Geral

Câncer de Mama: veja como tratamento afeta fertilidade e pode adiar o sonho da maternidade

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

19/10/2023 por Redação

Médico explica que quimioterapia afeta a fertilidade, fazendo com que os ovários percam a função. Ministério da Saúde estima 73.610 casos novos de câncer de mama no Brasil em 2023. Câncer de mama afeta a fertilidade e pode dificultar a amamentação
Acervo
A maternidade continua sendo um desafio para a maior parte das mulheres. Por isso muitas refletem algum tempo para decidir se querem ser mães, como vão conciliar a carreira com a maternidade, desafios de criar um filho e muito mais.
Mas para outras mulheres abrir mão de ser mãe, mesmo que temporariamente, significa sobreviver. Tempo e agilidade são fundamentais para o sucesso no tratamento de mulheres diagnosticadas com câncer de mama.
E com o diagnóstico de mulheres cada vez mais jovens a maternidade é uma decisão que fica em segundo plano.
Segundo o Ministério da Saúde o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos.
Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
O Outubro Rosa é celebrado no Brasil e no exterior com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença.
Diagnóstico e Possibilidades
O oncologista do Centro Oncológico de Mogi das Cruzes, Rafael Zapata, explica que a quimioterapia afeta muito a fertilidade, fazendo com que os ovários percam a função.
“Cada vez mais jovens diagnosticadas com o câncer de mama. Com certa frequência a gente pega pacientes que querem engravidar. E conversa sobre métodos de preservação de óvulos. Ideal é que paciente jovem que deseja engravidar faça essa preservação de óvulos antes de começar a quimio.”
Zapata destaca que uma alternativa para a paciente é o uso de medicação durante o tratamento para diminuir a chance de infertilidade. “Tem alguns remédios que não são 100% eficazes, mas podem aumentar a chance da mulher de engravidar depois do tratamento.”
Outra alternativa é o congelamento de óvulos que tem cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). “Mas são poucos centros especializados e é uma maneira da paciente ter gravidez depois do tratamento. Mas tudo é questão de tempo e agilidade. Caso contrário precisa pesar o risco benefício em relação a preservação de óvulos.”
Quando Engravidar
A realização do sonho de ser mãe pode demorar um pouco para as pacientes com câncer de mama. Isso porque o tratamento é longo. Zapata estima que ele pode durar de cinco a 10 anos, dependendo do caso.
Por isso, a gravidez precisa ser planejada com cuidado sempre com a orientação do médico. “Ideal é acabar todo o tratamento antes de engravidar. O tratamento tem a fase da cirurgia, da quimio e do remédio. A gente entende que muitas desejam engravidar antes. Mínimo de dois anos de remédio e ficar no mínimo três meses sem medicação para poder engravidar. Engravida, amamenta e depois volta para a medicação para terminar o tratamento. Mas se puder tomar direto sem pausas seria melhor”, avalia Zapata.
Durante o tratamento
O médico destaca a importância do uso de um método anticoncepcional durante o tratamento. “O ideal é usar um método que não tenha hormônio. Alternativa é preservativo e DIU. Anticoncepcional com hormônio na maioria dos casos de tumor de mama pode aumentar chance de recidiva. Portanto, orientamos métodos sem hormônio.”
Amamentação
Rafael Zapata afirma que pacientes que passaram por mastectomia não conseguem amamentar. Mas é possível que em casos de cirurgia parcial da mama a paciente consiga amamentar após o tratamento todo. “Mas pode ter dificuldade de produção de leite e seja dolorido. Mas não é uma regra.”
O médico defende que o diálogo entre médico e paciente seja sempre aberto. Especialmente em jovens pacientes.
“Durante o tratamento é comum a paciente ficar sem menstruar, mas depois que acaba o tratamento se for jovem pode retomar a função ovariana. O ideal é ver o tempo adequado de gravidez.”
Falta de Tempo
Beatriz Aparecida Saty Costa Shimakura de 34 anos recebeu o diagnóstico de câncer de mama no segundo semestre de 2021. Mas o tempo de espera para o congelamento de óvulos não permitiu que ela fizesse o procedimento antes de começar o tratamento.
Beatriz descobriu câncer de mama e não conseguiu fazer o congelamento por conta da demora no procedimento pelo SUS e pelo preço alto no particular
Beatriz Saty/Arquivo Pessoal
Ela conta que foi ao Hospital da Mulher, mas como era final de ano o setor que cuida do congelamento estava em recesso e a orientaram a retornar em janeiro de 2022. “Mas infelizmente a fila de espera era muito grande e eu não iria conciliar com o tratamento na época. Fui atrás nas redes particulares para saber dos valores e de todo o procedimento, mas quando me deparei fiquei assustada. Fiz cotação em dois lugares e era surreal mesmo.”
Beatriz continua em tratamento agora com uma metástase no fígado descoberta em 2022. Embora não tenha filhos biológicos, a maternidade faz parte da vida e dos sonhos de Beatriz.
“Não tenho filhos biológicos, mas tenho do coração que são os meus sobrinhos e sobrinhas que enchem meu coração de amor. No meu caso há a possibilidade de ser mãe pela adoção.”
Assista a mais notícias

Link curto:

TÓPICOS:
G1

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE

MAIS NOTÍCIAS DO RASTRO101
menu