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Adeus há 10 anos: feito ímpar em 1977 precede raiz no Sul e marca prata da várzea de Rancharia

globoesporte.com - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

03/04/2024 por Redação

Ao deixar o Oeste Paulista, ex-lateral-direito Paulinho participou de campanha histórica de time sul-mato-grossense no Brasileirão e chegou a gigante gaúcho após flerte alviverde Falar de começo do Brasileirão, o qual se aproxima, e mês de abril remete a uma história marcada por 10 anos de saudade, completados neste ano. E o protagonista dela é o ex-lateral-direito Paulinho. O começo na várzea de Rancharia virou apenas introdução de uma sequência que envolveria passagens por grandes e impulsionada por feito até hoje inigualado em quintal vizinho.
Antes da triste perda há uma década, a trajetória e seus contornos marcantes merecem destaque. Dentro dela, está o terceiro lugar no Brasileiro de 1977, pelo Operário (MS). Hoje maior campeão do Mato Grosso do Sul, o time representava na época o Mato Grosso, uma vez que a nova casa foi criada em 1977, mas acabou implantada em 1979.
A campanha histórica deixou para trás gigantes do futebol nacional. Na segunda fase, por exemplo, deixou pelo caminho o Fluminense. A vaga na semifinal chegou após superar o Palmeiras na terceira fase de grupos. O sonho de chegar à final e à Libertadores parou no São Paulo. O ano atípico, ainda, teve o Londrina na outra semifinal, quando o time do interior paranaense parou no Atlético-MG.
Ex-lateral Paulinho (2º em pé, à esq.) deixou o Oeste Paulista e ajudou o Operário (MS) ser 3º melhor no Brasileirão de 77
Arquivo Pessoal
De Cascavel, onde a família criou raízes na sequência, o filho Lucas Paulini, empresário, foi quem relembrou a importância daquele ano. Eram frequentes as vezes em que o pai descrevia o valor daquele período em Campo Grande, marcante para o clube e ao atleta que se dedicou a ele de 1974 a 80.
– Ele tinha um carinho muito grande, pois foi o clube que deu a ele ainda mais projeção. Lá, foi campeão praticamente todos os anos em que atuou, conquistou muita coisa. E jogou, ali mesmo, com grandes nomes, como Manga [goleiro] e Arthurzinho, além de ter chamado a atenção de um dos grandes técnicos com quem trabalhou, o Cláudio Duarte.
Títulos estaduais foram seis, ou seja, quase em todos os anos em que esteve por lá. O ranchariense ajudou o Operário a conquistar os quatro últimos títulos pelo Mato Grosso: 1974, 76, 77 e 78. A taça por Mato Grosso do Sul veio no primeiro ano de estadual da, então, nova Unidade Federativa, em 79.
Os anos vitoriosos no Mato Grosso e, posteriormente, Mato Grosso do Sul renderam os primeiros flertes com times grandes do país. Vale lembrar que, naquele tempo, o futebol local não lutava contra o antepenúltimo lugar no ranking nacional dentre os estados, como o divulgado no fim de 2023 para o exercício 2024.
Registro do esquadrão operariano da década de 1970, vitoriosa também em âmbito nacional, ainda antes do surgimento de Mato Grosso do Sul
Operário FC / Divulgação
A primeira dessas paqueras mais efetivas quase virou casamento de verdade, conforme recordou também o filho de Paulinho. A reta final da estada na capital sul-mato-grossense teve o lateral-direito atravessando um período de testes no Palmeiras. Mas o cenário possuía clubes interioranos mais fortes, com maior poder de barganha, e as dificuldades para se transferir prevaleceram.
– Houve a oportunidade, o período passado no Palmeiras. Mas aquela época era bem mais diferente, e o clube acabou não liberando, algo que explica também a sequência tão longa.
Ao sair em 1980, depois de breve passagem pelo São Bento, o destino foi o Pinheiros (PR) – o mesmo o qual se fundiria com o Colorado para dar origem ao Paraná Clube. O trabalho na capital do Paraná o fez ser treinado por Cláudio Duarte. Ao retornar ao Internacional (RS), o treinador indicou Paulinho, que, enfim, atuaria em um clube gigante do futebol brasileiro.
Recordações eternizam passagem por Porto Alegre, onde foi campeão gaúcho em 1981, defendendo o Colorado
Arquivo Pessoal
E as raízes no Sul do país seguiram se consolidando. O encerramento da temporada 81 fechou também o ciclo no Colorado, mas a sequência sulista permaneceu a ponto de encurtar a distância em relação àquela que seria a casa escolhida, Cascavel. Paulinho deixou o Internacional e se transferiu para o Grêmio Maringá.
Ainda somou outra breve passagem pelo interior de São Paulo, na Ferroviária, mas pendurou a chuteira em Maringá depois de atuar por lá de 1982 a 86. Chegava ao fim a trajetória como jogador, aos 32 anos.
Família também guarda foto da época em que Paulinho (ao centro, em pé) atuou em Araraquara
Arquivo Pessoal
Profissionalmente, a vida seguiu como representante comercial no ramo agrícola. Um convite ligado a essa rotina o fez mudar para Cascavel. As raízes no Sul, de fato, estavam estabelecidas.
Paulinho morreu em 26 de outubro de 2014, seis meses depois de completar 60 anos, em 23 de abril. Exames detectaram um câncer no pâncreas, que se alastrou rapidamente, conforme foi constatado na cirurgia.
Em Maringá, ficaram esposa, os três filhos e cinco netos. Vencer por meio de um cenário repleto de desafios é apenas um dos aprendizados deixado pelo pai, como ressaltou Lucas. E a memória das lições deixadas por Paulinho, logo, vão além do futebol.
– Um verdadeiro legado, algo maravilhoso, de uma pessoa lembrada até hoje, de pessoa que procurava ajudar. E ele foi um pai exemplar, um guerreiro não só como jogador, mas também como trabalhador e na família.
Começo no Oeste Paulista
O destaque conquistado no futebol amador de Rancharia, cidade natal, no time do Matarazzo, fez o lateral-direito saltar degraus aos 16 anos. A próxima oportunidade seria no Corinthians de Presidente Prudente, participante da Divisão Intermediária, hoje Série A2 de São Paulo.
Paulinho (4º c/ a faixa, em pé, da esq. p/a dir.) em imagem de quando jogava na várzea de Rancharia
Arquivo Pessoal
A realidade do Corintinha não era das melhores naquela fase. Mas Paulinho, já conhecido também por Paulinho Beleza, cresceu ainda mais em campo, até despertar o interesse do time de Campo Grande, a seguir integrante da primeira divisão do futebol nacional.
Parte da família seguiu para a capital paulista, entretanto, em Rancharia, permaneceram alguns primos, principalmente, como lembrou Lucas. Por isso, as viagens de Cascavel ao Oeste Paulista não saíram do roteiro, ainda que mais distantes.
Lateral Paulinho passou pelo Corinthians de Prudente no início da década de 70, após destaque no amador de Rancharia
Arquivo Pessoal
Ano marcante teve mais Oeste Paulista
As surpresas no Brasileirão de 77 tiveram outras ajudas da região de Prudente. No próprio Operário, além de Paulinho, atuava o atacante Peri. Nascido em Indiana, a família deixou o Oeste Paulista quando ele ainda era jovem.
Ao se destacar no futebol amador na Grande São Paulo, seguiu para a base do Corinthians, até chegar ao Operário. Viveu na região metropolitana e também em Pernambuco. Peri morreu em 2016, vítima de acidente doméstico.
O Londrina, quarto colocado, tinha outros dois nomes da região prudentina. De Martinópolis, saiu o atacante Brandão, que também decidiu ficar no interior do Paraná. Ele é pai do atacante que levou na carreira o mesmo sobrenome e passou por grandes do Brasil e futebol europeu.
Também no LEC de 77 jogou o meia Carlos Alberto Garcia, de Flórida Paulista. O ex-jogador foi mais um a optar por residir no Paraná ao parar. Em 2021, o ge Prudente e Região trouxe detalhes da ligação de Garcia com o Oeste Paulista, seguida do amor – envolvendo lágrimas – pelo Tubarão (reveja).
Paulinho, em Jogo das Estrelas ao lado de nomes como Falcão e Muller
Arquivo Pessoal
Corinthians de Prudente do início dos anos 70, no Parque São Jorge; Paulinho é o antepenúltimo em pé, à direita
Arquivo Pessoal
+ O ge.globo/tvfronteira traz as notícias do esporte no Oeste Paulista

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