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Cidades da região de Piracicaba têm consumo de água por habitante até 79% acima do recomendado pela OMS

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

26/02/2024 por Redação

O levantamento foi feito pelo g1 e mostra que em dois dos municípios o consumo, que já era elevado, subiu ainda mais no ano passado. Cidades da região de Piracicaba têm consumo de água por habitante até 79% acima do recomendado pela OMS
Reprodução/TV Diário
As três maiores cidades da região de Piracicaba (SP) tiveram em 2023 o consumo de água por habitante bem acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O levantamento foi feito pelo g1 e mostra que em dois dos municípios o consumo, que já era elevado, subiu ainda mais no ano passado.
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De acordo com a OMS, cada pessoa precisa de cerca de 110 litros de água por dia pra atender às necessidades de consumo e higiene. Porém, o consumo de cada morador de Piracicaba, Limeira ou Santa Bárbara dOeste está bem maior do volume indicado pela organização.
Em Piracicaba, segundo dados do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), o consumo em 2023 foi de cerca de 150 litros por habitante, por dia. Em 2022, a quantidade era de 156 litros/dia.
Já em Limeira, segunda maior cidade da região, o consumo é ainda mais elevado e chega a ser 79% acima do preconizado pela OMS. Em 2022 eram 189,93 litros/dia. Número que saltou para 197,36 em 2023.
Em Santa Bárbara dOeste o consumo também está acima do recomendado. Em média, cada morador consumiu 180,61 litros de água por dia em 2023. Em 2022, foram 176,61 litros/dia.
Veja no gráfico a comparação do consumo de água por ano em relação ao recomendado pela OMS. 👇

Em Piracicaba, o Semae também informou que a situação da cidade em janeiro de 2024 foi ainda pior do que a média do ano todo em 2023. Foram 175 litros de água por dia para cada habitante.
Os riscos do consumo elevado
Segundo a gerente técnica e coordenadora do Programa de Educação Ambiental do Consórcio das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Andrea Borges, o consumo de água na região chegou a cair muito no período da crise hídrica entre 2014 e 2015, por conta de campanhas e rodízios.
Fotógrafo registra baixa do Rio Piracicaba em 4 de janeiro de 2014
Mateus Medeiros
Só que depois que passou a crise teve um aumento, começou a aumentar de novo o consumo de água, lamentou. Ela explica que o consumo elevado é especialmente prejudicial na região de Piracicaba, porque a quantidade de água disponível é menor do que a média do estado e equivale a alguns países do Oriente Médio, em que a seca é um problema até mais evidente.
Essa economia por pessoa é importante para isso, para que a gente continue tendo um sistema equilibrado, até porque a população só está aumentando e a água não. A água que a gente tem no nosso planeta é a mesma, desde os dinossauros [...] E para piorar, a gente polui essa água. Além da gente gastar de forma desnecessária, a gente ainda polui o que tem.
Andrea afirma que a população tem uma falsa sensação de que há muita água disponível por conta das chuvas, mas que isso não é verdade, porque os aquíferos subterrâneos demoram a se reabastecer, mesmo em períodos chuvosos.
Então não necessariamente quando tem bastante água no rio, vai ter bastante água lá embaixo. Muitas vezes a chuva vem muito rápida, vem muito concentrada e toda essa água vai embora, e pouca dela é abastecida, esclarece.
Outro problema que pode acarretar nesse alto consumo, segundo ela, são os vazamentos. As pessoas nem reparam, às vezes a torneira que fica lá pigando, ou os vazamentos não visíveis, que estão ali embaixo da casa, que vão acumulando, afirmou.
Torneira de água em Piracicaba
Reprodução/EPTV
Problema social
Andrea ressalta que o problema do alto consumo de água também é social e que, inclusive, em bairros de classe média e classe alta o consumo costuma ser maior do que em regiões periféricas da cidade, por conta de piscinas e quintais grandes.
Além disso, ela também afirma que, quando há algum problema no abastecimento, também são as regiões mais periféricas que mais sofrem os impactos.
Em regiões mais pobres, nas periferias da cidade, é onde falta mais água, é onde não chega quando tem o rodízio, os racionamentos, porque não tem pressão para levar água até lá. E geralmente são essas pessoas que sofrem mais também com a estiagem, explicou.
Temperaturas elevadas aumentam consumo
Em nota o Semae de Piracicaba informou que o consumo elevado pode ser explicado por algumas particularidades do município. A principal delas é que este consumo médio está atrelado às condições climáticas específicas da região, de temperaturas elevadas ao longo de todo o ano, invernos amenos e verões longos, argumenta a autarquia.
O Semae também menciona as ondas de calor que atingiram a região recentemente e a redução de chuvas, que afetam diretamente no consumo de água.
A autarquia reforça que faz campanhas para economia de água e divulga comunicados sobre as condições climáticas, matérias e banners no site e páginas oficiais, com dicas de consumo consciente.
Calor na região de Piracicaba
Reprodução/EPTV
Já em Limeira, a BRK, concessionária responsável pelo abastecimento de água, reforçou a importância da população fazer o consumo consciente, além de também mencionar as altas temperaturas.
A empresa afirma que desde 2021 atua com uma campanha com página exclusiva na internet, que reúne informações sobre as condições dos mananciais que abastecem a cidade, além de dados sobre os índices de chuvas e dicas de consumo consciente.
O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Santa Bárbara informou em nota que a cidade mantém a média histórica de consumo de água por habitante e que atualmente o abastecimento na cidade está normal, com os reservatórios com 98% da capacidade.
O departamento analisou que não houve variação relevante entre o consumo de 2022 a 2023, apesar da alta indicada nos dados e disse que faz campanhas em períodos de estiagem
A nota também diz que o DAE faz investimentos no saneamento e que está atualmente construindo uma nova represa, além de ampliação do sistema de reservação e distribuição de água, com instalação de novos reservatórios e adutoras, trocas de redes antigas e setorizações.
A autarquia intensificou o combate às perdas por meio de ações que compreendem a investigação de vazamentos ocultos, instalações de válvulas redutoras de pressão, trocas de hidrômetros com mais de cinco anos de uso, capacitações das equipes técnicas por meio de treinamentos e demais ações.
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