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Prefeitura de Piracicaba alega que projeto com ‘Aedes do Bem’ ficou sem viabilidade econômica e não atingiu expectativas

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

19/02/2024 por Redação

Cidade vive momento de alta nos casos e tem situação considerada de risco pela Secretaria de Saúde, mas não registra epidemia. Larvas do mosquito da dengue
Reprodução/EPTV
Com o projeto-piloto Aedes do Bem encerrado e a fábrica fechada desde 2018, a Prefeitura de Piracicaba afirmou que a iniciativa de combate à proliferação da dengue se tornou economicamente inviável e que não atingiu os resultados esperados. A cidade foi pioneira no testes com o mosquito vetor da dengue geneticamente modificado em laboratório entre 2014 e 2018.
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Ao g1, a administração municipal afirmou ainda que estuda outras possibilidades de menor custo.
Sobre o projeto Aedes do Bem, ele ficou economicamente inviável uma vez que, além do alto custo para sua manutenção, os resultados obtidos no seu projeto-piloto não atingiram as expectativas desejadas, comunicou em nota.
Piracicaba (SP) confirmou uma média de 45 casos de dengue por dia na última semana. Foram 320 novos casos, totalizando 1.189 desde 1º de janeiro. As informações foram divulgadas pela prefeitura na última sexta-feira (16).
A Secretaria de Saúde afirmou que segue buscando alternativas sustentáveis e de menor custo para o combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Entre eles o Método Wolbachia, realizado no Brasil pelo Instituo Fiocruz/RJ e que conta com financiamento do Ministério da Saúde, completou.
Fábrica de Mosquitos Aedes do Bem em Piracicaba/Arquivo
Claudia Assencio/G1
Empresa
A Oxitec, empresa responsável pelo projeto-piloto com os aedes geneticamente modificados na época afirmou que, nos anos de aplicação dos testes, houve resultado positivo nos bairros que antes, tinham mais incidência de casos.
A multinacional britânica de biotecnologia responsável por fazer a mutação genética do mosquito disse ainda que a iniciativa teve aceitação da população na região.
O projeto utilizava a primeira linhagem dos mosquitos autolimitantes OX513A, que fazia a soltura de mosquitos adultos em áreas estratégicas do município. Durante 4 anos do projeto pilotos, os resultados geraram um pico de supressão do Aedes aegypti nas áreas tratadas em 98%, com redução nos casos de dengue no CECAP após o 1º ano do projeto, especificou a CEO da Oxitec no Brasil, Natalia Ferreira.
Uma pesquisa formal de opinião pública realizada com 1,2 mil moradores, feita em maio de 2019, apontou que 92% de apoio ao projeto, 94% gostariam que o projeto fosse expandido para outras áreas e 93% queriam a continuidade do mesmo, segundo a Oxitec.
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Em Indaiatuba (SP), projeto que também durou 4 anos, obtivemos resultados comprovados publicados pela Revista Científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, levando à supressão significativa da população de Aedes aegypti local em até 96%, durante 11 meses em comunidades urbanas densamente povoadas e afetadas pela dengue, completou Natalia.
Os dois projetos pilotos, segundo Natalia, foram fundamentais para gerar insights e melhorias no produto. Dentre eles a forma de aplicação, embalagem, comercialização e precificação, trazendo a nova linhagem OX5034, vendida para governos, empresas e consumidores finais desde 2021, concluiu.
Natalia salienta ainda que os contratos com cada município variam, baseado na quantidade de hectares a serem tratados com a solução. Algumas cidades optam por tratar toda sua área urbana, enquanto outras preferem iniciar o tratamento em bairros mais endêmicos para viabilizar o projeto, explicou.
Processo separava mosquitos Aedes machos de fêmeas em fábrica de Piracicaba
Claudia Assencio/G1
Com a recente construção da nova fábrica em Campinas (SP), a Oxitec aumentou a oferta dos Aedes do Bem através de novos processos, novos equipamentos, além de automações na produção. Isso permitiu a oferta da solução para diversas empresas, indústrias e cidades de todo o Brasil, aumentando a capacidade produtiva e possibilitando a redução de custos.
Aedes do Bem em casa: veja como funciona
Mais recentemente, o projeto Aedes do Bem, que utiliza mosquitos geneticamente modificados em laboratório para atuar no combate ao vetor da dengue, ganhou um novo modelo que utiliza mini caixas da tecnologia em versões domésticas, com dosagem menor dos insetos para uso em residências ou pequenos estabelecimentos comerciais.
Piracicaba não tem situação de epidemia, diz Saúde
Na última semana, a Prefeitura de Piracicaba já tinha confirmado que o cenário atual é de risco para a doença e que a cidade tem circulação do vírus de tipo 1. No entanto, apesar dos casos em alta, a situação atual da dengue em Piracicaba não é de epidemia.
Para que seja confirmada epidemia da doença, são necessários dois fatores, nenhum deles confirmado até agora na cidade:
Incidência da doença permanecer em ascensão por quatro semanas consecutivas
Registrar mais de 300 casos confirmados da doença a cada 100 mil habitantes
Segundo a prefeitura, atualmente a cidade está na semana epidemiológica de número 7, que se encerrou no domingo (18). A progressão da dengue na cidade nas últimas quatro semanas apontou uma queda no número de confirmações.
A última vez que a cidade registrou epidemia da doença foi em 2019. Em 2021 a prefeitura chegou a dizer que a cidade tinha condições para um cenário epidêmico, mas a situação não foi confirmada no balanço final do ano.
Casos por região
Segundo o boletim mais atualizado, não foram registradas mortes pela doença e os casos estão distribuídos da seguinte forma:

A situação permanece mais grave na zona Leste da cidade, que compreende a região entre os bairros Agronomia, Cecap, Conceição, Dois Córregos, Jardim Abaeté, Jardim São Francisco, Monte Alegre, Morumbi, Piracicamirim, Pompéia, Santa Cecília, Santa Rita, Taquaral, Unileste, Vila Independência, Vila Monteiro.
Como evitar o Aedes🦟
Segundo a prefeitura, são feitas ações durante o ano todo para evitar a proliferação do mosquito da dengue, com visitas e mutirões em todos os bairros, além da coleta de materiais inservíveis.
Caso a pessoa apresente sintomas da dengue - que são febre alta, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas pela pele, além de diarreia e vômitos - deve procurar uma unidade de saúde para atendimento médico.
Veja algumas das orientações para evitar a proliferação do Aedes:
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas – o uso é contraindicado para pessoas alérgicas;
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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