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A cada 100 alunos em Ribeirão Preto, 33 sabem matemática de acordo com a série matriculada, diz USP

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

17/09/2023 por Redação

Dados de 2019, antes da pandemia, revelam queda de 14% em relação a levantamento feito em 2017. Prefeitura aumentou tempo de aulas e reforçou conteúdos nos últimos anos. Estudo da USP mostra queda no nível de aprendizagem em Ribeirão Preto, SP
Aos 9 anos, o estudante Leonardo Vinicius Santillo Cesário tem dificuldades de fazer contas simples de matemática. Aluno da 3ª série do ensino fundamental em uma escola pública de Ribeirão Preto (SP), diz que o problema está na falta de concentração.
“A gente faz continha de mais, de menos e de vezes. Só que de vezes eu não sei, só faço as outras duas. Eu não consigo prestar atenção”.
Preocupada, a mãe de Leonardo tenta ajudá-lo com as lições, mas ela esbarra na baixa escolaridade.
“Ele chega nervoso porque ele não consegue fazer a matemática direito, tem conta dividido, raiz, essas coisas. E eu não tenho como ensinar ele porque eu não tive estudo”, diz Elaine Cristina Santillo.
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Aula de matemática na rede municipal de ensino em Ribeirão Preto
Valdinei Malaguti/EPTV
Menos alunos sabem matemática
As dificuldades encontradas por Leonardo na escola foram observadas em uma análise feita pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP). A avaliação sobre o desempenho das escolas públicas da cidade mostra que o nível de aprendizagem caiu e os dados envolvendo matemática são os mais críticos.
Em 2017, 57% dos estudantes tinham o conhecimento esperado para a série que estavam matriculados. Mas, em 2019, um ano antes da pandemia de coronavírus, o índice caiu para 33%. Ou seja, a cada 100 alunos, 67 sabiam menos do que deveriam envolvendo a matemática.
“Tendo dificuldades já nos anos iniciais, a criança não consegue ter um sucesso escolar nos anos finais e muito menos no ensino médio. A consequência disso é que nós perdemos muitas vezes os estudantes para aquele grupo chamado de “nem nem”, que nem estuda e nem trabalha. À medida em que o aluno não vai tendo sucesso escolar esperado, ele começa a perder a confiança nele, começa a perder o interesse pela escola e o caminho muitas vezes, infelizmente, é abandonar a escola”, diz Mozart Neves Ramos, pesquisador e diretor da Cátedra.
Lição de matemática na rede municipal de ensino em Ribeirão Preto
Valdinei Malaguti/EPTV
Para reverter a situação, a secretaria municipal da educação recebeu recomendações, entre elas garantir materiais didáticos e jogos, para tornar o ensino mais lúdico, e colocar mais professores em sala de aula.
“Nós aumentamos o tempo de aula, então temos mais aulas de matemática. Temos dois professores de matemática nos anos finais, temos dois pedagogos nos anos finais, compramos materiais pedagógicos específicos para matemática e também temos feito a formação dos professores para que os professores saibam ensinar ainda mais e melhor a matemática”, afirma o secretário municipal de Educação, Felipe Elias Miguel.
Impactos
De acordo com o pesquisador, o cenário em sala de aula tem consequências fora dela e por muito tempo. melhorar o nível de aprendizagem no presente significa um futuro melhor e mais oportunidades para as crianças e os adolescentes, sem falar em uma economia mais forte para a cidade.
“Quanto maior a escolaridade e se essa escolaridade for acompanhada de qualidade - o que é qualidade? que o aluno esteja aprendendo, terminando a sua vida escolar na idade certa aos 17 anos, e a partir disso, ele possa escolher ou fazer uma atividade laboral se ele tiver uma formação técnica para isso, ou ingressar no ensino superior - então, à medida que esse progresso escolar vai se efetivando, o PIB per capita vai melhorando. Pensar na educação é pensar também em renda, equidade, oportunidades para todas as pessoas”, afirma Mozart.
Jogos e brinquedos para ajudar crianças a aprender matemática de forma lúdica em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
A evolução da aprendizagem depende também de outras ações, como o preparo de professores, investir em uma comunicação clara entre o poder público e as escolas e tornar a gestão mais profissional.
“É importante ouvir a universidade, ouvir os pais, os professores e também ouvir os alunos para que as nossas escolas sejam ainda melhores”, diz o secretário.
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