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Em 4 anos, RJ atendeu mais de 2 milhões de mulheres em programas de proteção e enfrentamento à violência

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

09/03/2024 por Redação

Os programas, que atendem vítimas e mulheres interessadas em defesa e crescimento pessoal, ajudam as mulheres a encararem seus traumas. Número de atendidas corresponde a mais de 20% da população total feminina do estado. Em 4 anos, RJ atendeu mais de 2 milhões de mulheres em programas de proteção e enfrentamento à violência
Divulgação/Governo RJ
O governo do Rio de Janeiro informou que atendeu mais de 2 milhões de mulheres em programas que oferecem proteção e enfrentam a violência no estado no período de 4 anos - número que representa 20% de toda população feminina do RJ.
Cerca de 500 mil mulheres procuraram esse tipo de atendimento por ano, fossem elas vítimas ou não. O programa Empoderadas, que oferta treinamentos - principalmente de defesa pessoal, e capacitação, acolhe muitas mulheres que foram vítimas de violência e buscam superar seus traumas.
Uma das mulheres atendidas pelo programa é Mayara Aline Braga, de 29 anos, vítima de abuso sexual cometido pelo próprio pai durante a adolescência. Ela avalia que ter recebido o treinamento mais cedo poderia ter evitado abusos.
“Chorei na minha primeira aula. Aprendi uma técnica de caída que me fez lembrar de uma das surras que meu pai me deu por não querer fazer café ou ter relação sexual com ele. Ele me empurrou, eu bati a cabeça na parede e desmaiei. Quando aprendi a técnica, vi que tinha possibilidade de ter me defendido dele”, desabafa a moça.
Maquiadora Mayara Aline Braga, que é atendida pelo Empoderadas
Divulgação/Governo RJ
“Descobri que tenho uma identidade própria, não a da violência que eu sofri. Minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse passado pelo tatame aos 12 anos, idade que comecei a sofrer os abusos. O Empoderadas trouxe a minha identidade, porque o abuso sexual te tira. Você vive em prol da dor que sofreu”, completa ela.
Segundo o Governo do Estado, assim como ela, outras 1,7 milhão de mulheres foram alcançadas pelo projeto e tiveram sua trajetória impactada de uma forma positiva, em 4 anos. A Mayara, no caso, aprendeu uma técnica de desvencilhamento e fuga.
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A violência cometida pelo próprio pai de Mayara resultou, fora os traumas, em uma gravidez. Hoje, a filha dela é o que a motiva para seguir.
“O nascimento da minha filha rompeu esse ciclo de violência na minha vida. Sou mãe de três meninas e um menino e todas elas são do Empoderadas. Romper esse ciclo para mim é conseguir criar as minhas filhas num ambiente onde não vão passar pelo que eu passei. Posso dar um futuro melhor para as minhas filhas e ensiná-las a dizer não, aprendi a gritar socorro aqui dentro”, destaca Mayara.
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Além disso, ela teve atendimento psicológico e fez um curso de qualificação profissional para se tornar maquiadora – sua profissão atual.
Com mais de 86 polos em todo o estado, o Empoderadas apoia mulheres nas esferas social, jurídica e psicológica, incluindo a promoção de cursos profissionalizantes que ajudam a viabilizar a independência financeira das alunas.
A Patrulha Maria da Penha, um programa da Polícia Militar que atua cara-a-cara no enfrentamento da violência, atendeu 222 mil ocorrências em 4 anos e meio. Esse número representa cerca de 150 mulheres precisando de socorro por dia.
Atualmente, a patrulha conta com 47 equipes especializadas no território estadual.
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Elaboração própria/g1
De todas essas ocorrências, 605 agressores foram presos – a maioria por descumprimento de medida protetiva expedida pela Justiça. E 53 mil mulheres passaram a ser acompanhadas pelo programa, vítimas de violências diversas dentro da Lei Maria da Penha que passaram a ter um pouco de tranquilidade.
Uma aposentada viveu 23 anos sujeita à violência psicológica de uma pessoa que deveria protegê-la. Ela foi, diversas vezes, ameaçada pelo próprio filho, e conta que ele se tornou violento depois que começou a usar drogas, aos 16 anos. O ciclo de violência só foi interrompido com a prisão dele.
“Foi o fim da linha para ele, para mim foi um recomeço. Pedi medida protetiva quando ele ameaçou apedrejar e colocar fogo em minha casa. Fui até a delegacia e ele foi conduzido na mesma hora. Desde que a medida protetiva foi expedida pela Justiça sou acompanhada por esses anjos da Patrulha Maria da Penha”, conta a idosa, que teve identidade preservada.
Veja outras formas de proteção no RJ
São 137 Delegacias de Atendimento à Mulher, que funcionam 24 horas. Foram mais de 73 mil ocorrências em dois anos.
Três Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs), em Nova Iguaçu, Queimados e no Centro do Rio.
Casa Abrigo Lar da Mulher, um local sigiloso para vítimas em risco iminente de vida, que acolhe mulheres de todo o estado e tem capacidade para até 60 pessoas. Nos últimos três anos, foram acolhidas 700 mulheres e seus filhos. Em 2023 o número de acolhidas teve um aumento de 38%, em relação ao ano anterior.

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