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Mancha de poluição no Rio Tietê chega a 160 quilômetros, aponta levantamento da SOS Mata Atlântica

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

19/09/2023 por Redação

Aumento de 27,7% é maior que em 2022, quando o trecho poluído no rio era de 122 quilômetros, segundo o relatório da fundação divulgado nesta terça-feira (19). Relatório da Fundação SOS Mata Atlântica foi divulgado nesta terça-feira (19)
Thiago Ariosi/TV TEM
A mancha de poluição no Rio Tietê cresceu nos últimos 12 meses e agora se estende por 160 quilômetros. O número é maior que em 2022, quando atingiu 122 quilômetros, segundo o relatório da Fundação SOS Mata Atlântica divulgado nesta terça-feira (19).
A poluição tornou a água imprópria em três trechos do rio Tietê, que totalizam os 160 km de extensão, representando 27,7% dos 576 quilômetros monitorados. O levantamento foi feito entre a nascente do rio, em Salesópolis, até o município de Barra Bonita (SP), na jusante da eclusa, na hidrovia Tietê-Paraná. Ao todo, o Tietê tem 1.100 quilômetros de extensão, e sua foz é no Rio Paraná, em Itapura (SP).
A região de Itaquaquecetuba está entre os pontos que registraram piora na qualidade da água. Essa mesma condição foi observada em outros cinco pontos localizados na capital, em afluentes na bacia do Alto Tietê: um no córrego São José, um no córrego Jacu e três pontos no rio Pinheiros.
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As águas impróprias para usos múltiplos estão contidas em 127 km com qualidade ruim e 33 km com qualidade péssima. Quatro quilômetros não foram monitorados.
Qualidade da água nos trechos do rio Tietê
Reprodução/Fundação SOS Mata Atlântica
Já a qualidade de água boa se estende da nascente do Tietê, em Salesópolis (SP), até Mogi das Cruzes, por 61 km do rio, e em outros 58 km na região do Reservatório de Barra Bonita, em Botucatu (SP), entre os pontos de São Manoel e da foz do rio Piracicaba.
A maior parte do trecho pesquisado do rio tem condição regular, com 293 km, divididos em quatro partes ao longo das bacias do Alto e Médio Tietê. Em nenhum ponto, segundo a SOS Mata Atlântica, foi identificada condição ótima da água.
O relatório do Índice de Qualidade de Água (IQA) foi feito com dados apurados entre setembro de 2022 e agosto de 2023, com amostras coletadas em 59 pontos de 34 rios da bacia do Tietê, em 28 cidades. 33 pontos de coletas ficam no próprio Tietê. Confira os dados divulgados no relatório:
O monitoramento contou com a ajuda de grupos voluntários e integrantes do programa Observando os Rios, coletas feitas pela equipe técnica da Fundação SOS Mata Atlântica e, como complemento, dados oficiais produzidos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Maior rio paulista, com 1.100 quilômetros da nascente à foz, o Tietê corta o estado de São Paulo de leste a oeste e é dividido em seis unidades de gerenciamento de recursos hídricos (UGRHs), também chamadas de bacias hidrográficas.
A bacia do rio Tietê abrange 365 municípios em uma área de 9.172.066 hectares, com 79% do seu território inseridos no bioma Mata Atlântica, com mais de 7,2 milhões de hectares, e o restante no Cerrado.
Mais de 30 anos de estudo
Relatório sobre o rio tietê é feito há 30 anos pela fundação
Thiago Ariosi/TV TEM
Desde 1993, a Fundação SOS Mata Atlântica monitora a qualidade da água do rio Tietê por meio do programa Observando os Rios, e utiliza o Índice de Qualidade da Água (IQA) para mensurar a mancha de poluição ao longo do rio. Este relatório apresenta a evolução dos indicadores de qualidade da água na bacia hidrográfica do rio Tietê, mais especificamente nos rios monitorados nas regiões hidrográficas do Alto e Médio Tietê.
O trabalho é feito por grupos voluntários integrantes do programa Observando os Rios, em 59 pontos de coleta, distribuídos em 34 rios da bacia do Tietê, sendo 33 pontos ao longo do rio principal e os demais em seus afluentes e envolve 41 grupos de voluntários, em 28 municípios, sendo 18 desses pontos na capital paulista.
Este trecho analisado representa 102 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba, que representam 50% da bacia de drenagem do rio.
Histórico de sujeira e poluição
Mar de espuma tóxica cobre leito do Rio Tietê em trecho entre Itu e Salto
Junior Camargo/Arquivo pessoal
Nos últimos anos, o trecho do Rio Tietê em Salto (SP) foi cenário do descaso com o meio ambiente. Registros de muito lixo e espuma tóxica foram feitos no local escolhido para ser uma homenagem ao afluente, o Memorial do Rio Tietê.
Segundo as autoridades locais, o lixo e a espuma no local são resultado do acúmulo de poluição carregada da Grande São Paulo, principalmente quando há período de chuva intensa.
O mais recente foi há pouco mais de duas semanas, quando um morador registrou a espuma tóxica no local. Em julho, o trecho foi coberto por um mar de espuma tóxica após a paisagem no local permanecer a mesma por pelo menos seis dias.
A situação é algo recorrente no trecho. A espuma tóxica é causada pelos produtos químicos despejados no Rio Tietê sem o devido tratamento, provenientes de empresas e residências da região.
De acordo com entidades que monitoram o Rio Tietê, pelo menos 70 toneladas de poluentes são despejadas diariamente no rio sem tratamento adequado.
Imagem de drone mostra mar de espuma tóxica que cobriu leito do Rio Tietê em Salto
Peixes mortos
Em setembro de 2021, foram retiradas mais de sete toneladas de peixes mortos de um dos afluentes do Rio Tietê, o Ribeirão Guaraú, na cidade.
Equipes terminam limpeza de afluente do Rio Tietê e recolhem mais de 7 toneladas de peixes mortos
Gilberto Esquerdo/Arquivo pessoal
Na época, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente confirmou que os peixes migraram para o córrego após ter faltado oxigênio no Rio Tietê, que ficou com a água escura por conta da abertura de duas barragens em Pirapora do Bom Jesus, no mês anterior.
Com a chuva, as barragens de geração de energia precisaram ser abertas para evitar inundações e a lama que fica represada no local desceu.
Água do Rio Tietê fica escura em trecho que passa por Salto
Gilberto Esquerdo/ Arquivo Pessoal
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