputados.
O discurso do partido - como o do Vox e da extrema-direita europeia em geral -, associa a insegurança e a criminalidade à imigração e assume que nasceu dos atentados de 2017 na Catalunha, que tiveram como autores os elementos de uma célula 'jihadista' recrutada e organizada, precisamente, em Ripoll. Junta-lhe a defesa e a preservação da "cultura e das tradições catalãs" e o desejo de uma "Catalunha livre do Estado espanhol e do Estado islâmico", como disse há dias numa ação de campanha a dirigente do partido e autarca de Ripoll, Silvia Orriols.
O surgimento e crescimento da Aliança Catalã "corresponde ao contexto geral europeu de auge deste tipo de partidos" a que se soma "a situação dual" que existe na Catalunha, disse à agência Lusa o politólogo Oriol Bartomeus, da Universidade Autónoma de Barcelona.
O professor de Ciência Política referia-se a que na região há formações independentistas de extrema-esquerda, centro-esquerda e centro-direita a par de partidos não independentistas das mesmas orientações ideológicas.
"Da mesma forma que não temos uma direita, temos duas, não temos agora uma extrema-direita, mas duas", afirmou.
O politólogo acrescentou que "há um voto racista, xenófobo, que nunca votaria no Vox porque o Vox é um partido nacionalista espanhol" e que considera o independentista JxCat "demasiado fraco", vendo agora na Aliança Catalã uma proposta que lhe agrada.
"É normal no contexto geral mundial que estamos a viver deste auge da extrema-direita e desta situação dual que temos na Catalunha, mas não deixa de ser preocupante, obviamente. Poderão entrar no parlamento e isso são más notícias. A nível social, a nível do discurso político, do debate e da tensão social", defendeu Oriol Bartomeus.
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