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Buscas por fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró entram no 20° dia

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

04/03/2024 por Redação

Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram no dia 14 de fevereiro. Força-tarefa vai ganhar reforço de mais dois agentes e cão farejador treinado para buscas em mata na terça-feira (5). Operação fez cerco em área de plantação na zona rural de Baraúna para recapturar fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró. Cachorros seguiram rastros e deram indicativos de que presos poderiam estar na área
Ayrton Freire/Inter TV Cabugi
A força-tarefa entra nesta segunda-feira (4) no 20º dia de buscas pelos detentos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró no dia 14 de fevereiro. Foi a primeira fuga registrada na história do sistema prisional federal, criado em 2006.
As buscas permanecem concentradas, desde o primeiro dia, nas áreas rurais das cidades de Mossoró e Baraúna, que faz divisa com o Ceará. Os municípios são ligados pela RN-015, onde fica o presídio.
A operação para recaptura envolve mais de 600 agentes de segurança, que atuam de forma integrada. São policiais federais, rodoviários federais, militares e civis, além da Força Nacional.
A equipe deve ganhar um reforço na terça-feira (5), data prevista para a chegada de um cão farejador da Polícia Penal do Mato Grosso, que é treinado para buscas em matas. Dois agentes chegam junto com o animal.
São policiais penais do setor de operações especializadas do sistema penitenciário. Eles têm treinamento específico como rastreadores e batedores, então acho que vai contribuir muito com a Força Nacional de segurança na busca dos fugitivos, explicou o secretário adjunto de Administração Penitenciária do Mato Grosso, Jean Gonçalves.
O pedido feito pelo Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) é para que o cão permaneça pelo período de 10 dias nas buscas. Outros cães farejadores estão sendo utilizados nas buscas durante esses 20 dias, além de drones com sensores térmicos, helicópteros e outros aparelhos tecnológicos sofisticados.
Medo muda rotina de moradores da zona rural
As pistas deixadas pelos fugitivos e confirmadas pela força-tarefa foram todas na zona rural das cidades de Mossoró e Baraúna (veja mais abaixo a cronologia).
A mais recente delas aconteceu na quinta-feira (29) após agricultoras relatarem ter visto dois homens em uma plantação de bananas. A força-tarefa confirmou que eram os fugitivos.
A crença da força-tarefa de que os foragidos permaneçam escondidos na zona rural da região tem mudado a rotina dos moradores e trabalhadores das comunidades e assentamentos. Boa parte deles são agricultores.
Na boquinha da noite todo mundo fecha as portas com medo deles aparecerem e fazerem alguma coisa com a pessoa, relatou o agricultor José Nascimento, que mora na zona rural de Mossoró.
José Nascimento, agricultor
Reprodução/Inter TV Cabugi
De certa forma, a gente fica no meio do perigo. A gente teme, porque a nossa rotina não fica a mesma. A gente fica apreensivo. Nunca passamos por isso aqui, muita polícia procurando, fazendo cerco, o trabalho deles, disse o agricultor Antoniel Morais.
As outras pistas deixadas ao longo dos dias de buscas foram a invasão a duas casas e a descoberta de uma chácara usada pelos criminosos como esconderijo - o dono do local foi preso suspeito de auxiliar na fuga.
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A procura é dificultada pelo território onde a polícia acredita que estão os foragidos, já que o trecho tem mata fechada, cavernas e animais peçonhentos.
Casa onde investigadores acreditam que fugitivos podem ter ficado durante alguns dias depois da fuga da Penitenciária Federal de Mossoró
Gustavo Brendo/Inter TV Cabugi
A Polícia Federal anunciou uma recompensa de até R$ 30 mil para quem tiver informações sobre o paradeiro dos fugitivos. Os canais para dar informações são:
ligar para o Disque-Denúncia, através do telefone 181;
entrar em contato pelo WhatsApp através do número (84) 98132-6057;
enviar e-mail para disquedenuncia181@defesasocial.rn.gov.br;
acessar o app Segurança Cidadã, do governo do RN.
Esconderijo usado por foragidos foi encontrado na mata
Reprodução/GloboNews
Cronologia da fuga
14 de fevereiro:
Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró durante a madrugada. Os dois estavam em celas separadas, mas fugiram juntos por volta das 3h. Eles saíram das celas após retirarem as luminárias - usando barras de ferro - e acessarem o shaft, espaço por onde passam dutos e rede elétrica, que dava acesso ao teto do presídio. Depois de descerem para a área externa, cortaram a cerca do presídio com um alicate, que as investigações apontaram que era de uma obra que ocorria na unidade.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afastou o diretor do presídio e nomeou um interventor.
Os fugitivos invadiram, entre 18h e 21h do mesmo dia, uma propriedade rural a cerca de 7 km da penitenciária, de onde foram furtadas camisas de várias cores, além de tênis e objetos pessoais.
15 de fevereiro:
O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou o policial penal federal Carlos Luis Vieira Pires como diretor interino da unidade, e suspendeu as visitas e banhos de sol nos cinco presídios federais do país.
As polícias Federal e Rodoviária Federal enviaram forças especiais para auxiliar nas buscas.
16 de fevereiro:
Uma camiseta do uniforme da Penitenciária Federal foi encontrada na zona rural de Mossoró. No mesmo local, estavam uma outra camiseta e também um lençol que havia sido roubado da casa arrombada na noite do dia 14.
Os nomes e fotos dos foragidos entraram na lista de procurados da Interpol.
Durante a noite, os fugitivos invadiram uma casa em Riacho Grande, na zona rural de Mossoró, a 3 km da penitenciária, fizeram uma família refém e roubaram dois celulares. Uma reportagem do g1 mostrou que os policiais passaram pela rua onde fica a casa e estiveram a poucos metros dos fugitivos neste dia.
Camiseta de uniforme de presidiário encontrada durante as buscas pelos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró
Divulgação
17 de fevereiro:
A polícia localizou sinal de celulares roubados pelos fugitivos na divisa do Rio Grande do Norte com o o Ceará.
18 de fevereiro:
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, desembarcou em Mossoró, onde a força-tarefa para as buscas está concentrada. Ele disse que a fuga foi um problema localizado.
Em entrevista coletiva na Etiópia, o presidente Lula foi questionado sobre a fuga e disse que parece que teve a conivência de alguém do sistema no episódio.
Fantástico entra nas celas de presídio de segurança máxima em Mossoró e mostra falhas de segurança que levaram à fuga de presos
20 de fevereiro:
A corregedora do sistema prisional afastou quatro diretores responsáveis pelas áreas de segurança, inteligência e administração da Penitenciária Federal de Mossoró.
21 de fevereiro:
O Ministério da Justiça autorizou o uso da Força Penal Nacional para o reforço da segurança externa da Penitenciária Federal de Mossoró.
A força-tarefa reforçou a linha de investigação que aponta que os fugitivos permaneciam na região, sem conseguir sair do cerco, mas que esperavam a poeira baixar para poder continuar com a fuga.
Barras de ferro começaram a ser instaladas em luminárias nas celas da Penitenciária Federal de Mossoró.
22 de fevereiro:
Três pessoas foram presas por suspeita de ajudarem detentos de Mossoró após fuga de prisão - duas prisões foram no Rio Grande do Norte e uma no Ceará. Foram as primeiras prisões relacionadas à operação de busca pelos fugitivos.
23 de fevereiro:
A Força Nacional chegou a Mossoró - com cerca de 100 agentes - para reforçar as buscas pelos fugitivos.
O irmão de Deibson Nascimento, um dos fugitivos, foi preso no Acre. A prisão ocorreu como desdobramento da operação em busca dos foragidos.
24 de fevereiro:
A força-tarefa encontrou um esconderijo que estava sendo usado pelos criminosos em uma área de mata. Os investigadores acreditam que eles ficaram no local do dia 17 até o dia 23, um dia antes da chegada dos policiais. Na propriedade foram encontradas embalagens de comida, lona e até um facão. O local fica a 30 quilômetros da Penitenciária Federal de Mossoró, já próximo à divisa do RN com o CE.
A Polícia Federal anunciou recompensa de até R$ 30 mil por informações sobre fugitivos.
25 de fevereiro:
O dono da chácara onde os fugitivos teriam se escondido foi preso. Ele teria recebido R$ 5 mil para esconder os foragidos.
A força-tarefa encontrou, em uma trilha na área do cerco policial, um celular que teria sido usado pelos fugitivos. O aparelho foi roubado de um morador de Baraúna no dia 22 de fevereiro. O celular encontrado estava no meio da lama, muito sujo e sem o chip, e as investigações apontam que o aparelho havia sido usado recentemente.
Polícia localiza esconderijo dos fugitivos em Mossoró
26 de fevereiro:
A Força Penal Nacional chegou a Mossoró, com uma equipe de 50 profissionais, para reforçar segurança da penitenciária federal e promover treinamentos com a equipe da unidade.
27 de fevereiro:
O dono da casa usada como esconderijo pelos fugitivos passou por audiência de custódia. A Justiça determinou prisão preventiva dele.
O Ministério Público Federal fez uma vistoria na Penitenciária Federal de Mossoró.
29 de fevereiro:
A força-tarefa fez um novo cerco em uma área rural na cidade de Baraúna após duas agricultoras verem dois homens desconhecidos de um assentamento saindo depressa de uma plantação de bananas em direção a uma área de mata. Cães farejadores deram indícios de que os dois homens vistos seriam os fugitivos, o que foi confirmado pela força-tarefa.
Fuga da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
Arte/g1
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