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Piracicaba registra 30% do total de casos de câncer de colo de útero de 2023; doença é prevenida por vacina

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

18/03/2024 por Redação

No ano passado, Centro Especializado em Saúde da Mulher notificou 39 ocorrências, maior número desde 2021. Vírus HPV é a principal causa da doença, entenda o porquê. Câncer de colo do útero pode ser causado pelo HPV
Getty Images
Até o início de março, Piracicaba (SP) registrou 30% do total de casos de 2023 de câncer de colo de útero. A doença pode ser prevenida com a vacina contra o Papilomavírus Humano, o HPV, vírus que pode desencadear diversos tipos de cânceres em mulheres e homens.
Foram 13 casos registrados até o dia 8 de março deste ano em Piracicaba. Em 2023, segundo a prefeitura, o Centro Especializado em Saúde da Mulher (CESM) registrou 39 casos, o maior número desde 2021. Confira os dados abaixo.

Em janeiro deste ano, a Santa Casa de Piracicaba já havia divulgado um aumento de 30% nos diagnósticos de câncer de útero entre 2021 e 2023. Na época, a oncologista da Santa Casa Mary da Silva Thereza apontou que 99% dos casos de câncer de colo de útero são causados pela infecção persistente do HPV.
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🟣📅 Neste mês, a campanha Março Lilás busca conscientizar sobre a importância de se prevenir contra o câncer do colo do útero, a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
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Cobertura vacinal 💉
Os dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde indicam que na série histórica de 2014 a 2022, 90,4% do público-alvo feminino recebeu a primeira dose da vacina contra o vírus. 🚺👧
No entanto, em relação à segunda dose, a taxa de cobertura vacinal cai: 66% das meninas entre 9 e 14 anos retornaram aos postos de vacinação para completar a imunização contra o HPV.
A Prefeitura de Piracicaba informou ao g1 que devido a problemas no sistema do Ministério da Saúde e instabilidade no site do governo federal não foi possível levantar dados referentes a 2023 e 2024.
⚠ Ainda assim, o aumento de casos de câncer do colo de útero não pode ser vinculado à queda na cobertura vacinal, mesmo que a vacina seja a principal forma de prevenção contra a doença.
Isso porque a doença costuma se manifestar na faixa etária dos 40 a 50 anos, e o imunizante contra o HPV, disponível no SUS desde 2014, é ministrado em garotas dos 9 aos 14 anos, como explica o médico e professor de ginecologia da Unicamp Luiz Carlos Zeferino.
“Mesmo vacinando 50% das meninas, essas 50% que estão sendo vacinadas irão se beneficiar. Os casos de câncer que estão ocorrendo atualmente não foram influenciados pelo fato de ter tomado ou não a vacina”, afirma.
Frasco de vacina contra o HPV
Reprodução/EPTV
🦠 Como o HPV provoca o câncer de colo de útero?
O médico da Unicamp explica que o HPV pode provocar uma infecção no organismo que, na maioria das vezes, é eliminada naturalmente. No entanto, casos de infecções permanentes podem induzir o aparecimento de lesões precursoras do câncer no colo do útero.
Essas lesões se manifestam como pequenas manchas brancas no colo do útero e são assintomáticas, detectadas apenas por meio do exame ginecológico.
“Quando é detectada uma lesão precursora, elas podem ser tratadas e, nesta fase, praticamente 100% delas são curáveis”, diz Zeferino.
Além da vacina, o acompanhamento ginecológico é um fator importante para prevenir os casos de câncer de colo de útero. Caso as lesões evoluam para um tumor, o início da doença também é silencioso.
Quando detectado no início, as chances de cura são altas, em torno dos 90 a 95%, dependendo do estágio do câncer. No entanto, quando a doença começa a se manifestar essa taxa fica entre 40 a 50%.
“A maioria dos casos de câncer diagnosticados em mulheres que não fazem nenhuma prevenção ou rastreamento é detectado no estágio três da doença. É um tumor de grande volume, que já saiu do colo do útero e atingiu a parte óssea da pelve feminina”, explica Zeferino.
Segundo o médico, nesse estágio, o tumor pode ter comprometido partes importantes do organismo como as vias urinárias, os linfonodos (gânglios linfáticos que funcionam como filtros para substâncias nocivas), gânglios da pele e de outras regiões.
Doença pode gerar sequelas 😷🩺
Ainda conforme o especialista, mesmo após a doença ser controlada, de 50 a 60% das pacientes que tiveram câncer de colo de útero podem sofrer com sequelas como vagina estreita e dificuldade ou dor ao urinar e evacuar.
“Para controlar um tumor tão volumoso, é preciso um tratamento agressivo. E essa agressividade do tratamento é tanto com o câncer quanto com os tecidos ao redor que não têm câncer”, explica Zeferino.
Vacina contra HPV ainda não tem muita aceitação no Brasil
Olena Ivanova/ BBC
💉🏹 Vacina é principal arma
Existe um motivo para a vacina contra o HPV ser ministrada pelo SUS em crianças e adolescentes: a intenção é imunizar antes do início da vida sexual, principal via de transmissão do vírus.
Estima-se que cerca de 80% das mulheres com vida sexualmente ativa entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, mas um teste positivo para o vírus não é uma sentença: a maioria dos organismos elimina a infecção espontaneamente. “Os casos que desenvolvem alguma lesão importante são raros. Em resumo, é muito frequente adquirir infecção por HPV, mas não é frequente desenvolver câncer”, diz Zeferino.
Mesmo assim, segundo o médico, prevenir a doença ainda é melhor que tratá-la. Zeferino explica que a vacina, a princípio, previne a aquisição de infecção por HPV. Se houver a infecção, ela previne a persistência, facilitando para que o organismo elimine o vírus.
“Essas meninas estão recebendo a vacina agora, mas a maioria delas irá se beneficiar daqui a 30 anos, mais ou menos”, diz Zeferino. “Se um maior percentual de mulheres recebessem a vacina, a proteção seria maior”.
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