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Cientistas de Campinas mapeiam danos do vírus mayaro em tecidos pela primeira vez em 3D; VÍDEO

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

17/09/2023 por Redação

Primo do chikungunya é endêmico na região Amazônica, e infecção pode causar dor e inchaço intensos nos músculos e articulações. Imagens foram obtidas por meio do acelerador de partículas UVX. Com ajuda de acelerador de partículas, cientisas mapeiam músculos, ligamentos e articulações em roedores
Cientistas de Campinas (SP) conseguiram, pela primeira vez, mapear em 3D os danos causados pelo vírus mayaro em músculos, ligamentos e articulações. As imagens foram obtidas por meio do acelerador de partículas UVX, estrutura que antecedeu o Sirius, superlaboratório de luz síncrotron de 4ª geração.
🦟 “Primo” do chikungunya, o mayaro é endêmico na região Amazônica e transmitido pelos mosquitos do gênero Haemagogus, que também é conhecido por propagar a febre amarela silvestre. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas incluem dor e inchaço intensos nos músculos e articulações (veja mais abaixo).
🔬 Como foi feito o experimento? Segundo a bióloga Ana Carolina de Carvalho, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), não era possível medir precisamente o volume de um inchaço com tecnologias comuns. Com isso, surgiu a ideia de usar o acelerador de partículas.
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“Foi aí que a gente conseguiu obter o principal resultado do estudo, que é essa imagem tridimensional, onde a gente consegue separar cada um dos tecidos da pata desse camundongo. A gente sabe o que é tendão, o que é músculo, o que é osso, e então consegue encontrar e medir efetivamente onde está o edema”, explica.
Evolução de inflamação causada pelo vírus mayaro em patas de camundongos durante três dias
CNPEM
🐀 O que foi observado? A pesquisa foi feita em camundongos geneticamente modificados para serem menos resistentes à infecção. Durante quatro dias, os cientistas viram as patas traseiras dos animais inflamarem a ponto de dobrarem de tamanho. O vírus também se espalhou por outras partes do corpo, como baço e fígado.
“A gente observa também como está o soro desse animal, o sangue dele, o baço, o fígado, e às vezes como está o cérebro. A gente faz um olhar bem holístico para esse animal porque ele, apesar de ser bastante distante do ser humano, é o primeiro modelo que vai sugerir para a gente em que partes do corpo essa infecção está causando alguma coisa”, detalha a pesquisadora.
👩‍🔬 Quais são os próximos passos? Segundo Carvalho, o planejamento futuro inclui estudar de que forma o vírus afeta estruturas como a célula humana. “A ideia é a gente conseguir pegar esses modelos estruturais e conseguir fazer com toda a escala, desde o vírus até o animal”.
“Aí a gente consegue responder perguntas como, por exemplo: será que consigo observar a célula enquanto ela está passando por um processo celular? Será que consigo observar a célula enquanto ela está sendo infectada? Será que consigo observar organelas?”, destaca a bióloga.
Imagem da estrutura do vírus Mayaro. Na imagem, a partícula viral está em parte aberta para possibilitar a visualização de todas suas proteínas. Cada uma das proteínas que forma a partícula viral está representada por uma cor (verde, cinza e vermelho). Os açúcares que são ligados as proteínas estão em cor laranja.
CNPEM/MCTI
Estudo anterior
Em 2021, outro grupo de pesquisadores do CNPEM conseguiu pela primeira vez na América Latina explicar uma estrutura viral completa, revelando detalhes inéditos do vírus mayaro.
O trabalho, desenvolvido desde 2017 por uma equipe multidisciplinar com 20 pesquisadores e colaboradores, revelou detalhes da estrutura molecular do vírus, que é aproximadamente 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo.
O trabalho descreveu como o mayaro se organiza e como suas proteínas interagem para atingir esta organização, dado importante para entender o ciclo de replicação e eventuais vulnerabilidades do vírus.
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O vírus mayaro
Segundo o Ministério da Saúde, o mayaro foi isolado pela primeira vez em Trinidad, em 1954. No Brasil, o primeiro surto foi registrado um ano depois, em 1955, às margens do rio Guamá, próximo a Belém (PA).
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Em 2019, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram a presença do vírus no estado do Rio. No mesmo ano, um estudo da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP) localizou a doença no interior paulista.
A transmissão ocorre a partir da picada de mosquitos fêmeas que se alimentaram do sangue de macacos ou humanos infectados. A doença é considerada uma zoonose silvestre e não possui vacina.
Os sintomas da infecção pelo vírus mayaro incluem:
Febre aguda
Dor de cabeça
Dores musculares
Manchas avermelhadas na pele
Dor e/ou inchaço nas articulações
Inflamação no cérebro (em casos graves)
Sintomas de doenças transmitidas por mosquitos
Rodrigo Sanches e Diana Yukari/g1
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