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Veja dez datas importantes da história que podem cair nas provas de humanas do Enem

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

03/11/2023 por Redação

Efemérides são datas ou celebrações de acontecimentos que marcaram a sociedade. g1 selecionou ‘aniversários’ que vão de 200 a 10 anos. A prova de linguagens será a primeira a ser aplicada no ENEM 2023
Divulgação
Você sabe o que é uma efeméride? Em uma curta explicação, é a comemoração de eventos importantes para a história de uma localidade (ou até do mundo inteiro). Alguns desses fatos chegam neste ano a “idades” marcantes -- como 10, 20, 30 ou 200 anos -- e podem cair na prova de humanas do Enem, a ser aplicada neste domingo (5).
Por isso g1, em parceria com o professor de geografia Luis Felipe Valle, do Curso e Colégio Oficina do Estudante, separou dez efemérides para ficar de olho nesta reta final dos grandes vestibulares.
As “aniversariantes” foram organizadas das mais velhas para as mais novas. Confira abaixo e prepare a revisão.
200 anos da Doutrina Monroe (1823)
80 anos da CLT (1943)
70 anos da Revolução Cubana (1953)
50 anos da Guerra do Yom Kippur (1973)
50 anos da 1ª grande crise do petróleo (1973)
50 anos do golpe militar no Chile (1973)
50 anos dos Acordos de Paz de Paris (1973)
30 anos da União Europeia (1993)
20 anos da Guerra do Iraque (2003)
10 anos das Jornadas de Junho (2013)
Bandeiras americanas em um muro privado na fronteira entre Estados Unidos e México em Ciudad Juárez.
Jose Luis Gonzalez/Reuters
200 anos da Doutrina Monroe (1823)
Não se assuste pelo nome: o slogan da doutrina é bem famoso e fácil de entender. O “América para os Americanos”, segundo Valle, era uma tentativa de trazer a independência dos países, principalmente da América Latina, em relação à colonização europeia.
Há dois séculos, sob o comando do presidente James Monroe, os Estados Unidos já se diziam apoiadores incondicionais da liberdade e da democracia.
“Mas, com o passar do tempo, ficou bastante claro que a maioria dos países — que conseguiram a independência dos colonizadores europeus, com o apoio dos EUA — acabaram depois enredados, endividados com os país e tiveram, portanto, uma liberdade parcial”, explica o professor.
Ou seja, a independência dos países latinos saía cara porque a intenção dos norte-americanos ao ajudar financeiramente ou militarmente era incentivar a independência da Europa para que os estados ficassem sob a influência dos Estados Unidos.
CLT foi a primeira legislação unificada no Brasil a abordar direitos e deveres dos trabalhadores e empregadores
getty images
80 anos da CLT (1943)
Viajando para a outra ponta da América e 120 anos no tempo, em 1943 o presidente Getúlio Vargas promulgou um pacote de leis para tentar proteger os trabalhadores em um momento de intensa industrialização do Brasil.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) também era uma forma de ganhar apoio político. “A gente sabe que o Vargas tinha uma política bastante populista”, afirma o professor Valle.
Além disso, ela foi uma forma de criar garantias e dispositivos legais que evitassem os efeitos negativos da industrialização que foram observados no Reino Unido em relação à exploração do trabalho, principalmente de crianças, de pessoas idosas e de mulheres grávidas.
“A CLT, para nós, é um marco importantíssimo que garantiu dignidade para os trabalhadores e trabalhadoras. Foi sofrendo alterações, ajustes, numa parceria importantíssima com movimentos sociais, com sindicatos, por entidades que representam a população civil”, explica Valle.
O professor também traz um panorama importante após 2017, quando Michel Temer assumiu a presidência após o impeachment de Dilma Rousseff.
Com a promessa de gerar mais empregos e desburocratizar a economia, a reforma trabalhista proporcionou uma hiper flexibilização dos direitos dos trabalhadores.
“Hoje a gente, pelo contrário, além do desemprego, tem um problema muito grave ligado à precarização do trabalho, que a gente também chama de ‘uberização’ do trabalho”, afirma Valle.
Como não há mais a obrigatoriedade de cumprir certos direitos, especialmente para diversos trabalhadores que foram convertidos para PJ (pessoas jurídicas) e profissionais autônomos, a realidade é um aumento da jornada de trabalho e redução das garantias trabalhistas.
“Pessoas que têm menor poder aquisitivo que, embora sejam chamados de empreendedores, muitas vezes trabalham 12, 14, 16 horas por dia, sem folga, sem descanso, para mal conseguir pagar as contas no fim do mês e sem qualquer direito, como 13º, férias remuneradas, recolhimento do FGTS, e apoio depois do INSS para ter uma aposentadoria um pouco mais confortável”, diz Valle.
Fidel Castro e Che Guevara foram companheiros na Revolução Cubana
Cubas Council of State Archive/AFP
70 anos da Revolução Cubana (1953)
A Doutrina Monroe acabou mais cedo em Cuba. Em 1953, um movimento revolucionário liderado por Fidel Castro surgiu fruto da insatisfação com a ditadura de Fulgêncio Batista e da influência norte-americana no país na América Central.
Para entender a revolução cubana, é preciso voltar mais um pouco no tempo. Cuba se tornou independente da Espanha em 1898 e contou com o apoio estadunidense para isso, mas o fim da colonização não foi o fim da exploração do país, que se tornou o “quintal” dos EUA.
Uma das principais características dessa influência norte-americana era a Emenda Platt, um tratado que determinava o direito dos EUA de intervir em Cuba sempre que julgassem necessário. O governo de Fulgência Batista, é claro, ia de acordo com os interesses estadunidenses.
O conflito acabou só em 1959, com a queda de Fulgêncio Batista. Com isso, o país entrou para a lista de aliados da União Soviética e passou a representar uma ameaça bem próxima aos Estados Unidos.
As relações diplomáticas entre EUA e Cuba foram rompidas de vez em 1961, e um ano mais tarde ocorreu a Crise dos Mísseis, um dos momentos mais tensos da Guerra Fria.
Guerra do Yom Kippur: confronto teve consequências profundas na política israelense
Jornal Nacional/ Reprodução
50 anos da Guerra do Yom Kippur (1973)
O ano de 1973 foi muito agitado e, a partir de agora, vai aparecer bastante por aqui. Começando pela Guerra do Yon Kippur, quando os países árabes se juntaram com a Palestina para enfrentar Israel. Parece familiar?
Na época, Israel tentava consolidar seu poder militar na criação do Estado e, claro, recebia apoio dos Estados Unidos. Os árabes, por sua vez, fizeram um ataque surpresa em um feriado muito importante para os judeus, o Dia do Perdão.
Uma curiosidade interessante é que este feriado segue o calendário lunar e, a cada ano, é comemorado em uma data diferente. Em 1973, era em 6 de outubro, e apesar do fator surpresa, o tiro saiu pela culatra.
“As tropas israelenses conseguiram atacar com bastante eficiência a Palestina e o estrago para os palestinos, especialmente na faixa de Gaza e na região da Cisjordânia, foi devastador”, explica o professor de geografia.
Como resultado, Israel tomou o controle de territórios importantes para o Egito e para a Jordânia, que faziam parte da ofensiva árabe: a Península do Sinai, o Canal do Suez, as nascentes do rio Jordão e o Monte Sião. O que nos leva ao próximo ponto.
Uma tocha de gás em uma plataforma de produção de petróleo nos campos de petróleo de Soroush é vista ao lado de uma bandeira iraniana no Golfo Pérsico, no Irã
Raheb Homavandi/File Photo/Reuters
50 anos da 1ª grande crise do petróleo (1973)
Em resposta à Guerra do Yom Kippur, o Irã, apoiador da Palestina e o principal país produtor e exportador de petróleo, na época, cortou o fornecimento do recurso para o Ocidente.
Isso gerou o Choque do Petróleo de 1973. Com a interrupção no fornecimento de petróleo, o preço do petróleo chega a níveis altíssimos e provoca uma série de crises econômicas em diversos países ao redor do mundo — inclusive no Brasil.
Na época, o Brasil estava sob a ditadura militar e o governo estava profundamente endividado com os Estados Unidos para financiar o milagre econômico. “A elevação do preço do petróleo faz o preço do dólar disparar, e é nesse momento que a farsa do milagre econômico começa a ser exposta”, diz Valle.
Isso gera uma outra consequência para o país. Com o encarecimento do petróleo, o programa pró-álcool para a produção de etanol e motores de carros movidos a etanol tem início. “Essa sim, uma política bem sucedida que coloca hoje o Brasil na liderança de produção de combustíveis renováveis”, explica o professor.
Exército em frente ao palácio presidencial de La Moneda bombardeado durante o golpe militar, Satiago, Chile, entre 21 e 30/09/1973.
Evandro Teixeira/Acervo IMS
50 anos do golpe militar no Chile (1973)
A América Latina também tem um 11 de setembro sangrento: 28 anos antes do atentado ao World Trade Center, o Chile sofreu um golpe militar que colocou o ditador Augusto Pinochet no poder.
Pinochet, até então, era comandante do exército chileno. Ele liderou os militares na captura do Palácio de La Moneda, o palácio presidencial, que terminou com a morte do presidente democraticamente eleito Salvador Allende.
Allende era socialista e a política dele limitava bastante a interferência dos Estados Unidos no país. “Isso acabou servindo como um catalisador do golpe e do início da ditadura sangrenta de Pinochet, que durou até 1999”, explica o professor Valle.
Os 26 anos de governo de Pinochet deixaram um rastro de destruição. Pelo menos 3 mil pessoas foram mortas e 1,5 mil desapareceram.
“Mais de 200 mil pessoas deixaram o Chile com medo da repressão e, também, por conta da fome, da miséria, de uma política bastante agressiva de privatização e de entreguismo dos recursos do Chile para os Estados Unidos num modelo militarista que depois passa a ser conhecido como a Operação Condor, que afeta também a Argentina, o Paraguai, Uruguai, a Bolívia e outros países aqui da América do Sul”, afirma o professor.
A imagem mais famosa da Guerra do Vietnã, feita pelo fotógrafo Huynh Cong Nick Ut, da Associated Press, completa na semana que vem 40 anos desde o dia em que foi tirada. A menina Kim Phuc, hoje aos 49 anos, conta que a fotografia passou a persegui-la.
Nick Ut/AP
50 anos dos Acordos de Paz de Paris (1973)
Os Estados Unidos são protagonistas da política mundial hoje e, há 50 anos, não era diferente. Durante a Guerra Fria, houve vários confrontos indiretos entre os norte-americanos e a União Soviética.
Um deles foi a Guerra do Vietnã, no qual os EUA saíram derrotados, sem conseguir derrubar o governo socialista vietnamita. A assinatura dos Acordos de Paz de Paris determina a remoção das tropas estadunidenses do país do sudeste asiático.
Apesar da vitória, as consequências da guerra para o Vietnã foram devastadoras. “As cicatrizes do massacre ali são muitas. Até hoje é fortemente percebido um período de decadência econômica, sucedido de um estrago gigantesco pela indústria da guerra, mas parece que o dinheiro para as operações militares não faltava”, afirma Valle.
Hoje, apesar das dificuldades enfrentadas por décadas, o Vietnã é considerado um novíssimo tigre asiático, nome dado a um conjunto de territórios do leste e sudeste da Ásia que experimentaram um rápido processo de crescimento econômico e industrial a partir da segunda metade do século 20.
Ironicamente, o Vietnã hoje também conta com o apoio financeiro dos norte-americanos, que tentam combater a expansão chinesa no mercado global como aconteceu em lugares como Coréia do Sul, Hong Kong, Tawain, Singapura, Malásia e Indonésia.
“Hoje, o Vietnã, o Paquistão e o Bangladesh estão sendo chamados de novíssimos tigres, mas são países que ainda sofrem bastante com todo esse contexto muito violento e de guerras durante, principalmente a Guerra Fria”, diz o professor de geografia.
Quase um ano após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit, os dois lados fecharam um acordo para definir as novas regras na relação entre eles.
Getty Images via BBC
30 anos da União Europeia (1993)
Um dos principais blocos políticos e econômicos do mundo também completa uma idade marcante em 2023. Em 1993, dois anos após o fim da Guerra Fria, a comunidade econômica europeia criada em 1957 pelo tratado de Roma dá lugar à União Europeia, que nasceu com a assinatura do tratado de Maastricht.
A União Europeia é um bloco de integração política, econômica e social fundamental para a recuperação da Europa após a 2ª Guerra Mundial. “É um bloco que trouxe uma moeda comum, muito bem sucedida, que é o euro, e conseguiu ressuscitar economias que estavam em severas crises”, explica Valle.
Alguns exemplos são a Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha. Mas a União Europeia também teve suas turbulências, principalmente com a crise econômica de 2008, a deflagração da Primavera Árabe e os conflitos em parte da África e no Oriente Médio, principalmente na Síria.
“Um fluxo muito intenso de refugiados acabou se direcionando para a Europa a partir de 2011, agravando o problema estrutural que já existia em países como Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Irlanda, do endividamento público e do desemprego estrutural. Isso fez com que uma onda nacionalista ganhasse muita força, dando início a movimentos de ruptura com a União Europeia, como o Brexit”, explica do Valle.
O Brexit, aliás, completou 7 anos e continua gerando impactos nos países da Grã-Bretanha. A saída do Reino Unido do bloco se deu em 2016, durante uma votação apertada.
Bombardeio do Iraque por forças dos EUA em 2003 marcou início da guerra contra regime de Saddam Hussein
AFP
20 anos da Guerra do Iraque (2003)
Mais uma guerra envolvendo diretamente os Estados Unidos. Antes dos atentados de 11 de setembro, o Iraque já foi aliado dos EUA no combate ao Irã durante a década de 1970. Mas as coisas mudaram.
O governo de George W. Bush começou a “Guerra ao Terror” como resposta ao ataque terrorista promovido pela Al-Qaeda de Osama Bin Laden. O primeiro conflito desse pacote foi contra o Afeganistão, em 2001, e logo em seguida os EUA invadem o Iraque para derrubar Saddam Hussein.
Hussein era um importante líder sunnita do mundo islâmico. “De mesma orientação religiosa, portanto, do Osama Bin Laden”, explica Valle. O motivo dado pelos norte-americanos para invadir o país do Oriente Médio era uma suspeita de que lá havia armas químicas.
“Isso em nenhum momento foi comprovado, mas legitimou uma invasão violentíssima das tropas da OTAN que acabaram com a captura e depois a execução por enforcamento de Sadam Hussein e a e a completa destruição política, econômica e até da ordem social democrática de um país já muito devastado pelas guerras nas décadas anteriores”, diz o professor de geografia.
Hoje, o Iraque ainda vive em uma situação extremamente precária onde grupos terroristas, como o Estado Islâmico, tem ganhado muita força. “Os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, os países que gostam mais desse intervencionismo da OTAN, renovam essa justificativa de que é necessário combater o terrorismo com mais guerra, com mais armas, com mais destruição, com mais violência”, afirma Valle.
Mas o professor destaca que o Iraque, apesar da situação atual, já foi um dos lugares mais prósperos do planeta. Entre o Rio Tigre e Eufrates, no passado, ficava a Mesopotâmia, berço de diversas civilizações.
Manifestação em junho de 2013 no centro do Recife, durante as Jornadas de Junho
Acervo/TV Globo
10 anos das Jornadas de Junho (2013)
Parte da história recente do Brasil, as Jornadas de Junho completam sua primeira década este ano. Tudo começou por conta de manifestações contra o aumento da tarifa do ônibus. “Acho que todo mundo se lembra do povo na rua dizendo que não era pelos 20 centavos”, diz Valle.
Isso, no entanto, foi se diluindo e se misturando com outras pautas. “Em algum momento, virou um combate à corrupção sem haver uma centralização exatamente nessa agenda”, explica o professor de geografia.
As manifestações tiveram momentos bastante tensos, como o enfrentamento da polícia e de grupo como os Black Blocks. O nome é inspirado no grupo francês de mesmo nome e também no movimento da Primavera Arábe em 2011.
“Havia uma espécie de sentimento de revolta e essa necessidade de manifestar isso nas ruas, muitas vezes de forma democrática e, em alguns momentos de forma mais agressiva, através de manifestações consideradas como vandalismo. Mas o grande problema acabou sendo a generalização das pautas. Esse ‘contra tudo e contra todos’ desestabiliza, politicamente e economicamente, o país”, explica Valle.
Uma das consequências que o professor enxerga das Jornadas de Junho foi a retirada da presidente democraticamente eleita Dilma Rousseff do poder três anos mais tarde. Michel Temer assumiu o governo e isso deu margem, como já foi dito anteriormente, à reforma trabalhista.
“Dez anos depois, olhando em perspectiva, a gente observa que lamentavelmente houve até mesmo um desmonte de mecanismos de combate à corrupção”, diz Valle. “A corrupção, longe de ter acabado, meio que se aperfeiçoou”.
Os ataques terroristas de 8 de janeiro também podem ser ligados à Jornada de Junho, de acordo com o professor.
“Felizmente, foi um golpe que não teve êxito, mas que nos faz pensar o quanto a democracia nesses dez anos amadureceu ou não”, diz.
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