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Filho de mulher morta em Réveillon espera que suspeito continue preso após se entregar: ‘Que ele não saia impune’

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

21/03/2024 por Redação

Ícaro Holanda, de 21 anos, chegou à casa da mãe na manhã após a morte de Luzia Costa, na madrugada de 1º de janeiro, e relata que David de Oliveira Rodrigues já havia ameaçado a vítima. Suspeito se entregou após mais de dois meses foragido. Luzia da Costa Silva, de 42 anos, foi morta na noite de Réveillon
Arquivo pessoal
Um homem ciumento e possessivo e que já havia feito ameaças. É assim que Ícaro Holanda define David de Oliveira Rodrigues, suspeito de matar Luzia Costa, de 42 anos, com quem tinha um relacionamento, na madrugada do dia 1º de janeiro, no bairro Conquista, em Rio Branco. A vítima estava grávida e foi asfixiada.
Ícaro é filho da vítima, e chegou à casa da mãe na manhã após a morte de Luzia. Ele ouviu do suspeito que a mãe havia utilizado drogas durante a noite e estava desacordada. Ainda segundo o jovem, a mãe havia terminado o relacionamento com Rodrigues, mas retomou um mês antes de morrer.
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“Ele era um cara muito ciumento e possessivo, e já havia ameaçado minha mãe de morte em uma briga. Foi quando eu entrei no meio da briga, e expulsei ele de lá. Mas eles haviam voltado um mês antes disso tudo ter acontecido”, relata.
Ele diz que a mãe não relatava situações de violência que vivia com o namorado, mas que quando ele percebia algum problema, tentava intervir. Ícaro conta que só foi avisado da prisão de Rodrigues no domingo (17), dois dias após o suspeito se entregar na Delegacia de Flagrantes (Defla), em Rio Branco. Ele estava foragido há mais de dois meses e havia sido indiciado por feminicídio.
Agora, a família teme que Rodrigues seja liberado e que não pague pelo crime. Holanda avalia que o caso está sendo tratado com “sigilo” exagerado, e espera que o caso seja apurado devidamente.
O g1 tentou contato com a delegada Kelcinara Mesquita, que investiga o caso, para saber se Rodrigues já foi ouvido e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Suspeito se apresentou à Defla na sexta-feira (15), em Rio Branco
Reprodução
“Estou bastante revoltado com o sigilo que estão tendo com ele. Ele foi preso na sexta, e só me informaram no domingo à noite. Não estão dando a devida mídia pra prisão dele. Meu medo é que ele seja solto e não pague pelo crime”, admite Holanda.
O g1 também tentou contato com o advogado Romano Gouveia, que atua na defesa de Rodrigues, entretanto, não obteve retorno até esta publicação.
“A saudade que me mantém vivo”
Luzia Costa teve três filhos e estava grávida quando foi morta na madrugada do dia 1º de janeiro deste ano
Arquivo pessoal
Ícaro, que era um dos três filhos de Luzia, conta que ainda lembra do dia em que encontrou a mãe morta. Ele relata que chegou em casa pela manhã e foi para seu quarto. Ele procurava por um ventilador, e decidiu perguntar à mãe. Como ela não respondeu, foi até o quarto.
“Ele estava dentro do quarto com ela ainda, trancado, e começou a encenar que estava tentando acordar ela. Ele começou a me falar ‘ela não tá acordando, não tá respirando e nem se mexendo’. Foi aí que eu consegui abrir a porta do quarto e prestar os primeiros socorros, liguei para o Serviço de Atendimento Móvel em Urgência e tentei passar a localização para eles, mas eles pediram um ponto de referência, que no caso era um salão que tinha ao lado de casa. Eu ia lá na frente ver o nome do salão e ele [Rodrigues] tentou me puxar de volta, mas mesmo assim eu saí bem rápido. Quando voltei e abri a janela, liguei a luz e vi que ela estava com bastante hematomas pelo corpo, e com o pescoço roxo e um pouco inchado. Quando voltei para dentro de casa, vieram os vizinhos junto para tentar ajudar”, relembra.
Holanda disse que repassou o relato à polícia, e espera que o crime seja punido. Ele também ouviu de vizinhos que o casal havia brigado na noite anterior ao crime e que Rodrigues havia agredido Luzia. Segundo o jovem, ele viu o quarto bagunçado, com indícios de que uma briga ocorreu no local.
“Me falaram que ele tinha batido nela na noite anterior, e que estavam brigando. A casa também estava toda bagunçada e com indícios de que havia tido uma briga. Depois que eu fui levar ela para o pronto-socorro com meu pai, e os vizinhos falaram que ele se evadiu do local”, conta.
Holanda reforça o desejo de que o caso não fique impune, e que o suspeito continue preso e pague pela morte de Luzia.
“Quero que deem a devida atenção, e que ele não saia impune. E não faça isso com outra pessoa”, acrescenta.
Ícaro Holanda, de 21 anos, filho da vítima, fez uma poesia em homenagem à mãe
Arquivo pessoal
Porém, o jovem não quer que o caso seja lembrado apenas pela cena dolorosa que ele e a família viveram. Ele faz questão de homenagear a mãe, e eternizar o amor por ela em forma de poesia.
“A saudade que me mantém vivo.
Início esse ciclo com a maior das saudades
A saudade que dói, que me tira a paz
Me deixa sem rumo, e me mata aos poucos
E talvez essa saudade irá andar comigo até o motivo dela estar diante de meus olhos
A saudade que tem cor, olhos, cabelo, altura, nome e se chama
Mãe”
Foragido
David de Oliveira Rodrigues é procurado desde a madrugada de 1º de janeiro por ser o principal suspeito pela morte de Luzia Costa, de 42 anos
Arquivo pessoal
Pouco mais de um mês após a morte de Luzia da Costa Silva, de 42 anos, na madrugada do dia 1º de janeiro no bairro Conquista, na capital acreana, o namorado da vítima, David de Oliveira Rodrigues, apontado como principal suspeito pelo enforcamento da mulher, foi indiciado por feminicídio pela delegada Kelcinaira Araújo, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
A informação foi confirmada ao g1 pela delegada, que informou ainda que o suspeito segue foragido. Rodrigues é considerado responsável pelo enforcamento da mulher que estava grávida de oito semanas, e tem pedido de prisão preventiva em aberto.
“A gente continua na busca, não paramos. Vamos continuar [as buscas] até ele ser localizado. Estamos investigando tudo, quando tem informação, a gente vai atrás. Não podemos informar [sobre a possível localização de Rodrigues], mas ainda estamos no encalço”, disse.
Ainda segundo a delegada, todas as testemunhas do caso foram ouvidas, e a polícia manteve o entendimento de que o namorado de Luzia é o responsável pela morte dela.
Mesmo com o inquérito finalizado e entregue à Justiça, as equipes seguem em busca do cumprimento da prisão de Rodrigues.
Prisão preventiva decretada
Rodrigues teve a prisão preventiva decretada pela Vara de Plantão da Comarca de Rio Branco ainda em janeiro, quando seguia foragido, de acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil.
A decisão, assinada pelo juiz de Direito Danniel Bonfim, foi emitida no dia 5 daquele mês e concorda com parecer apresentado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). No documento, o magistrado cita que a suspeita sobre Rodrigues é reforçada pelos depoimentos de testemunhas, que afirmam não terem visto outra pessoa na casa além dele.
“Colhe-se ainda que a vítima Luzia Costa da Silva deu entrada no Hospital de Urgência e Emergência já sem os sinais vitais e, consoante o laudo de fls. 52/53, a falecida foi morta por asfixia mecânica por constrição cervical compatível com esganadura atípica, sendo o representado o suspeito do crime, uma vez que as testemunhas ouvidas relataram não terem visto qualquer outra pessoa entrar na residência, estando o companheiro sozinho com a vítima e apresentando histórico de pessoa agressiva e violenta, além de usuário de drogas”, diz.
Morte
Luzia estava grávida de oito semanas e foi morta por asfixia
Arquivo pessoal
Luzia estava em casa com o namorado na madrugada após o Réveillon, quando o filho chegou, por volta das 7h, e chamou por ela. Rodrigues, que estava com ela no quarto, respondeu que a mulher estava desacordada. O filho, então, arrombou a porta do quarto e ainda tentou reanimá-la.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel em Urgência (Samu) foi acionada e levou a mulher já sem vida para o necrotério do pronto-socorro de Rio Branco. Apenas após a chegada do corpo no Instituto Médico Legal (IML) a família foi informada sobre as marcas de enforcamento encontradas na mulher.
A delegada Kelcinara Mesquita, responsável pelo inquérito, disse no dia 5 de janeiro que o suspeito tem passagens pela polícia por violência doméstica.
“Constam passagens dele por violência doméstica, outras agressões contra mulheres e outros crimes também. Após a morte, o corpo da Luzia foi encaminhado ao IML, o médico analisou e observou que foi morte por estrangulamento. Daí, a gente começou as investigações, ouvimos todo mundo, e o namorado foi indicado como suspeito”, informou.
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