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70% dos jornalistas que cobrem assuntos de meio ambiente já sofreram ataques e intimidações, diz Unesco

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

03/05/2024 por Redação

Repórteres que costumam apurar questões sobre desmatamento, mineração ou caça ilegal de animais, por exemplo, acessam áreas remotas e ficam sob risco ainda maior. Veja os números do levantamento. Em São Paulo, vigília é feita para homenagear o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados na Amazônia em 5 de junho de 2022. Relatório da Unesco alerta para os ataques sofridos em coberturas sobre meio ambiente
Carla Carniel/Reuters
No mundo, ao menos 70% dos jornalistas que participam de coberturas sobre meio ambiente sofreram ataques ou intimidações entre 2009 e 2023. É o que revela um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), publicado nesta sexta-feira (3), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
O documento reforça um aspecto que adiciona uma camada significativa de risco à profissão: os locais remotos que frequentemente precisam ser acessados pelos repórteres no processo de apuração das informações.
O jornalismo ambiental é um campo perigoso. Os repórteres que narram a crise climática encontram-se frequentemente em locais remotos e isolados, longe do alcance de ajuda imediata ou proteção legal, como [ao investigarem] o desmatamento na Amazônia, a poluição em regiões industriais ou a mineração ilegal na África, afirma a Unesco.
Além disso, denúncias publicadas pela imprensa podem prejudicar interesses econômicos de agentes públicos ou privados.
Cobrir questões como a exploração madeireira ilegal, a caça de animais selvagens ou o despejo clandestino de resíduos envolve expor ações que estão interligadas com as economias locais e, por vezes, internacionais. Esta sobreposição pode provocar hostilidade por parte de empresas, operadores locais ou organizações criminosas, diz o texto da Unesco.
Veja os destaques do levantamento:
➡️Entre os 905 jornalistas entrevistados em 129 países, 749 afirmam que já se sentiram violentados por causa do próprio trabalho.
➡️A violência (psicológica, física ou digital) é mais frequente durante coberturas sobre protestos ambientais, mineração, conflitos agrários e desmatamento.
➡️Cerca de 300 ataques aconteceram nos últimos 5 anos, marcando um aumento de 42% em relação ao período anterior. De acordo com o Unesco, os casos que se tornaram mais comuns foram os de agressões, prisões e assédio. O número de processos judiciais movidos contra os repórteres também cresceu.
➡️Ao menos metade dos ataques foi cometida por agentes públicos.
➡️Entre 2009 e 2023, 44 jornalistas de meio ambiente foram mortos em 15 países (apenas em 5 casos, os culpados foram condenados). Ao menos 24 profissionais sobreviveram a tentativas de homicídio.
➡️No mesmo período, 204 jornalistas ou veículos de imprensa que cobrem questões ambientais sofreram algum tipo de ataque na Justiça (como processos por difamação) -- 39 foram presos.
➡️Durante protestos sobre meio ambiente, ao menos 194 profissionais foram atacados nos últimos 15 anos, na Europa, América do Norte, América Latina e Caribe. Em 89 desses casos, os agressores foram policiais e forças militares.
➡️Entre os entrevistados, 45% disseram que já se autocensuraram em coberturas de meio ambiente justamente pelo medo da violência.
Recomendações da Unesco
A organização recomenda que:
os governantes evitem a impunidade de quem atacar os jornalistas e invistam em mecanismos de proteção;
os organizadores de protestos ambientais não exijam autorização prévia para participação de jornalistas, já que há interesse público na cobertura;
a polícia respeite a integridade física dos repórteres (que devem estar identificados por crachás ou uniformes);
os jornalistas recebam treinamento e equipamentos de segurança para agir diante de emergências ou ataques hostis.
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