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Jogadoras do Atlético-MG relatam falta de estrutura; time treina em campo de futebol amador

globoesporte.com - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

22/12/2023 por Redação

Atletas também reclamam da limitação para uso de materiais esportivos, como uniformes de treino e jogo A gente não tem toalha no treino, sabe? Eles não fornecem toalha pra gente tomar banho depois do treino. A gente não pode deixar a chuteira no clube. A gente perdeu o direito de fazer muita coisa ali. Não tem liberdade nenhuma, nenhuma mesmo.
O desabafo foi feito por uma das jogadoras do time de futebol feminino do Atlético-MG. A reportagem do ge ouviu queixas de parte do elenco sobre as condições de treinamento oferecidas pelo clube e no uso de material esportivo.
- Você tem que ver que é surreal. A gente indo para jogo com tênis velho. É surreal - disse uma das atletas.
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Boa parte do elenco feminino do Galo tem vínculo até o dia 31 de dezembro. Algumas jogadoras assinaram pré-contrato com outros clubes. Outras ainda aguardam contato da diretoria alvinegra para possíveis renovações.
O ano do Atlético-MG feminino foi cheio de oscilações. A equipe começou a temporada sendo eliminada pelo Corinthians na Supercopa, fez campanha ruim no Brasileirão, brigando contra o rebaixamento, e terminou 2023 com o vice do Campeonato Mineiro, perdendo para o Cruzeiro.
Entrada do campo da Arena Santa Cruz, onde o time feminino do Atlético-MG treina
ge
Recentemente, a diretoria alvinegra demitiu a técnica Vantressa Ferreira e ainda não anunciou um novo nome. Fontes consultadas pela reportagem afirmaram que Robertinha, auxiliar fixa do time, deve ser a nova comandante da equipe.
As jogadoras ouvidas pelo ge pediram para não serem identificadas, por medo de retaliação. As jogadoras relataram os problemas vividos no Galo. Uma das reclamações diz respeito ao principal local de treinamento.
Cruzeiro 1 x 0 Atlético-MG | Melhores momentos | Campeonato Mineiro feminino 2023
Atualmente, as Vingadoras aprimoram a parte física na Arena Santa Cruz, campo público, que pertence à Prefeitura de Belo Horizonte e é concedido para parceiros da comunidade da região Nordeste.
Buraco em uma das entradas da Arena Santa Cruz
ge
Às vésperas de partidas importantes, como a final do Campeonato Mineiro deste ano, as jogadoras trabalharam na Cidade do Galo, principal centro de treinamento do Atlético. O CT tem oito campos disponíveis para o profissional e as categorias de base do masculino. O local conta com hotel e tem projetos de ampliação.
Cidade do Galo, principal centro de treinamento do Atlético-MG
Pedro Souza
O gramado da Arena Santa Cruz é sintético, com estrutura de futebol society. O local atende aos jogos de futebol amador na capital mineira. As jogadoras reclamam das condições do próprio campo e da estrutura no entorno.
- (O piso do campo) é duro, né? Você suja o seu uniforme, você rasga o seu uniforme, as chuteiras... (o campo) acaba com a sua chuteira. Você fica com o corpo todo dolorido. Eu fico uma semana com dor. Saio de lá toda dolorida - disse uma jogadora.
Sujeira no entorno no campo da Arena Santa Cruz
ge
As atletas relatam que treinar em um campo fora dos padrões para profissionais atrapalha a preparação para competições. Em Belo Horizonte, o time costuma mandar os jogos no Sesc Venda Nova, campo com grama natural.
- A gente sente, porque treina em society. Aí dá canelite. Você fica com dor nas costas, fica com perna pesada. Dá cãibra, entendeu? E outra, não é por falta de campo, porque campo é o que mais tem em BH.
Futebol amador na Arena Santa Cruz em BH
ge
Além da questão do campo, que não é o ideal para as jogadoras, a estrutura do complexo também rende reclamações. Segundo as jogadoras, elas evitam utilizar os vestiários do local. O campo é público, com as peladas de fim de semana e campeonatos amadores acontecendo no espaço.
- Às vezes (usamos o vestiário) só pra trocar de roupa, porque o vaso é muito sujo.
Vestiários da Arena Santa Cruz com chuveiros quebrados
ge
Vila Olímpica
A Vila Olímpica, local onde os profissionais do Atlético treinavam até o fim dos anos 90, é utilizada pelo futebol feminino para a fisioterapia e academia. Durante os dias de treino, o time faz atividades na Arena Santa Cruz.
Depois do treinamento, as jogadoras vão para a Vila Olímpica, que atualmente funciona como clube recreativo do Atlético. Lá realizam a segunda parte da preparação e também fazem as refeições no local. Cerca de 10km de distância separam as duas estruturas utilizadas pela categoria.
Treino das Vingadoras na Arena Santa Cruz
Fábio Pinel/Atlético
As atletas relatam que as atividades na Arena Santa Cruz e na Vila Olímpica as afastaram da instituição. Além de estarem limitadas dentro do Atlético, as atletas utilizam o mesmo espaço que sócios do clube recreativo, que é aberto ao público.
Da Vila (Olímpica) o espaço que usamos é a fisioterapia, que foi montada lá, e a academia. Mas nós sentimos como se não fizéssemos parte do clube, porque não temos liberdade nem na Vila Olímpica.- comentou uma jogadora.
Material esportivo
Outro ponto relatado pelas atletas é a indisponibilidade de materiais esportivos. Durante 2023, as jogadoras receberam dois kits de uniformes para a disputa de três campeonatos (Supercopa, Brasileirão e Mineiro). As trocas eram quase impossíveis, mesmo quando os materiais já não tinham mais condições de uso.
- Eles deram dois (kits) para o ano todo. Aqueles uniformes de pano mais grosso, sabe? Fora que algumas atletas ganharam uniforme já encardido e com cheiro impregnado - relatou uma das jogadoras.
Treinos do Atlético-MG na Arena Santa Cruz
Fábio Pinel/Atlético
- Era uma dificuldade para você conseguir trocar de tênis, por exemplo. A comissão toda trocou o tênis. Isso foi surreal. Trocaram o tênis da base, e as meninas do profissional não trocaram, não fizeram questão - desabafou outra atleta.
A gente indo com as mesmas roupas pro jogo, roupa que já tava velha. Foi um descaso total.
Treino do Atlético-MG na Arena Santa Cruz
Fábio Pinel/Atlético
Posicionamento do Galo sobre investimentos
O ge procurou o Atlético-MG pedindo esclarecimentos sobre as condições de treinamento e fornecimento de material esportivo para as jogadoras. Até a publicação desta reportagem, não houve retorno da assessoria do clube.

Em contato anterior, tratando especificamente sobre os planos do Atlético para o elenco feminino após a implementação da SAF, Rodrigo Caetano, diretor de futebol do clube, afirmou que o projeto não é tratado como obrigação.
- Ele não é só por conta de uma obrigatoriedade da CBF. O Galo já vem desenvolvendo esse projeto. (...) O projeto segue, ele tem lá seu orçamento destinado para o futebol feminino. A gente espera, talvez em um futuro não muito distante, que o futebol feminino se aproxime um pouco das condições que tem o futebol masculino, não só aqui no Galo, como em todos os clubes em geral. É legítimo porque acompanhamos as meninas e o quanto elas se dedicam para representar o clube.
Vai ter o seu orçamento, mas é difícil projetar em um curto espaço de tempo. O projeto é justamente não parar, para que, no momento adequado, se possa fazer os devidos investimentos no futebol feminino.
Em entrevista coletiva, na segunda-feira passada, o presidente da associação do Atlético, Sérgio Coelho, afirmou que o feminino ainda não tem orçamento fechado para a próxima temporada. Segundo ele, a partir de 2024, a categoria vai passar a ter gestão separada do masculino.
- Nós estamos fechando o orçamento, não tenho esse valor e devido também às minhas ocupações. Eu conversei isso com os 4Rs, com o Rubens, especificamente, que o futebol feminino, nós vamos ter uma gestão separada, porque eu já estou assumindo uma cadeira no Conselho de Administração, presidente do comitê de futebol, presidente da associação, e tem minhas coisas. Não está definido isso, mas é possível que caminhe por isso aí, vai ter alguém que vai falar pelo futebol feminino, mas é uma preocupação nossa de ter o futebol feminino bem organizadinho.
Sérgio Coelho disse que o futebol feminino vai ter uma gestão separada do masculino
João Viegas/CAM
Sérgio ainda disse que o feminino não está incluso nos valores de R$ 400 milhões que a SAF direcionou para o futebol do clube.
- O futebol feminino não está nos R$ 400 milhões, a base (do masculino) está sim. Não (não tem nome) definido para ficar à frente do futebol feminino. Estamos definindo, mas nos próximos dias a gente vai ter esse nome. Até o final do ano sigo à frente. Pegamos o time na Série B, colocando na Série A, e agora vamos ver os próximos três anos.
Outro clubes mineiros
Na capital, América-MG e Cruzeiro têm times femininos profissionais. A equipe cruzeirense é a única que integrou o elenco feminino para utilizar as dependências do clube. Desde a chegada da SAF, as jogadoras passaram a treinar na Toca I. Durante a atual temporada, foram transferidas para a Toca da Raposa II. Por lá, fazem todo o trabalho de fisioterapia, academia, nutrição e campo.
O gramado utilizado é o sintético. A equipe cruzeirense manda jogos em campos naturais durante boa parte do Brasileirão. No Campeonato Mineiro, utiliza a estrutura do centro de treinamento para as partidas como mandante.
Cruzeiro utiliza os campos da Toca da Raposa II para os treinamentos da equipe feminina
Gustavo Martins
Kin Saito, diretora de futebol feminino do Cruzeiro, afirmou que o clube disponibiliza uniformes e chuteiras novas para a equipe e detalhou os campos de treinamento usado pelas jogadoras
- Temos um campo sintético reconhecido e aprovado pelo padrão da Fifa. As atletas continuam tendo acesso ao gramado natural. Esse que estamos falando é realmente de ponta, ao invés de borrachinha preta, é uma tecnologia de cortiça que absorve o calor do sol - explicou.
As Spartanas, como as jogadoras do Coelho são conhecidas, ficam fora do Centro de Treinamento do clube. O Lanna Drumond recebe o time profissional e as categorias de base do masculino.
O sub-20 e a equipe principal do feminino treinam na PUC, universidade que fica no Coração Eucarístico, em Belo Horizonte. Todo o trabalho de academia, fisioterapia e campo é feito nas dependências da universidade.
Treno do América-MG feminino é na PUC
Gabriela Castro / América
O espaço é dividido com as atividades dos alunos, logo, não é um centro de treinamento dedicado ao elenco feminino. O gramado é natural, próximo ao que as jogadoras utilizam em jogos oficiais, no Sesc Venda Nova.
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