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Dengue exige cuidados com alimentação e restrição a treinos

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Com informações do G1

04/03/2024 por Redação

Hidratação constante + alimentação adequada + repouso é a receita para uma melhor recuperação; entenda as dicas Com os números de casos e de mortes por dengue aumentando em todo o país, a população deve se proteger tomando as medidas preventivas para impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti. No entanto, apesar dos cuidados, é possível ser infectado pelo vírus transmitido pelo inseto. Nesse caso, o que fazer com a alimentação e os treinos durante a doença?
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Repouso, hidratação e alimentação são essenciais para o período de doença
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Em primeiro lugar, é importante explicar que a dengue pode se manifestar de diferentes níveis de gravidade, dependendo de fatores como a cepa viral, a resposta imunológica do doente e a existência de comorbidades. Em alguns casos, a enfermidade pode evoluir para quadros graves, que podem levar a sangramentos e até a morte.
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Hidratação é essencial
Não existe medicamento específico que elimine o vírus ou cure a enfermidade. Por isso, é essencial procurar atendimento médico logo no início dos sintomas para receber as orientações adequadas e fazer o acompanhamento clínico e, se necessário, laboratorial, como explica a infectologista Simone Sena Fernandes.
— Um dos aspectos mais importantes do tratamento da dengue é a hidratação, que vai repor os líquidos e os sais minerais perdidos pela febre, pelo suor, pela diarréia e pelo vômito, que podem causar desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico. A hidratação também ajuda a eliminar as toxinas produzidas pelo vírus, que podem causar lesões nos órgãos, principalmente no fígado e nos rins - orienta a especialista.
Ela ressalta que a hidratação deve ser realizada de forma adequada e constante durante todo o período da doença. Essa recomendação varia de acordo com a idade, o peso, o histórico médico e a gravidade da doença. Em geral, para adultos com peso corporal em torno de 70 kg, prescreve-se cerca de 1,5 litro de soro de reidratação em 24 horas, além de 2 a 2,5 litros de outros líquidos, como água, chás e sucos.
— Os líquidos devem ser ingeridos em pequenas quantidades e com frequência, para evitar a sobrecarga do estômago e dos rins, além de possuir uma composição adequada. Sendo assim, devem ser evitados líquidos com alta concentração de sais ou açúcar para evitar a hiponatremia (baixa concentração de sódio no sangue) ou a hiperglicemia (alta concentração de glicose no sangue), que podem causar alterações neurológicas e metabólicas.
Como deve ser a alimentação
Além da hidratação, a alimentação também é um fator fundamental no tratamento da dengue. Ela deve fornecer os nutrientes necessários para a recuperação do organismo e a prevenção da anemia e da imunossupressão (diminuição da resposta imune devido a certas doenças).
A alimentação deve ser realizada de forma fracionada e balanceada, respeitando a tolerância e a preferência do paciente. Não há uma dieta específica para a dengue. Períodos prolongados em jejum devem ser evitados pois, durante esse período, a mucosa gástrica estará em contato apenas com o suco gástrico, que é ácido.
Sopas e caldos - como a canja de galinha - são excelentes aliados porque não somente nutrem o organismo, mas também contam como parte da hidratação.
— Pacientes que já seguem plano alimentar específico por condições clínicas anteriores à infecção devem redobrar a atenção nesse momento. Isso vale para pacientes diabéticos, hipertensos, portadores de doença renal e hepática, portadores de anemia crônica, gastrite ou úlcera péptica crônica e de distúrbios de coagulação podem evoluir para quadros mais graves, se não seguirem as orientações dietéticas — adverte a infectologista.
Como a principal característica clínica da dengue é a redução na quantidade de plaquetas no sangue, é fundamental ajustar a alimentação para que os alimentos forneçam as quantidades necessárias de ferro, vitamina B12 e ácido fólico.
— Carne bovina, fígado, frango, peixes e ovos não podem faltar nas refeições. Recomenda-se ainda o consumo de frutas e sucos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, para aumentar a absorção de ferro. Durante o período mais crítico da doença, a dieta deve ser leve e de fácil digestão e absorção — ensina a nutricionista Danielle Toledo.
Ela recomenda evitar alimentos com ação antitrombótica (que possuem utilidade fortemente embasada para a prevenção do acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico), como alho, cebola e gengibre.
Outra indicação super importante que pode ajudar a minimizar os sintomas da dengue é evitar alimentos que contêm salicilatos, substâncias similares ao ácido acetilsalicílico e que reduzem a atividade de plaquetas no sangue.
Esses alimentos a serem evitados são: batata, pepino, pimenta, abricó, ameixa fresca, amêndoa, amora, cereja, groselha, limão, maçã, melão, morango, nectarina, nozes, passas, pêssego, tangerina, tomate, uva e cereja.
O consumo de proteínas diárias normalmente é otimizado para atletas com em recuperação para ajudar a preservar a massa muscular. Contudo, no caso da dengue, é muito importante ter atenção na fonte dessa proteína, como alerta o médico do esporte e nutrólogo Pedro Luiz Guimarães.
— Tentar aumentar o consumo de proteína, principalmente por meio de carne vermelha, está associado ao aumento do consumo de gorduras saturadas. E isso pode ser prejudicial para a saúde cardiovascular de um modo geral, ainda mais para o paciente com dengue — frisa o médico.
Por isso, a melhor recomendação é sempre seguir orientações médicas. Segundo os especialistas entrevistados pelo EU Atleta, a receita necessária para ter a melhor recuperação possível da dengue é: hidratação constante + alimentação adequada + repouso.
O que fazer com os treinos
Outro aspecto importante no tratamento da dengue é o repouso, responsável por preservar a energia e os demais recursos do organismo, consumidos pelo combate à infecção e pela recuperação dos tecidos. O descanso também ajuda a evitar a sobrecarga do coração e dos pulmões, que podem ser afetados pela febre, pela desidratação e pela hipoxemia (baixo nível de oxigenação no sangue).
— A atividade física deve ser evitada durante os primeiros dez dias da enfermidade, pois pode aumentar a demanda de oxigênio e nutrientes, além de causar desidratação, o que pode piorar o quadro da doença. O quadro inicial, febril e quase sempre acompanhado de dores de cabeça e no corpo, por si só já interrompe as atividades habituais. O ideal é realizar uma avaliação médica logo no início dos sintomas e seguir as orientações de repouso e hidratação — adverte a infectologista.
O retorno às atividades habituais e aos treinos deve ser gradual e orientado por um profissional de saúde, conforme a evolução dos sintomas e dos exames laboratoriais. Geralmente, a normalização de plaquetas e hematócritos se efetivará entre o sétimo e o décimo dia de doença. Para a grande maioria das pessoas que não evoluiu com quadros graves, é possível retornar gradativamente às atividades.
Normalmente, recomenda-se esperar, no mínimo, duas semanas após o final dos sintomas para retomar as atividades e começar com exercícios de baixa intensidade e curta duração, como caminhadas, alongamentos e bicicleta.
— Uma vez que o atleta apresenta melhora considerável ou total dos sintomas, pode ocorrer um retorno gradual aos treinos, começando com baixa intensidade e volume de treino menor do que o habitual do atleta — orienta Pedro.
— Ainda nas primeiras semanas, após a melhora dos sintomas, é prudente evitar situações de grande demanda física (principalmente cardiovascular em exercícios de endurance) e de risco de desidratação, como treinos intensos em condições climáticas desfavoráveis — continua o médico.
— Durante a fase de retorno aos treinos, caso o atleta não consiga progredir no aumento de intensidade e/ou volume ou apresente qualquer sintoma anormal durante os treinos (como palpitações, desmaios, tonturas, náuseas), é obrigatório interromper a prática de exercícios e buscar atendimento médico especializado.
Fontes:
Danielle Toledo (@nutri_danitoledo) é coordenadora da área de Nutrição da Conexa, plataforma digital de saúde integral.
Pedro Luiz Guimarães (@pedroluizgui) é médico do esporte e nutrólogo. Pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e que atende na Conexa.
Simone Sena Fernandes é infectologista, com residência médica no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. É especialista em doenças infecciosas e parasitárias e atua na Conexa.

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