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Mais da metade das árvores do bairro de Nazaré, em Belém, cidade da COP 30, possui danos provocados por ação humana

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

20/01/2024 por Redação

Levantamento da Universidade Federal Rural da Amazônia em parceria com a Prefeitura aponta que 517 árvores possuem pregos, lixo ou corte da casca do vegetal. Bairro é um dos principais da cidade e é onde passa a procissão do Círio de Nazaré. Bairro de Nazaré, em Belém, possui 1.011 árvores
Oswaldo Forte/Agência Belém
No bairro de Nazaré, em Belém, região onde é realizado o Círio, foram catalogadas 1.011 árvores. O levantamento foi feito pela Universidade Federal do Pará (Ufra) em parceria com gestão municipal, o qual busca formatar o inventário das árvores da capital paraense, cidade que vai receber a COP 30, em 2025.
Leia também: Inventário das Árvores: prefeitura de Belém conclui mapeamento em dois bairros
Do total de árvores identificadas, 517 possuem danos provocados pela ação humana. Foram encontrados:
Pregos
Lixo
Anelamento (corte da casca ao redor do tronco gerado por amarração de fios ou uso de pneus, levando o vegetal a morrer de fome)
“Qualquer tipo de amarração, fixação de pregos, furos e outros objetos que perfuram e expõem o lenho são maléficos à saúde da árvore, podendo acarretar na queda do vegetal”, explica a professora Joze Melissa, uma das orientadoras do trabalho.
Amarração de fios ou uso de pneus ao redor do tronco da árvore causa o anelamento, corte da casca ao redor do tronco da árvore
Comus/Prefeitura de Belém
Em dezembro, uma Mangueira caiu em cima de carros estacionados em uma rua do bairro de Nazaré. Dentro de um dos veículos estavam mãe e filha, que foram resgatadas por populares.
Árvore cai em área movimentada do centro de Belém
Em fevereiro de 2023, parte de uma Samaumeira centenária que ficava na Praça Santuário de Nazaré caiu e ao longo do ano foram registradas outras quedas de vegetais na cidade.
Parte de Samaumeira caiu em Belém na praça Santuário de Nazaré
Fábia Sepêda/TV Liberal
A secretária municipal de Meio Ambiente, Christiane Ferreira, explica que o mapeamento individualizado de todas as árvores existentes na cidade tem caráter preventivo, uma vez que o levantamento servirá como base para as ações de manutenção e arborização desenvolvidas pela Secretaria de Meio Ambiente (Semma) em conjunto com outros órgãos governamentais, iniciativa privada e sociedade civil.
A pesquisa já passou pelos bairros do Marco, de Fátima - juntos somaram 3.422 árvores -, Nazaré, e a próxima etapa do levantamento contabilizará árvores localizadas no bairro do Reduto. A previsão é que o inventário das árvores de Belém seja concluído até o final de 2024.
O mapa com a localização das árvores pode ser acessado aqui.
Cidade da COP precisa de mais árvores
Belém precisa de arborização, isto é um fato. E temos que fazer o mais rápido possível, declara o professor da Universidade Rural da Amazônia e Doutor em Ciências Agrárias, Cândido Ferreira Neto.
Vista do bairro do Bengui, em Belém.
Agência Pará
Ele também integra o projeto de mapeamento das árvores da capital paraense e diz que o levantamento e o plantio de novas árvores vai ajudar no conforto térmico dos ambientes e consequentemente possibilitar a sustentabilidade, melhorar a biodiversidade, a interação social e a questão econômica.
É fácil observar isto. Em uma praça com boa arborização, é possível ver um maior quantitativo de pessoas, logo há pessoas com suas vendas de comida, de brinquedos, mesmo que sejam horários de sol forte, porque onde há árvores, há tolerância da temperatura, além de existir grande número de pássaros, insetos e outros seres vivos. Tudo isto está ligado à arborização.
Mapeamento de árvores em Belém deve ser concluído no final de 2024
Arquivo Pessoal/ Cândido Ferreira Neto
A capital paraense possui uma temperatura média de 33ºC, segundo o Inmet, e já há registros de de sensação térmica de 38ºC. Quando se pensa no número de visitantes no período da COP, para a qual se fala em 60 mil pessoas, o cenário preocupa.
Chegando mais gente, precisamos de mais árvores. Não é algo que se consegue resolver do dia para a noite, mas precisamos resolver, diz Cândido Neto.
Precisa plantar, mas não qualquer árvore
Plantio deve levar em consideração local e espécie para que não cause prejuízos futuros, e sim, sombra para a cidade
Fernando Sette/Comus Belém
A escolha da espécie para determinado local precisa levar em consideração se o vegetal terá ricos de queda, se afetará o solo, e se é indicado para determinada calçada.
Se você quer plantar uma árvore, o primeiro de tudo é contactar a Secretaria de Meio Ambiente de Belém para que os técnicos verifiquem qual é a espécie e se ela é adequada para o local. Indicamos uma espécie chamada Pau Pretinho, por ter um bom sombreamento, mas outras questões devem ser avaliadas. Além disto, é preciso cuidar do vegetal, não pregar pau, pregos, isso prejudica o vegetal, diz o professor.
Cândido alerta ainda para a poda e diz que já foi feito contato com a concessionária de energia do estado para orientar uma melhor podagem das árvores na realização de manutenção da fiação elétrica.
A podagem mal feita pode desequilibrar o vegetal. Se bater um vento forte, a árvore pode cair, alerta.
Está na hora da gente retornar, se aproximar da natureza. Ela está gritando, pedindo socorro, e daqui a pouco vamos gritar socorro junto com ela”, alerta o especialista.
Leia também: Por que pensar em uma cidade para as crianças?
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