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145 pessoas trans foram assassinadas em 2023, segundo associação

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

29/01/2024 por Redação

Foram 14 a mais do que em 2022. Esta segunda-feira (29) é o Dia da Visibilidade Trans. 145 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2023. Da esq para dir, Ana Luisa Pantaleão, Bianca Ferreira, Caio Siqueira, Chiquita, Joana Smith, Julia Nicoly, Laila, Mara Brandão, Paloma, Taina Rodrigues, Talita Costa, Tieta, Tiago da Silva e Rafaela Moraes
Reprodução
O Brasil teve 145 pessoas trans assassinadas em 2023, 14 a mais do que um ano atrás, aponta o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgado nesta segunda-feira (29), Dia da Visibilidade Trans.
Do total, foram 136 assassinatos de travestis e mulheres trans/transexuais e 9 de homens trans e pessoas transmasculinas.
A Antra explicou que o número pode ser maior porque não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no Brasil.
Sonho interrompido
O perfil das vítimas segue o mesmo: a maioria (94%) é mulher trans/travesti, preta ou parda (72%), tinha entre 18 e 29 anos (34,5%), vivia da prostituição (57%) e foi morta com requintes de crueldade (54%).
Entre as mais jovens está Ana Luisa Pantaleão, de 19 anos. Segundo a avó, ela trabalhava como garota de programa em São Paulo e desapareceu após entrar no carro de um cliente, em setembro de 2023.
Seu corpo só foi encontrado 15 dias depois, às margens de uma rodovia, com marcas de golpes de arma branca no pescoço. O local da morte foi apontado pelo homem que foi preso como suspeito do crime.
Ana Luisa Pantaleão tinha 19 anos e deixou Alagoas para morar em São Paulo
Arquivo pessoal
Ana Luisa tinha deixado a cidade de Pão de Açúcar, no interior de Alagoas, um ano e meio antes, e sonhava em morar na Europa.
O dia amanheceu com uma tristeza inexplicável. Muitas saudades, uma espera sem fim e sem respostas do porquê de tanta crueldade, lamentou a avó, Cláudia Santos, após reconhecer a neta.
Pelo 15º ano, o país continua sendo o que mais mata pessoas trans no mundo.
O Brasil ficou à frente do México e dos Estados Unidos no ranking dos assassinatos de pessoas trans em 2023 elaborado pela ONG Transgender Europe, que monitora 171 nações.
Ao todo, 321 mortes foram contabilizadas em todo o mundo entre outubro de 2022 e setembro de 2023, que é o período de coleta de dados anual da organização internacional.
Mortes por estado
São Paulo voltou a ser o estado com mais registros de assassinatos de pessoas trans (19 casos), com aumento de 73% em relação a 2022, quando ocupava o segundo lugar no ranking nacional.
Ainda segundo a Antra, o Rio de Janeiro teve o dobro de assassinatos em 2023 em relação ao ano anterior, passando da terceira para a segunda posição, com 16 casos.
Também houve alta no Ceará, o terceiro colocado, onde foram contabilizados 12 assassinatos, um a mais do que em 2022.
O dossiê destaca que 65% das mortes (90) aconteceram em cidades do interior dos estados, seguindo uma tendência que já existia em 2022.
Entre os casos em que foi possível determinar o local do crime, 60% das mortes foram em locais públicos.
Veja o perfil de pessoas trans assassinadas no Brasil em 2023
Anderson Cattai e Kayan Albertin/g1
A pesquisa também apontou que cinco travestis/mulheres transexuais brasileiras foram assassinadas fora do país, sendo duas na Itália, duas na Espanha e uma no Paraguai.
O dossiê da associação também chamou a atenção para 10 casos de suicídio, sendo 5 de travestis/mulheres trans, 4 de homens trans/transmasculinos e 1 de pessoa não binária.
Falta de ações concretas
O dossiê, realizado desde 2017, aponta que o atual governo ainda não conseguiu, seja pela falta de acenos simbólicos ou de ações concretas, posicionar a luta antitransfobia e a vida das pessoas trans na centralidade dos compromissos assumidos até aqui.
O levantamento cita, por exemplo, o fato de que a nova carteira de identidade nacional vai manter a distinção entre nome de registro e nome social e também o campo sexo.
Em maio passado, o governo anunciou que haveria a unificação do campo nome, sem distinção de nome social ou nome de registro, e a exclusão do campo sexo. Mas voltou atrás em dezembro.
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A autora do dossiê, Bruna Benevides, também uma mulher trans, diz também que faltam posicionamentos contundentes por parte de partidos, agentes políticos, gestores, artistas, influencers e outras figuras públicas em relação à situação das pessoas trans e travestis brasileiras.
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