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Prefeitura fecha boate onde mulheres dizem terem sido estupradas

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

05/04/2024 por Redação

Corpo de Bombeiros disse que o local funciona irregularmente, já que não tem o alvará de Certificado de Vistoria Anual (CVA). Por conta disso, o espaço será vistoriado e poderá ser fechado. A Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop) interditou na noite desta quinta-feira (4) a boate Portal Club, na Lapa. Duas mulheres afirmam que foram estupradas dentro do estabelecimento.
“A medida administrativa foi tomada preventivamente para preservar a segurança e a ordem pública. O local permanecerá fechado até o encerramento das investigações pela polícia”, informou a Seop.
O Corpo de Bombeiros já tinha informado que o local estava irregular, já que não tinha o Certificado de Vistoria Anual (CVA) — que garante a segurança contra incêndio e pânico.
Boate Portal, na Lapa, onde os crimes teriam ocorrido
Reprodução
Dois depoimentos
A primeira denúncia de estupro na Portal Club foi de uma universitária estrangeira de 25 anos. Segundo ela, o abuso foi no último domingo (31) no dark-room, ou quarto escuro, que fica praticamente vedado da luz. O caso dela foi mostrado pelo RJ1 na quarta-feira (3).
Ela já deixou o país e
Com a repercussão do caso, outra mulher afirmou ter sido violentada na boate, desta vez em novembro do ano passado.
Mais uma mulher denuncia ter sido vítima de estupro em boate na Lapa
A segunda vítima a denunciar que foi estuprada no local afirmou que, no dia do abuso, estava no espaço para assistir um grupo de pagode. E, assim como no dia do crime da universitária, a festa era open bar – com bebida liberada.
Eu fui assistir um grupo de pagode, que eu conhecia. E, neste dia, tinha um open bar e eu bebi normalmente. Quando eu fui ao banheiro não me senti bem, tonta e não me lembro mais do que aconteceu. Desse não lembrar o que aconteceu, eu acordei no quarto preto, com um homem na minha frente, um homem do meu lado sem calça, conta a mulher, que completa:
Quando eu fui urinar, saíram algumas coisas pelas minhas partes, um líquido pelas minhas partes. Só que assim que eu saí, veio uma funcionária e perguntou: Você sabe onde você estava?. Não, não sei. Você estava num dark room (quarto escuro). Mas eu nunca entraria no dark room, conta.
À época do crime, a mulher registrou um boletim de ocorrência e disse que o processo não foi fácil.
No IML, preparando para fazer um exame, que é um dos exames mais importantes que pode vir a ver quem foi, me perguntaram se eu estava sozinha. Era um homem e ele falou que não poderia fazer o exame, e me mandaram pra casa. Falaram pra voltar no outro dia. Eu me senti violada, eu me senti mal em todas as etapas do que eu poderia fazer, até os culpados poderem ter sido reconhecidos, destaca a vítima, que entrou em contato com a boate pra pedir ajuda:
Entrei em contato com a boate, até hoje não me responderam e até hoje eu tenho dor. Não tem um dia que eu fique com uma noite tranquila. Eu creio que sejam vários casos porque se eles tentaram persuadi-la para não dar queixa, ele me humilhou. O funcionário da casa tentando me fazer acreditar, porque eu estava realmente bem zonza, que a culpa era minha.
Essa nova vítima procurou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj após a repercussão do caso da sul-americana que também diz que foi vítima de um abuso na casa de shows.
niversitária deixa o Brasil
A primeira jovem que denunciou os estupros na boate, uma estrangeira, voltou para casa e escreveu uma carta. Em um trecho do manuscrito, a mulher disse que descansar e esquecer tudo o que aconteceu.
Estou de volta em casa e só quero descansar e esquecer (....) Não sei se haverá Justiça ou não (...) (Mas) Espero que a minha história ajude outras mulheres que passaram pela mesma coisa a serem encorajadas a falar, que saibam que não estão sozinhas.
Na carta, a universitária também esclarece que foi levada por um rapaz que conheceu na festa para um espaço reservado dentro da boate, chamado dark romm – um quarto escuro. Ela afirma que achava que estava indo para uma outra pista de dança.
Nesse espaço, ela conta que foi violentada por outros homens. E destacou ainda que acredita que os suspeitos sejam amigos do rapaz que ela conheceu na festa.
Eu tinha entendido que era o lugar mais seguro do Rio, essa boate. Então, eu fiquei tranquila, que não podia acontecer nada disso. Eu confiei.
A estrangeira chegou a falar que perdeu a consciência durante o abuso. E assim que conseguiu, chamou pela amiga. Elas contaram que pediram suporte aos funcionários da boate, mas denunciam que os seguranças tentaram convencê-las a não procurar a delegacia. Na carta, ela também ressalta:
Pedi que me mostrassem as câmeras para entender o que havia acontecido e o segurança disse que só poderiam fazer isso com autorização da polícia. Comecei a entrar em pânico, novamente, porque eles realmente não estavam me dando nenhuma solução, pontuou.
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj companha os casos.
Essa é uma situação extremamente absurda de mulheres que vão para se divertir e se encontram numa situação de vulnerabilidade e fragilidade. Então, após a repercussão da jovem estrangeira, uma (outra) mulher entrou em contato e contou o horror que viveu em novembro do ano passado. É uma pessoa Que costuma frequentar casa de shows, boates e ficou numa situação frágil, disse a deputada Renata Souza (Psol).
Perícia na boate
Nesta quarta-feira (3), a Deam do Centro fez uma perícia na casa de show. Os proprietários entregaram as imagens das câmeras de segurança e os investigadores já têm pistas de um do suspeito que convidou a jovem sul-americana para o quarto escuto.
Dark room de boate onde teria ocorrido estupro coletivo na Lapa
Reprodução
Em nota, a boate Portal Club disse que repudia veementemente o crime e que nunca irá apoiar qualquer tipo de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres. O estabelecimento destacou que acolheu a vítima e informou que vai fornecer as imagens do circuito de câmeras da boate para a polícia.
Questionada sobre a nova denúncia, a casa de shows ainda não respondeu.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que a Portal Club está irregular junto ao órgão. Segundo a corporação, a boate não tem o Certificado de Vistoria Anual que garante a segurança contra incêndio e pânico. O local vai passar por uma vistoria.

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