Geral

Lar selvagem lar: a cidade como ambiente dos animais

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

13/12/2023 por Redação

Pesquisadores encontraram mais de mil espécies de animais vivendo em uma casa abandonada na área urbana de Brisbane, costa leste da Austrália. Pesquisadores australianos descobriram animais na casa e no quintal da propriedade
Matthew/Unsplash
Há tempos se fala sobre o distanciamento do homem para com a natureza, um distanciamento que só parece crescer e tem inúmeros impactos em nossa vida. No entanto, a natureza nunca se afastou de nós e um grupo de cientistas quis saber se quão próxima ela ainda está das cidades. Quem conta a história dessa descoberta é o biólogo Luciano Lima.
Quantos animais você tem em casa? Um ou dois cachorros? Um gato, talvez? Uma calopsita, quem sabe? Um estudo publicado recentemente mostrou que na Austrália, dentro dos limites de uma casa e seu quintal, próximo ao centro de uma cidade, podem ser encontrados inacreditáveis 1.150 espécies de seres vivos (incluindo animais, plantas e fungos).
Durante o isolamento social da pandemia, um grupo de pesquisadores australianos se propôs a responder o que eles consideram uma das perguntas mais simples que um biólogo pode se perguntar: quantas espécies existem em um pequeno lote urbano com uma casa?.
Para solucionar esta dúvida, durante um ano (entre março de 2020 e março de 2021), os cientistas vasculharam a moradia de um dos autores, uma propriedade de 430 m² onde havia uma casa de três quartos, em busca do maior número de seres-vivos que eles conseguissem encontrar. O lugar fica localizado em Brisbane, na costa leste da Austrália.
As técnicas utilizadas para encontrar e registrar as espécies incluíram utilizar redes para capturar invertebrados no jardim; verificar insetos atraídos por lâmpadas dentro e fora de casa; buscar organismos na composteira e observação com auxílio de binóculos a partir de pontos privilegiados no quintal.
Embora muitos organismos bem pequenos tenham sido identificados com o auxílio de microscópios pouco potentes, não foram analisados micróbios como bactérias e outros seres microscópicos.
Após um ano de levantamento, os pesquisadores chegaram a inacreditável marca de 1.150 espécies. Dentre elas, estão 1.034 animais, 103 plantas e 13 fungos. Como seria esperado, os insetos lideraram o grupo dos seres mais abundantes, com destaque para as mariposas e borboletas, que somaram 436 espécies no total. Entre os top 5 grupos ainda estão 109 espécies de moscas, 103 plantas, 95 besouros e 88 formigas e vespas.
Os pesquisadoras identificaram também 56 espécies de aves, incluindo o famoso cucaburra (Dacelo novaeguineae) e o lindíssimo lóris-arco-íris (Trichoglossus haematodus), além de 11 mamíferos, como a raposa-voadora-preta (Pteropus alecto) - um dos maiores morcegos do mundo - e o cusu-de-orelhas-grandes (Trichosurus vulpecula) - um gambazão arborícola. Já entre as oito espécies de répteis o destaque foi para um lagarto-de-língua-azul (Tiliqua scincoides) que vivia embaixo da casa.
Áreas urbanas geralmente são vistas como lugares pobres em espécies, ou onde estão presentes apenas seres associados a ambientes extremamente degradados. No entanto, os autores do estudo chamam atenção para o fato de que, em áreas urbanas, pode ser encontrado um número considerável de espécies que mantém redes ecológicas complexas.
Outro dado do estudo que chama atenção é que a grande maioria das espécies encontradas (86%) é nativa do país, embora 100 das 103 espécie de plantas registradas não sejam da flora australiana. Fato que, segundo os autores da pesquisa, ressalta que áreas urbanas também são importantes para biodiversidade local.
Ainda conforme o estudo, uma dica para ter um quintal mais selvagem é abrir mão da monotonia de um gramado estéril e diversificar nas plantas do jardim. E você? Já parou para pensar quantas espécies podem existir no seu quintal ou na área comum do seu prédio?
Uma boa dica para começar a perceber e catalogar a natureza selvagem ao seu redor é utilizar o aplicativo gratuito iNaturalist.
Através dele, é possível submeter fotos de animais, plantas e fungos para uma plataforma cuja inteligência artificial sugere possíveis identificações com base nas espécies já registradas nas redondezas. Caso ainda restem dúvidas, uma rede colaboradores voluntários auxilia na identificação do registro.
Aos poucos, as espécies vão se acumulando no seu perfil e você vai ajudando a levantar a diversidade da vida, não apenas no seu quintal, mas por onde você passa. É algo como caçar pokémons de verdade. Como não podemos cobrar aluguel das espécies que dividem a casa conosco, por que não aprender mais sobre a natureza local e receber o pagamento em encantamento?
* Luciano Lima é ornitólogo e integra a equipe do Terra da Gente
VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
.
Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Link curto:

TÓPICOS:
G1

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE

MAIS NOTÍCIAS DO RASTRO101
menu