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Serviço de água encanada muda realidade de indígenas em bairro de Manaus

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

26/10/2023 por Redação

A comunidade Associação Waikiru, existe há mais de 30 anos e abriga mais de 20 famílias. Familia Santos mora há mais de 10 anos na comunidade indígena em Manaus
Débora Martins/ Rede Amazônica
O serviço de água encanada está na lista das principais necessidades básicas de uma comunidade, bem como o acesso à água tratada, a coleta e ao tratamento de esgoto.
Por mais de trinta anos, essa não era a realidade de cerca de vinte famílias que residem na Comunidade Associação Waikiru, pelo menos no que se refere ao fornecimento de água.
Fundada em 1970 por indígenas da etnia Saterá-Mawé, os indígenas motivados pela busca de assistência médica, hoje estão estabelecidos em becos e vielas que cortam parte do bairro Da Paz e Redenção, na zona Centro-Oeste da capital.
De lá para cá, muitos desafios foram enfrentados, entre eles a busca incessante por água, literalmente.
Sempre foi um problema, a gente não tinha água encanada. Por anos usamos uma bica, uma cacimba feita pelos próprios moradores, onde a gente usava a água para tomar banho. Para beber, era preciso caminhar uns 3 quilômetros, quase todos os dias, para buscar água, lembra um dos líderes e morador da Comunidade Waikiru, Érico dos Santos.
A antiga realidade também é viva nas memórias de Anita Ferreira Lima, 39 anos. A dona de casa lembra do dia em que ela e outras moradoras tiveram uma reação alérgica por causa da falta de água tratada.
Sem ter água em casa, foi preciso improvisar, não era o que a gente queria, mas foi necessário. Lembro do dia em que a água não subiu para comunidade por três dias, pela encanação improvisada, e a gente agoniadas para tomar banho, fomos na cacimba, e quando a gente olhou, a água do poço estava só barro, mas mesmo assim usamos, porque precisávamos tomar banho; horas depois, o nosso corpo se encheu de coceira, foi preciso sair e pedir água em outra casa para gente tomar banho, a gente tinha vergonha de ficar pedindo, mas foram legais com a gente e nos deram água, nunca esqueci disso. , conta Anita.
Dona de casa Anita Ferreira Lima, em sua residência na comunidade Waikiru, em Manaus
Débora Martins/ Rede Amazônica
Saúde
Segundo Ministério da Saúde, a água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento contínuo asseguram a redução e controle de doenças como:
Diarreias
Cólera
Dengue
Febre amarela
Tracoma
Hepatites
Conjuntivites
Poliomielite
Escabioses
Leptospirose
Febre tifóide
Esquistossomose
Malária
Para o infectologista Nelson Barbosa, o sanamento básico aliado ao acesso a água tratada, pode evitar a frequência de doenças ligadas a veiculação hidrica.
A água contaminada ela pode produzir diversas doenças desde as parasitoses intestinais como as infecções intestinas, além de desidratação em crianças e adultos, ressaltou Nelson.
Outra realidade
Em 2020, o mapeado dos locais onde não havia o serviço de água regular realizado pela empresa responsável pelo abastecimento em Manaus, chegou na Comunidade Waikiru.
Desde que chegou em Manaus, em 2018, a concessionária fez um trabalho de relacionamento para chegar nas regiões de vulnerabilidade social e garantir que estas áreas contassem com os serviços de água e esgoto. Diante disto, foi realizado um mapeamento dos locais onde não havia o serviço regular de abastecimento de água e, com a ajuda de lideranças comunitárias, levamos saneamento para todas as áreas regularizadas, como em comunidades distantes da área central e de difícil acesso, explica a Águas de Manaus.
A concessionária detalhou ainda que foi preciso adaptar a execução dos serviços à geografia peculiar da cidade, com estruturas de rede de abastecimento de água tratada e coleta de esgoto em áreas de palafitas e becos.
Além da comunidade Waikiru, moradores do Parque das Tribos, considerada a maior comunidade indígena urbana da capital, localizada no bairro Tarumã, zona Oeste, residentes do Parque das Nações Indígenas, que abriga cerca de 13 etnias, também na zona oeste da cidade, a Aldeia Canumã, da etnia Mura, Saterá-Mawé e Kambeba, e a Aldeia São João Batista, da etnia Tupinambá, ambas localizadas no bairro Jorge Texeira, zona Leste de Manaus, também passaram a ter o serviço de água regular.
Ao todo, 5 mil pessoas foram beneficiadas com água encanada.
Tarifa Social
As famílias que vivem em áreas de vulnerabilidade social são cadastradas na Tarifa Manauara, que concede 50% de desconto no valor da fatura.
Melhorou demais, agora a gente tem água no chuveiro, na torneira da pia da nossa casa, e sem contar o comprovante de residência no nosso nome, que também era uma necessidade, conta Anita.
Instalações de redes esgoto
Depois da água encanada, a comunidade Waikiru aguarda agora a instalação de uma rede de esgotamento, que irá coletar todo o esgoto produzido nas residências.
Atualmente, a rede de esgosto na capital atende 26% da população, a meta, segundo a Águas de Manaus, é fechar o ano de 2023 em 30%.
A Águas de Manaus irá detalhar, ainda neste ano, o plano de expansão do serviço de esgotamento sanitário, que vai garantir a universalização do serviço de esgoto na cidade. Estão previstas uma série de obras, como implantação e ampliação de ETEs e redes coletoras em todas as zonas da cidade, destacou a concessionária.
O bairro Redenção está dentro do cronograma de obras do plano de expansão do serviço. A previsão é que a estrutura comece a chegar na região no próximo ano.
Com isto, nos próximos cinco anos, os moradores serão beneficiados com melhoria na qualidade de vida, saúde e na recuperação dos recursos hídricos.
Ainda segundo a Águas de Manaus, em 2025, a cobertura na cidade deve chegar a 45%, e, em 2033, à universalização do sistema, com 90% de cobertura.
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