Dia só acontece em anos bissextos, ou seja, em média a cada 4 anos. Dois moradores de Jaú (SP) compartilharam como é ter nascido nesta data. Calendário ano bissexto, dia 29 de fevereiro
Reprodução/g1
A tradição de comemorar o aniversário surgiu ainda no Egito antigo, por volta dos anos 3.000 a.c. A festa era exclusiva para faraós, mas se popularizou quando a tradição se estendeu para os povos gregos e romanos.
Com a mistura de crenças cristãs e pagãs, a comemoração tomou a forma atual e acontece no dia em que a translação da Terra coincide com o mesmo ponto ao redor do sol onde o planeta estava no dia em que uma pessoa nasceu. Ou seja, no mesmo dia do ano.
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Mas para alguns moradores do centro-oeste paulista, essa celebração não pode ser contabilizada pelo calendário. A terra pode até passar pelo mesmo ponto, mas o calendário não aponta isso: elas nasceram no dia 29 de fevereiro, uma data que só acontece em média a cada 4 anos, em anos bissextos.
Um levantamento da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de SP (Arpen-SP), mostrou que as cinco maiores cidades da região (Bauru, Marília, Botucatu, Jaú e Ourinhos (SP) registraram 201 nascimentos na data desde a virada do século, na seguinte ordem:
Bauru - 62 nascimentos
Marília - 45 nascimentos
Jaú - 36 nascimentos
Botucatu - 30 nascimentos
Ourinhos - 28 nascimentos
Conforme a legislação federal, a Declaração de Nascido Vivo (DNV), popular certidão de nascimento, deve conter o nome; sexo; data, horário e município de nascimento, além dos dados da mãe. Com nascidos no dia 29 de fevereiro, não deve ser diferente.
A diferença, no cunho legal, não existe e se restringe apenas às comemorações pessoais, como explica o presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), Leonardo Munari de Lima.
Nós, como registradores, devemos obedecer exatamente o fato jurídico. Então, se a criança nasceu no dia 29 (de fevereiro), nós vamos registrar esse fato, pontua o presidente.
Conforme a legislação federal, a Declaração de Nascido Vivo (DNV), popular certidão de nascimento, deve conter o nome; sexo; data, horário e município de nascimento, além dos dados da mãe.
Divulgação/Anoreg-PR
A Professora Tamara Lucena é moradora de Jaú (SP) e responde perguntas sobre sua data de aniversário há 39 anos. Ela é uma das pessoas que “comemoram aniversário a cada quatro anos”, uma sortuda, já que a chance de isso acontecer é de 1 em 1461.
Em entrevista ao g1, ela explicou que em anos comuns, que não são bissextos, ela acaba tendo dois aniversários, já que recebe felicitações no dia 28 de fevereiro e 1 de março.
“A comemoração é uma loucura. A verdade é que eu nunca faço aniversário em um dia só: ou recebo cumprimentos no dia 28 de fevereiro e 1 de março, ou os parabéns vêm em três dias - 28 e 29 de fevereiro e 1 de março! É uma loucura, todo mundo pergunta se está cumprimentando no dia certo, mas no ano seguinte tudo se repete”, conta a professora.
Por outro lado, também tem aqueles que deixam a data passar, pelo simples fato de ela não existir no calendário. Tamara leva a confusão com muito bom humor, mas o assunto já foi causa de discussão com um namorado, seu atual marido.
A professora Tamara Lucena, de Jaú (SP) diz que já se acostumou com as perguntas sobre sua data de aniversário
Arquivo pessoal
“Eu me lembro de que já namorávamos há seis anos, e meu marido (namorado naquela época) sempre soube que, quando o ano não é bissexto, eu gosto de comemorar meu aniversário no dia 28 de fevereiro e não no dia 1. Acontece que ele passou boa parte do dia sem me cumprimentar (é claro que ele esqueceu) até ser lembrado pela minha mãe. Nessa hora, ele fez todo um discurso dizendo que meu aniversário não era naquele dia e sim no dia posterior e que comemorar no dia 28 não fazia sentido... É claro que não colou!
Tamara explica que a decisão de comemorar no dia 28 de fevereiro foi de seu pai, já que era uma recomendação do cartório na época. Então a professora aderiu a ideia e diz ter uma relação especial com o mês.
Apesar de nascer no dia 29 de fevereiro, Tamara Lucena foi registrada no dia 28 de fevereiro por recomendação do cartório
Arquivo pessoal
“Em anos sem o dia 29, comemoro no dia 28, pois amo ser de fevereiro. Sei lá, esse mês me encanta, é o meu mês, sabe? Além disso, foi o dia escolhido pelo meu pai, já que em 1984 havia uma recomendação dos cartórios por uma escolha entre os dias 28 e 1, e meu pai escolheu dia 28.”, finaliza.
A certidão de nascimento de Tamara consta dois dias diferentes: o de registro e o de nascimento
Arquivo pessoal
Já para o jovem Igor Begosso Carvalho, de 16 anos, seu aniversário sempre foi tema de curiosidade entre os amigos. Diferente da Tamara, todos seus documentos constam o dia 29 de fevereiro de 2008 como data de nascimento.
“Eu acho engraçado a surpresa das pessoas, aí elas começam a perguntar e eu vou respondendo como funciona, que dia eu comemoro, entre outras coisas. Todos meus documentos legais e registrados constam o dia 29 de fevereiro, sem nenhuma objeção. Tanto que tem até pessoas que perguntam, se eu fui registrado mesmo no dia 29, e sim, eu fui”, explica o jovem.
Igor Begosso Carvalho, de 16 anos, nasceu no dia 29 de fevereiro, mas comemora seu aniversário no dia 28
Arquivo pessoal
Igor também adota o dia 28 de fevereiro como data de aniversário postiça para anos não bissextos. Para ele, a identificação também está ligada ao mês, que é o que consta em seus documentos.
“Eu comemoro no dia 28 de fevereiro. Eu acho mais legal comemorar em fevereiro porque é algo que está registrado e parece que fica mais próximo do meu aniversário”, finaliza.
Seguindo as regras atuais, Igor foi registrado no dia 29 de fevereiro de 2008
Arquivo pessoal
Entenda o Ano Bissexto
Maiores cidades do centro-oeste paulista registraram mais de 200 nascimentos no dia 29 de fevereiro desde 2000
Paulo Piassi/g1
O ano bissexto foi criado pelos romanos na época do imperador Júlio César para adequar o calendário ao tempo que o planeta Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol.
Como uma translação (volta ao redor do Sol) é feita em 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 36 segundos, esse tempo que “sobra” é arredondado para seis horas e, após quatro anos, somam-se 24 horas — ou seja, um dia a mais no ano (29 de fevereiro).
De acordo com esses dados, o ano de 2024 é a 504ª ocorrência do ano bissexto na Era Comum.
*Sob a supervisão de Mariana Bonora
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