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Jovem que perdeu vaga na USP por não ser considerado pardo consegue na Justiça direito para frequentar aulas

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

04/04/2024 por Redação

Família de Kaio Voigtlander, de Alumínio (SP), afirma que decisão de desclassificar o jovem foi tomada após uma chamada de vídeo que durou menos de quatro minutos. Jovem matriculado com cota perde vaga na USP por não ser considerado pardo: Avaliação durou menos de 4 minutos, diz família
Arquivo pessoal
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu uma liminar para o jovem Kaio Voigtlander, estudante que havia perdido a vaga após não ser considerado pardo por banca julgadora da Universidade de São Paulo (USP), para que ele possa frequentar as aulas do curso de Ciências Econômicas.
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O g1 questionou a USP para saber se a universidade já foi notificada e se vai recorrer da decisão, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. A decisão é do dia 27 de março, mas foi informada nesta quarta-feira (3).
Kaio tem 18 anos e mora em Alumínio (SP). A família afirma que a decisão de desclassificar o jovem foi tomada após uma chamada de vídeo com a banca de heteroidentificação da USP, que durou menos de quatro minutos.
O jovem foi aprovado na primeira chamada pelo Provão Paulista. Ele descobriu que perdeu a vaga no dia 9 de fevereiro. No dia seguinte, recorreu da decisão e teve o retorno 17 dias depois, em 26 de fevereiro, confirmando o cancelamento de sua vaga.
Ele é filho adotivo de Juvenal Christov que, ao g1, explicou que Kaio já havia conseguido moradia na cidade.
Sobre o cancelamento da vaga, a USP afirmou que seguiu o procedimento adotado pela Instituição, mas não comentou sobre o tempo de duração da chamada (veja o posicionamento completo abaixo).
“Como a análise é estritamente fenotípica, a banca não faz nenhum tipo de pergunta sobre a vida dos candidatos. O que conta mesmo é a cor da pele, os cabelos e a forma da boca e do nariz. Para os candidatos do Enem e do Provão Paulista, foram feitas oitivas virtuais. Isso porque muitos desses candidatos moram em lugares muito distantes e a Universidade procura, assim, garantir condições para que candidatos de outras localidades tenham a oportunidade de ingressar na USP”, informou.
Juvenal, pai do jovem, reclama que o processo é falho, uma vez que a autodeclaração do filho deveria ser incontestável. “Eles tinham que fazer uma pesquisa maior, procurar saber realmente [...] A autodeclaração é juridicamente forte”, afirma.
“Se a avaliação fosse correta, firme, nós seríamos os primeiros a dizer ‘não, está certo’. Mas desse jeito que foi feito, é frustrante”, finaliza o pai.
Como a universidade avalia
A USP declarou que a análise das fotografias é feita através de duas bancas de cinco pessoas e é baseada somente em fatores fenotípicos: a cor da pele morena ou retinta, o nariz de base achatada e larga, os cabelos ondulados, encaracolados ou crespos e se os lábios são grossos.
Caso a foto do candidato não seja aprovada na primeira avaliação, ela é direcionada automaticamente para a outra banca. Nenhuma banca sabe se a foto está sendo analisada pela primeira ou segunda vez, o que garante uma dupla análise cega das fotografias, afirma a USP em nota.
Ainda de acordo com a instituição, se as duas bancas não aprovarem a foto por maioria simples, o candidato é automaticamente chamado para uma oitiva presencial.
“Nas versões virtuais, a banca de heteroidentificação toma todo o cuidado para que a visualização das características fenotípicas seja feita de maneira adequada, pedindo, por exemplo, para que os candidatos mudem a posição do corpo e procurem lugares com melhor iluminação. Tudo para garantir a isonomia da oitiva”, afirmou.
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